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Investimento direto se recupera
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de sofrer forte queda ao
longo do primeiro semestre, os
investimentos estrangeiros diretos recebidos pelo Brasil se recuperaram no mês passado, segundo dados do Banco Central. Em
julho, o ingresso de capital externo totalizou US$ 1,247 bilhão, o
maior resultado deste ano.
O governo atribui o saldo positivo a um aumento da confiança
dos estrangeiros no Brasil.
Mas analistas de bancos dizem
que a recuperação nos investimentos reflete em parte o aumento das chamadas operações de
conversão de dívida, em que débitos são transformados contabilmente em investimentos, sem que
haja uma maior entrada de capital
no país. Dos US$ 4,747 bilhões recebidos entre janeiro e julho, US$
1,164 bilhão -ou 24,5% do total- se referem a conversões.
Em junho, o país havia recebido
apenas US$ 186 milhões em investimentos estrangeiros. Portanto,
de um mês para o outro, o saldo
de entrada de capital estrangeiro
no país deu um pulo de 570,4%.
Mesmo com o resultado de julho, o acumulado nos sete primeiros meses deste ano, porém, continua bem abaixo do registrado
no mesmo período do ano passado. Os US$ 4,747 bilhões deste
ano equivalem a menos da metade dos US$ 10,547 bilhões observados nos primeiros sete meses
de 2002. De qualquer maneira, o
desempenho de julho ajudou a diminuir essa diferença -nos primeiros seis meses de 2003, comparados ao mesmo período de
2002, a queda havia sido de 63%.
O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, disse que não se deve
esperar que o Brasil volte a registrar ingressos muito fortes de capital externo. "O resultado ainda é
baixo quando comparado a períodos anteriores, mas precisamos considerar que não temos
mais privatizações", afirmou.
Desestatização
Em 2000, por exemplo, o Brasil
recebeu US$ 33,4 bilhões em investimento estrangeiro direto.
Desse total, US$ 7 bilhões se referem ao dinheiro colhido com o
programa de desestatização.
Além disso, nos últimos anos os
estrangeiros investiram muitos
dólares para modernizar as empresas recém-privatizadas. "Isso
já não está mais acontecendo",
disse Lopes.
Por outro lado, segundo ele, a
expectativa é que o fluxo de capital externo para o Brasil no segundo semestre fique um pouco acima do registrado até agora. "A
queda no ingresso de investimento estrangeiro direto no início do
ano reflete as decisões tomadas
pelas empresas no final do ano
passado, quando tínhamos uma
volatilidade muito alta", afirmou.
Ou seja, a desconfiança dos investidores em relação ao Brasil no
final de 2002 teria feito com que
muitas multinacionais cancelassem seus planos no país, o que se
refletiu em uma menor entrada
de dólares no primeiro semestre
deste ano.
Segundo dados parciais registrados até ontem, o total de investimento estrangeiro direto recebido pelo país neste mês estava em
US$ 700 milhões. Lopes disse que
esse valor deve chegar a US$ 1,1
bilhão até o final de agosto.
Revisões
Desde o início do ano, o Banco
Central refez, por várias vezes,
suas projeções relativas ao ingresso de investimento estrangeiro
para 2003.
Em janeiro, contava-se com um
fluxo positivo de US$ 16 bilhões
-próximo dos US$ 16,6 bilhões
de 2002. Para que essa estimativa
se concretizasse, o Brasil precisaria receber cerca de US$ 1,3 bilhão
por mês em capital externo.
No primeiro semestre, porém, a
média foi de US$ 583 milhões.
Diante desses fracos resultados, a
projeção do BC foi modificada
para US$ 15 bilhões e depois para
US$ 13 bilhões. A estimativa mais
recente, feita em junho, ficou em
US$ 10 bilhões.
Essa é a estimativa oficial. Entre
analistas, porém, a conversa é diferente. A expectativa de cem
bancos e instituições financeiras,
apurada pelo boletim Focus no
último dia 15, do BC, era de ingresso de capital estrangeiro de
apenas US$ 8,3 bilhões em 2003.
Há um mês, a mesma pesquisa indicava perspectiva de entrada de
US$ 9 bilhões.
O investimento direto estrangeiro é uma das fontes utilizadas
para financiar as contas externas,
que contabilizam todos os dólares
que entram e saem do país.
Normalmente, ele é utilizado no
setor produtivo e se difere do capital especulativo -que entra no
país aplicado em papéis do mercado financeiro, atrelados ao
câmbio ou às taxas de juros-,
muito mais volátil.
Com a Redação
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