São Paulo, quinta-feira, 22 de agosto de 2002

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Nem se "fizer lição" AL terá alívio em 2003, diz agência britânica

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

A América Latina permanecerá como área de alto risco para investidores em 2003 mesmo se forem atendidas as premissas consideradas essenciais pelo mercado, diz a EIU (Economist Intelligence Unit), braço de análises do grupo que edita a ""The Economist".
Em relatório divulgado ontem, a consultoria diz que a razão para o pessimismo são as deficiências estruturais dos países da região. Nesse item, enumera como principais o baixo nível de poupança interna e de arrecadação de impostos, a alta exposição de dívida em dólares e, principalmente, o déficit nas contas dos governos.
O documento aponta que a AL estará diante de sérios desafios nos próximos cinco anos. Em parte porque, afirma a EIU, o cenário internacional continuará incerto em 2003, devido às evidências de que a recuperação da economia dos EUA será lenta e à instabilidade no mercado financeiro -ora agravada pela iminente ação militar no Iraque.
A América Latina, segundo o relatório, ainda precisa financiar cerca de 60% do déficit em conta corrente com dinheiro externo. Mas os investimentos diretos estrangeiros na região (que cobrem o déficit) caem de forma contínua desde 1998. O caso do Brasil é emblemático: a previsão do BC é de US$ 18 bilhões de investimentos para este ano- no ano passado foram US$ 22,636 bilhões.
Em contrapartida, a expansão do Produto Interno Bruto latino-americano não supera a média de 1,2% por ano desde 1998 (já incluída a previsão para este ano).
Os compromissos externos da AL, segundo a EIU, serão da ordem de US$ 80 bilhões por ano pelos próximos cinco anos. Como os investimentos estrangeiros diretos não ultrapassarão a média de US$ 50 bilhões por ano, os governos serão obrigados a contrair ""substancial quantidade de dívida nova" para cobrir seus déficits.
A relação dívida externa-PIB da América Latina, de acordo com o organismo, ficará acima de 40% no período 2003-2006, contra a média de 28% dos países emergentes da Ásia e 25% do Leste Europeu. Por conta disso, países como o Brasil e a ""problemática" Argentina serão forçados a obter superávits nas exportações para pagar os juros de suas dívidas.
Curioso é que a agência informa que as previsões partem do pressuposto de que serão confirmados ""eventos chaves" -entre eles, o fechamento de um acordo Argentina-FMI e que o presidente a ser eleito no Brasil ""adote uma política econômica ortodoxa".


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