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RENOVAÇÃO
Especialistas afirmam que situação do país melhorou, mas que um novo acordo com Fundo poderia ser benéfico
Economistas defendem negociar com FMI
ADRIANA MATTOS
JOSÉ ALAN DIAS
ENVIADOS ESPECIAIS A CAMPOS DO JORDÃO
A economia brasileira começa a
dar sinais de recuperação, mas,
ainda assim, o governo deveria
cogitar a renovação do acordo
com o Fundo Monetário Internacional, segundo a opinião de economistas presentes a um congresso sobre mercado financeiro, ontem, em Campos do Jordão (SP).
Em momentos distintos, a retomada da economia foi citada pelo
ex-diretor do FMI Stanley Fischer
e por dois dos principais economistas brasileiros: Affonso Celso
Pastore, ex-presidente do BC, e
José Alexandre Scheinkman, professor da Universidade Princeton
(EUA).
Entre os três, só Fischer não quis
falar sobre eventuais renegociações com o FMI. Mas partiu dele
os maiores elogios à condução
das políticas monetária e fiscal.
Fischer afirmou que o país superou a crise deflagrada em 2002
durante o processo eleitoral, que
obrigou a recorrer ao FMI. "Vemos que o Brasil agora está em
uma trajetória correta, que permite a redução da inflação e o
crescimento sustentado."
O ex-vice-diretor-gerente do
FMI argumentou que a existência
de um sistema financeiro sofisticado (e a adoção de políticas austeras) permitiram ao Brasil atravessar os períodos de crise da última sem sofrer os mesmos efeitos
recessivos que outros países. "Estou dando meus parabéns ao Brasil pelo que fez com o socorro [dinheiro] do FMI."
Scheinkman sustentou que, em
decorrência da política fiscal austera, que, segundo ele, estabeleceu
prerrogativas para uma política
monetária menos restritiva, a economia entrará no curto prazo
"em uma fase muito favorável".
"O problema do Brasil não é esse [retomar o crescimento], mas
mudar o patamar de expansão. O
país teria de conviver com crescimento de 2% em momentos de
crise e de 5% em períodos normais. Hoje, porém, quando há
crise, o crescimento é zero e,
quando está tudo bem, no máximo crescemos 2%", disse.
Pastore disse que a economia
crescerá "fortemente" no último
trimestre do ano, em virtude da
retomada do consumo. A expansão da indústria não ocorreria de
forma imediata, porque o setor
acusa de forma mais lenta efeitos
do aumento da demanda.
Mesmo com divergências quanto a necessidade de novos recursos do FMI, tanto Pastore quanto
Scheinkman disseram que o governo deveria considerar seriamente a hipótese.
Pastore disse que em 2004 o país
precisará cumprir meta de superávit primário (receitas menos
despesas, excluindo-se o pagamento de juros) de 4,25% do PIB,
se pretende reduzir a relação dívida/PIB e diminuir o risco-país.
Lembrou ainda que o governo terá que cumprir a meta de inflação
de 5,5%, para assegurar a credibilidade do regime de metas.
"Se temos que cumprir tudo isso, melhor que seja com o Fundo.
O país ficará menos exposto à instabilidade internacional", afirmou. "Caso ocorra um sinalzinho
de recuperação de economia dos
EUA, o Fed [BC americano] aumenta os juros e afeta o fluxo de
capitais para o Brasil."
Scheinkman preferiu outro caminho. "O Brasil não está em desespero como em outras ocasiões.
Não haverá uma crise cambial se
não tiver acordo. Vamos fazer se
for bom para nós." O "bom" significa o governo obter concessões
para poder investir mais.
Mas Scheinkman também ponderou: "O dinheiro do Fundo pode ser muito útil. Sem contar que
os juros são mais baixos que no
mercado internacional".
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