São Paulo, Quarta-feira, 22 de Setembro de 1999
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OPEP
Depois de valorizar 117% desde janeiro, preço do petróleo caiu para US$ 22,70
Petróleo cai com reunião da Opep

CÁTIA LASSALVIA
da Redação

A Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) deve aprovar hoje a manutenção das cotas individuais de produção e comercialização do petróleo.
As cotas são responsáveis por uma valorização de 117% nos preços do produto, desde janeiro.
Ontem o petróleo registrou queda de 7,20% em relação ao dia anterior, tendo sido cotado a US$ 22,70 o barril.
O preço pode ter caído como consequência da reunião entre membros da Opep, que acontece hoje em Viena, na Áustria.
Vários países declararam durante a semana que votarão favoravelmente à manutenção das cotas nacionais até abril de 2000.
O mecanismo regula a oferta de petróleo em níveis baixos, mantendo seus preços elevados.
"Não estamos esperando mudanças de direção na reunião", afirmou Ali Rodriguez, ministro da Energia da Venezuela.
A Opep reúne 11 países, responsáveis por 40% da produção mundial e 60% das exportações globais de petróleo. O controle de produção tem permitido a retomada dos preços do produto, que chegou a um dos patamares mais baixos - menos de US$ 10 o barril - em dezembro de 98.
Em março deste ano, os membros da Opep e outros países exportadores de petróleo decidiram enxugar a produção em 5 milhões de barris por dia, o equivalente a 7% da produção global, em relação aos dados de fevereiro de 98.

Elevação dos preços
Com a oferta menor do que a demanda, os países conseguiram elevar os preços do produto. O barril de petróleo chegou a custar quase US$ 25 em Nova York, nas últimas semanas.
"Devemos manter a produção sob controle para compensar nossas perdas", afirmou o ministro líbio Abdullah al-Badri, ao chegar em Viena.
Alguns analistas acreditam que os preços do petróleo podem vir a crescer mais do que o desejado. Eles apostam que ocorrerá um desequilíbrio entre a oferta e a procura quando iniciar o inverno no Hemisfério Norte.
"A estabilidade dos preços requer que continuemos o acordo sobre as cotas até 2.000", afirmou Ali Naimi, ministro da Energia da Arábia Saudita, um dos maiores produtores mundiais.
A Venezuela, único representante sul-americano na Opep, deve apresentar a proposta de fixar uma banda de preços, com limites máximo e mínimo.
A valorização do petróleo nos últimos meses tem aumentado a coesão e o poder da Opep. "A queda de preços iniciada em novembro de 97, que levou o barril a menos de US$ 10 no início de 99, prova o que pode gerar a ausência de coesão", afirma Hatem Sadani, especialista egípcio em energia.
"É difícil prever o efeito imediato dos preços internacionais do petróleo no custo de vida", afirma Alcinei Cardoso Rodrigues, técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
Segundo ele, se o preço aumentar poderá haver uma tendência de efeitos primários (aumento dos combustíveis) ou de efeitos indiretos (repercussão sobre vários setores industriais).
" O repasse não é automático e nem simétrico dentro do país. Isso depende de quanto o governo absorve em relação à variação dos preços", afirma Rodrigues.
Para a ANP (Agência Nacional do Petróleo), essa preocupação será menor no futuro.
A entidade fez um levantamento sobre os investimentos estrangeiros no setor e as parcerias fechadas pela Petrobras.
Sua conclusão foi que em 2004 o Brasil será auto-suficiente e não dependerá do mercado internacional.
"O preço do barril de petróleo subiu além do normal, devido à pressão dos produtores. Acredito que ele chegará em dezembro custando no máximo US$ 21,50", afirma Luiz Horta Nogueira, diretor da ANP.



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