São Paulo, domingo, 22 de setembro de 2002

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OUTRO LADO

Telemar diz que cumpriu metas e que casos da Baixada são pontuais

DA SUCURSAL DO RIO

O presidente da holding Telemar, José Fernandes Pauletti, sustenta que a empresa cumpriu as metas de universalização do serviço de telefonia e que os casos existentes na Baixada Fluminense são pontuais e ""estatisticamente irrelevantes".
O executivo admitiu que a regulamentação exige ""falha zero" no cumprimento das metas, quando, pelos seus cálculos, a Telemar estaria atendendo a 99,9% dos pedidos de instalação de linhas dentro do prazo máximo estabelecido de 15 dias.
"Mas 0,1% não está atendido e a regra é 100%. A regra diz que se ficar um caso de fora, a empresa não atendeu a meta. Eu digo que é impossível atingir esse percentual nas localidades com expansão populacional desordenada. Tem de haver uma margem de segurança. O indicador está errado", afirmou.

Estado Complexo
Pauletti diz que na grande maioria dos casos que tramita nos juizados especiais da Baixada, a instalação da linha já teria sido feita. Diz que há 400 casos em que a instalação não foi feita porque os autores das ações estariam dificultando o trabalho dos técnicos, interessados na indenização por danos morais. Alguns juizados estabelecem multa diária de R$ 500,00 por atraso na instalação, afirma.
Haveria, ainda segundo o executivo, outros 200 casos de pessoas que já não estão mais interessadas em receber o telefone, mas continuam com o processo judicial, em busca de indenização. "Naturalmente, há casos em que as pessoas têm razão em reclamar", ressalva.
Pauletti disse que o Rio de Janeiro tem sido o maior desafio da Telemar, porque a Telerj era a pior empresa de telefonia do antigo sistema estatal Telebrás. Segundo ele, a modernização da rede no Estado saiu duas vezes mais caro do que a construção de uma inteiramente nova.
O cumprimento das metas, segundo ele, teria sido dificultado também pelo poder paralelo da marginalidade. Em algumas áreas da região metropolitana, a Telemar tem de fazer acordos com lideranças da comunidade local para que os carros dos técnicos possam circular pelas ruas, mesmo assim, dentro de horários preestabelecidos.
"Tem localidades que os caras mandam os moradores devolver os telefones para que não liguem para a polícia", diz Pauletti. A empresa não identifica estas regiões para não expor funcionários ao risco.
O diretor de Projetos Especiais da Telemar, João de Deus, diz que a empresa multiplicou por cinco a planta telefônica na Baixada Fluminense desde a privatização da Telerj, em julho de 1998. O número de telefones instalados na região passou de 103 mil em 1998 para 605 mil. Ele diz que foi investido R$ 1 bilhão na região. "Duvido que outra atividade tenha investido 20% deste valor na Baixada", afirmou.
Pauletti diz que o crescimento desordenado tornaria impossível o atendimento de 100% dos pedidos de instalação de linhas em duas semanas. Ele diz que a Telemar tem 800 mil linhas instaladas e fora de operação no Rio de Janeiro, porque o crescimento da demanda não se deu na direção esperada. "Em algumas localidades, as linhas são entregues em três dias", afirmou.

Telefone sem fio
O executivo diz que a empresa tentou acelerar o atendimento na Baixada com telefones sem fio, mas a tecnologia -chamada WLL, ou Wireless Local Loop-, não se mostrou adequada. Dos 30 mil telefones sem fio entregues, 10 mil já foram recolhidos.
Segundo ele, a empresa tentou o uso dessa tecnologia para contornar a escassez de cabos no mercado, após a privatização.
O executivo disse que a Anatel fez duas auditorias no Rio antes de certificar a antecipação do cumprimento das metas pela empresa. Segundo ele, foram feitos testes em 300 localidades no Estado, contra 40 em todo o Estado de São Paulo.
Acionistas da companhia atribuem os problemas verificados no Rio também à demora da Anatel em divulgar a regulamentação para a certificação das metas de universalização.
Eles alegam que os investimentos para a antecipação de metas começaram em 99, mas a regulamentação só saiu no final do ano passado, quando os investimentos já estavam feitos.
(ELVIRA LOBATO)


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