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VEÍCULOS
Revelação de Demel foi feita em entrevista a jornal alemão; empresa não comenta e sindicalista critica
Presidente da Volks prevê demissões
FÁBIA PRATES
em São Paulo
O presidente da Volkswagen no
Brasil, Herbert Demel, disse em
entrevista ao jornal alemão
"Frankfurter Allgemeine Zeitung" que a empresa vai reduzir o
número de funcionários de 26,4
mil para 24,4 mil até o final do
próximo ano.
A montadora estaria trabalhando com excedente de 3.500 empregados. Dos 2.000 demitidos,
metade deixaria a empresa ainda
este ano e a outra metade no ano
que vem.
"A redução de pessoal será feita
de maneira gradual. A empresa
precisa negociar com o forte sindicato do setor", disse.
A assessoria de imprensa da
montadora não quis comentar a
entrevista de Demel, que ontem
continuava viajando para a Alemanha.
O presidente do Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC, Luiz Marinho, considerou "uma irresponsabilidade" a declaração do executivo ao jornal alemão.
"Não é a primeira vez que ele faz
isso. Desse jeito só cria confusão",
disse o sindicalista.
A revolta de Marinho se deve ao
fato de o sindicato ter assinado
em dezembro do ano passado um
acordo com a montadora que garante o nível de emprego até 2003.
Por ocasião do acordo, a Volkswagen ameaçava demitir 7.500
funcionários.
Para evitar demissão em massa,
o sindicato aceitou reduzir os salários em 15%, e em contrapartida
a montadora passou a adotar semana de quatro dias durante três
semanas por mês.
Na ocasião, Marinho definiu o
acordo como "uma opção difícil,
mas uma saída sensata e responsável diante do dramático quadro
econômico imposto do país".
É exatamente por causa desse
acordo que Marinho criticou a
declaração de Demel. Os termos
acordados entre trabalhadores e
montadoras previa a saída apenas
voluntária, com preferência para
os aposentados a partir de dezembro deste ano.
Naquela ocasião, 3.000 funcionários da empresa já eram aposentados por tempo de serviço ou
já tinham conquistado o direito à
aposentadoria.
A idéia era desligar aqueles que
tivessem completado 36 meses
após a obtenção da aposentadoria. Os cálculos de Marinho em
dezembro de 98 eram de que
1.300 funcionários se enquadrassem nessas condições após dezembro próximo.
Tanto a assessoria de imprensa
da montadora quanto o presidente do sindicato do ABC disseram
acreditar que Demel estivesse falando dessa parcela de empregados que se enquadram nas condições de desligamento impostos
pelo acordo, mas a reportagem do
jornal alemão não especifica se foi
mesmo isso.
De acordo com o jornal, o espaço das unidades de Taubaté e Anchieta, em São Paulo, serão reduzidas em um terço, sem dar maiores detalhes.
Na entrevista, Demel diz também que as perspectivas no Brasil
para os próximos três anos não
são as melhores. "As perspectivas
ainda são uma grande pergunta
para a reestruturação", diz.
Apesar de afirmar ao jornal que
a indústria automotiva está em
baixa no Brasil, o executivo acredita que a situação vai melhorar e
ficará bem.
Líder no país, a Volkswagen
vendeu no mês passado 31.830
veículos. Apesar de ter registrado
incremento de 12,93% sobre o resultado do mês anterior, as vendas de agosto foram 19,14% inferiores às do mesmo mês do ano
passado.
De janeiro a agosto deste ano, as
vendas caíram 14,29% na comparação com o mesmo período de
99, segundo dados da Anfavea.
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