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OPEP
Depois de valorizar 117% desde janeiro, preço do petróleo caiu para US$ 22,70
Petróleo cai com reunião da Opep
CÁTIA LASSALVIA
da Redação
A Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) deve aprovar hoje a manutenção das
cotas individuais de produção e
comercialização do petróleo.
As cotas são responsáveis por
uma valorização de 117% nos preços do produto, desde janeiro.
Ontem o petróleo registrou
queda de 7,20% em relação ao dia
anterior, tendo sido cotado a US$
22,70 o barril.
O preço pode ter caído como
consequência da reunião entre
membros da Opep, que acontece
hoje em Viena, na Áustria.
Vários países declararam durante a semana que votarão favoravelmente à manutenção das cotas nacionais até abril de 2000.
O mecanismo regula a oferta de
petróleo em níveis baixos, mantendo seus preços elevados.
"Não estamos esperando mudanças de direção na reunião",
afirmou Ali Rodriguez, ministro
da Energia da Venezuela.
A Opep reúne 11 países, responsáveis por 40% da produção
mundial e 60% das exportações
globais de petróleo. O controle de
produção tem permitido a retomada dos preços do produto, que
chegou a um dos patamares mais
baixos - menos de US$ 10 o barril - em dezembro de 98.
Em março deste ano, os membros da Opep e outros países exportadores de petróleo decidiram
enxugar a produção em 5 milhões
de barris por dia, o equivalente a
7% da produção global, em relação aos dados de fevereiro de 98.
Elevação dos preços
Com a oferta menor do que a
demanda, os países conseguiram
elevar os preços do produto. O
barril de petróleo chegou a custar
quase US$ 25 em Nova York, nas
últimas semanas.
"Devemos manter a produção
sob controle para compensar
nossas perdas", afirmou o ministro líbio Abdullah al-Badri, ao
chegar em Viena.
Alguns analistas acreditam que
os preços do petróleo podem vir a
crescer mais do que o desejado.
Eles apostam que ocorrerá um
desequilíbrio entre a oferta e a
procura quando iniciar o inverno
no Hemisfério Norte.
"A estabilidade dos preços requer que continuemos o acordo
sobre as cotas até 2.000", afirmou
Ali Naimi, ministro da Energia da
Arábia Saudita, um dos maiores
produtores mundiais.
A Venezuela, único representante sul-americano na Opep, deve apresentar a proposta de fixar
uma banda de preços, com limites
máximo e mínimo.
A valorização do petróleo nos
últimos meses tem aumentado a
coesão e o poder da Opep. "A
queda de preços iniciada em novembro de 97, que levou o barril a
menos de US$ 10 no início de 99,
prova o que pode gerar a ausência
de coesão", afirma Hatem Sadani,
especialista egípcio em energia.
"É difícil prever o efeito imediato dos preços internacionais do
petróleo no custo de vida", afirma
Alcinei Cardoso Rodrigues, técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
Segundo ele, se o preço aumentar poderá haver uma tendência
de efeitos primários (aumento
dos combustíveis) ou de efeitos
indiretos (repercussão sobre vários setores industriais).
" O repasse não é automático e
nem simétrico dentro do país. Isso depende de quanto o governo
absorve em relação à variação dos
preços", afirma Rodrigues.
Para a ANP (Agência Nacional
do Petróleo), essa preocupação
será menor no futuro.
A entidade fez um levantamento sobre os investimentos estrangeiros no setor e as parcerias fechadas pela Petrobras.
Sua conclusão foi que em 2004 o
Brasil será auto-suficiente e não
dependerá do mercado internacional.
"O preço do barril de petróleo
subiu além do normal, devido à
pressão dos produtores. Acredito
que ele chegará em dezembro
custando no máximo US$ 21,50",
afirma Luiz Horta Nogueira, diretor da ANP.
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