São Paulo, quinta-feira, 22 de agosto de 2002

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Trabalhador faz protesto na DaimlerChrysler

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os trabalhadores da DaimlerChrysler (dona da marca Mercedes-Benz) fizeram ontem paralisação de duas horas em São Bernardo do Campo e podem entrar em greve na próxima semana por causa de 656 demissões que a empresa quer fazer. Os cortes fazem parte de um plano de reestruturação anunciado pela montadora para reduzir custos.
A paralisação de ontem atingiu o setor de compras e de atendimento de fornecedores. Cerca de 150 funcionários administrativos fizeram uma passeata interna na fábrica, das 8h às 10h.
Segundo a comissão de fábrica da empresa, na sexta-feira a montadora convocou 656 dos 9.600 empregados informando que seus nomes constavam de uma lista de demissão. São empregados ligados a áreas de apoio à produção e administrativos. "As chefias convocaram nominalmente os empregados dizendo que poderiam aderir a um voluntariado até 31 de agosto ou seriam demitidos a partir de setembro", disse o coordenador da comissão, Valter Sanches. "Não existe nem sequer PDV." A empresa confirmou a paralisação de ontem, mas negou que os trabalhadores estão sendo pressionados a aderir o voluntariado. Segundo a assessoria, os gerentes esclareceram aos operários como será a reestruturação.
A Folha conversou por telefone com dois operários que contaram que foram convidados por seus gerentes a aderirem ao PDV. Eles preferiram não se identificar, pois temem represálias. "Fui chamado porque meu nome estava na lista, mas não detalharam qual foi o critério. Tenho mais de dez anos de empresa, uma filha de seis meses e uma mulher desempregada há mais de um ano", disse A., operador do setor de logística de eixos. "Qual a economia que a empresa vai fazer demitindo quem tem salário de R$ 1.500?", disse L., técnico de manutenção, que disse estar na lista de demissões.
Os funcionários da empresa Rolls-Royce, de São Bernardo, podem parar a partir de hoje. Na última sexta-feira, a fábrica dispensou 27 dos seus 300 empregados. Entre os demitidos estão trabalhadores com estabilidade no emprego. Procurada, a empresa não se manifestou.
A direção da Volkswagen confirmou ontem que vai estender a semana reduzida, com jornada de quatro dias, no mês de setembro para os trabalhadores das unidades de Taubaté e São Bernardo do Campo.


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