São Paulo, quinta-feira, 22 de agosto de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TRABALHO

Foi o pior semestre desde 1999, quando a desvalorização influenciou

Renda média cai 4,3% no semestre

DA SUCURSAL DO RIO

Em queda contínua desde janeiro de 2001, a renda média do trabalhador fechou o primeiro semestre deste ano com um recuo de 4,3% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Foi a maior retração num primeiro semestre desde 1999, quando o indicador havia recuado 4,1%, influenciado pela desvalorização do real.
Desde janeiro de 2001, a variação acumulada do rendimento caiu 4,4%, de acordo com o IBGE. Em junho, o recuo foi de 0,5% em relação a maio. Na comparação com junho do ano passado, a queda ficou em 3,1%.
Ao explicar a persistente diminuição da renda, a economista Shyrlene Ramos de Souza, do IBGE, disse que os empresários estão demitindo funcionários com salário maior para contratar outros com vencimentos menores.
Esse movimento pode ser percebido, diz ela, pelo fato de o número de novas vagas estar crescendo ao mesmo tempo em que o rendimento vem caindo.
O economista Luís Afonso Lima, do BBV, tem outra explicação. Diz que, com a crise econômica -agravada pela recente disparada do dólar-, as empresas tiveram de comprimir suas margens de lucro.
Por essa razão, não têm tido espaço para reajustar os salários dos funcionários em termos reais (acima da inflação), o que faz a renda média cair.

Quatro mínimos
O rendimento médio do trabalhador ficou em R$ 793,61 -ou cerca de quatro mínimos- em junho, segundo o IBGE.
A única categoria cuja renda cresceu foi a dos empregados sem carteira assinada: as altas foram de 2,1% em relação a junho de 2001 e de 0,6% no semestre.
Esse aumento, afirma Shyrlene Ramos, indica uma ampliação da informalidade na economia.
No caso dos trabalhadores com carteira, houve queda de 3% em junho e de 4,9% nos seis primeiros meses do ano.
Para a pesquisadora do Iets (Instituto de Estudos de Trabalho e Sociedade) Adriana Fontes, o motivo para a renda estar caindo há tanto tempo é a precarização do mercado de trabalho. Ou seja, o aumento do número de contratações sem carteira assinada. Esse é o tipo de emprego, diz ela, que paga sempre os menores salários.
Por setores de atividade, os rendimentos caíram com mais intensidade no comércio (9,5%) e na construção civil (9,6%). Na indústria, a redução foi de 3,5%. Nos serviços, 4,4%.


Texto Anterior: Opinião Econômica - Paulo Nogueira Batista Jr.: O que fazer?
Próximo Texto: Desemprego em SP tem o pior julho desde 98
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.