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Leilão brasileiro é transparente, diz Noruega
VALDO CRUZ
ENVIADO ESPECIAL A OSLO
A petroleira norueguesa Statoil considera o sistema brasileiro de escolha das empresas
que exploram campos de petróleo, por meio de leilão, mais
transparente que o de seu país.
Evita, porém, fazer comparações entre os dois modelos e
defende rapidez na definição
das novas regras no Brasil.
Vice-presidente da Statoil,
Rolf Magne Larsen disse ontem
que os leilões brasileiros são
"transparentes", com as propostas abertas publicamente.
Disse, porém, ser "impossível
comparar" com a Noruega, onde não há licitação e a palavra
final é do governo.
Buscando evitar polêmica,
Larsen disse, ao ser indagado
qual preferia, que a Statoil
"convive muito bem com o sistema daqui e com o do Brasil".
Para a petroleira norueguesa,
o importante é garantir previsibilidade, com uma definição rápida do novo modelo, evitando
incertezas como as que ocorrem em outros países.
Afirmando que cada país deve escolher o melhor para seus
interesses, o vice-presidente da
Statoil no Brasil, Harald Eliassen, disse que o ideal é o governo brasileiro definir "rapidamente as novas regras, dando
previsibilidade" ao mercado.
Ele disse acreditar que o novo modelo brasileiro de exploração do petróleo, a ser escolhido pelo governo, "será um sistema capaz de atrair investidores internacionais".
Segundo Eliassen, não faz
parte da política da empresa
tentar influenciar diretamente
o governo, lembrando, porém,
que a Statoil discute suas idéias
no Brasil no IBP (Instituto Brasileiro do Petróleo), que representa as petroleiras.
O IBP divulgou documento
pela manutenção das regras
atuais, de concessões das áreas
de petróleo, com elevação do
percentual pago de impostos.
Interesse no pré-sal
A estatal norueguesa, que
tem participação de capital privado, a exemplo da Petrobras,
tem interesse em disputar a exploração do petróleo descoberto no pré-sal, que levou o Palácio do Planalto a decidir alterar
o modelo brasileiro no setor.
Atualmente, a Statoil é a
quarta maior petroleira no Brasil em áreas de exploração. Tem
controle total sobre o campo
Peregrino, na bacia de Campos,
que entrará em operação no final de 2010 extraindo 100 mil
barris por dia.
O óleo desse campo deve ser
totalmente exportado para o
golfo do México. Nele, a empresa norueguesa monta suas instalações com 35% de equipamentos fabricados no Brasil.
No futuro, a intenção da empresa, numa forma de aumentar a possibilidade de ganhar
novas áreas, é subir a nacionalização de suas estruturas para
até 65%. Medida que, com certeza, agrada ao Palácio do Planalto, que, na definição do novo
modelo, quer incentivar a indústria naval no país.
No momento, a empresa encontra dificuldades, segundo
disse Eliassen, por conta de
preços elevados. Recentemente, a Statoil abriu concorrência
no Brasil para adquirir estruturas para plataformas, mas o valor apresentado era duas vezes
maior do que os internacionais.
A petroleira procurou saber
os motivos do preço elevado e
alertou a candidata, na tentativa de que na próxima concorrência ela possa oferecer uma
proposta competitiva.
O jornalista VALDO CRUZ viajou a convite
do governo da Noruega.
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