São Paulo, domingo, 22 de setembro de 2002

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A COBRAR

Técnicos da Anatel constatam que a Telemar não entrega linhas no prazo em município da Baixada Fluminense

Promotor investiga irregularidades no Rio

Alexandre Campbell/ Folha Imagem
Técnicos da Anatel vistoriam orelhões na Baixada Fluminense


DA SUCURSAL DO RIO

Sexta-feira, 13 de setembro, 9h da manhã.
Um comboio de quatro carros parte do centro do Rio de Janeiro em direção a Miguel Couto, bairro de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, para verificar denúncias contra a operadora Telemar. No comboio, fiscais e técnicos da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), o promotor de Justiça Rodrigo Terra e a equipe de reportagem da Folha.
No comando da equipe da Anatel estava Orlando de Luca Júnior, gerente de fiscalização regional. A Anatel foi acionada pelo ouvidor da agência, Fernando Fagundes Reis, a pedido do promotor Rodrigo Terra. O objetivo dos técnicos era apurar a existência de irregularidades.
Na estrada Miguel Couto, principal via do bairro, moradores apresentaram comprovantes de pedidos de instalação de telefones feitos em julho, que até agora não foram atendidos. Uma das metas de universalização que a Telemar informou ter atingido é a entrega de linhas no prazo máximo de 15 dias, a partir da solicitação feita pelo cliente.

Linha atrasada
Carlos Alberto da Silva Lourenço, 28, proprietário do mercado Nova Aliança, mostrou ao gerente da Anatel e ao promotor Rodrigo Terra o canhoto do formulário RJ 00657219, comprovando que fez a inscrição no dia 15 de julho.
O comerciante exibiu também o comprovante de que um técnico da Telemar esteve em sua loja no dia 2 de agosto para instalar a linha, mas que não fez serviço por falta de capacidade na central telefônica que atende a área. "Falta milhar", escreveu o técnico da empresa no recibo.
Outros moradores do município apresentaram queixas semelhantes.
Manoel Messias da Silva, operador de máquinas, contou ter feito inscrição no dia 5 de julho. Disse que a empresa teria prometido instalar a linha em 14 dias. Até agora, segundo ele, ela não cumpriu a promessa.
Iguaí Adão Campos, 50, gari municipal, mostrou o comprovante de inscrição feita em maio, que, segundo afirmou, igualmente, não foi atendida. Mais dois vizinhos, Cleber Xavier Campos e Roselindo da Silva, também mostraram pedidos de instalação que até hoje não foram atendidos pela operadora.
A equipe da Anatel não anotou as reclamações, de acordo com os moradores. O gerente de fiscalização Orlando de Luca Júnior recomendou aos moradores que ligassem para o telefone 0800 da agência para oficializar a queixa.
Segundo o gerente, a Anatel atua no universo macro e não tem estrutura para fazer a defesa do consumidor individual. Justificou que aquela era uma fiscalização excepcional, "em deferência ao Ministério Público".
Os fiscais da Anatel foram munidos de aparelhos de GPS (sistema de posicionamento global) para medir a distância entre os orelhões. Uma da queixas da população em Miguel Couto é a escassez de orelhões em algumas áreas do bairro.
A equipe voltou para Brasília sem concluir a medição. Orlando de Luca disse ter ficado evidente a existência de um problema coletivo na região e que iria tomar providências. "Se existem casos de descumprimento, vamos punir", afirmou o fiscal.
O promotor Rodrigo Terra considerou comprovado o não cumprimento da entrega de telefones em duas semanas.
(ELVIRA LOBATO)


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