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TRABALHO
Foi o pior semestre desde 1999, quando a desvalorização influenciou
Renda média cai 4,3% no semestre
DA SUCURSAL DO RIO
Em queda contínua desde janeiro de 2001, a renda média do
trabalhador fechou o primeiro semestre deste ano com um recuo
de 4,3% na comparação com o
mesmo período do ano passado.
Foi a maior retração num primeiro semestre desde 1999, quando o indicador havia recuado
4,1%, influenciado pela desvalorização do real.
Desde janeiro de 2001, a variação acumulada do rendimento
caiu 4,4%, de acordo com o IBGE.
Em junho, o recuo foi de 0,5% em
relação a maio. Na comparação
com junho do ano passado, a queda ficou em 3,1%.
Ao explicar a persistente diminuição da renda, a economista
Shyrlene Ramos de Souza, do IBGE, disse que os empresários estão demitindo funcionários com
salário maior para contratar outros com vencimentos menores.
Esse movimento pode ser percebido, diz ela, pelo fato de o número de novas vagas estar crescendo ao mesmo tempo em que o
rendimento vem caindo.
O economista Luís Afonso Lima, do BBV, tem outra explicação. Diz que, com a crise econômica -agravada pela recente disparada do dólar-, as empresas
tiveram de comprimir suas margens de lucro.
Por essa razão, não têm tido espaço para reajustar os salários dos
funcionários em termos reais
(acima da inflação), o que faz a
renda média cair.
Quatro mínimos
O rendimento médio do trabalhador ficou em R$ 793,61 -ou
cerca de quatro mínimos- em
junho, segundo o IBGE.
A única categoria cuja renda
cresceu foi a dos empregados sem
carteira assinada: as altas foram
de 2,1% em relação a junho de
2001 e de 0,6% no semestre.
Esse aumento, afirma Shyrlene
Ramos, indica uma ampliação da
informalidade na economia.
No caso dos trabalhadores com
carteira, houve queda de 3% em
junho e de 4,9% nos seis primeiros meses do ano.
Para a pesquisadora do Iets
(Instituto de Estudos de Trabalho
e Sociedade) Adriana Fontes, o
motivo para a renda estar caindo
há tanto tempo é a precarização
do mercado de trabalho. Ou seja,
o aumento do número de contratações sem carteira assinada. Esse
é o tipo de emprego, diz ela, que
paga sempre os menores salários.
Por setores de atividade, os rendimentos caíram com mais intensidade no comércio (9,5%) e na construção civil (9,6%). Na indústria, a redução foi de 3,5%. Nos
serviços, 4,4%.
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