São Paulo, domingo, 22 de setembro de 2002

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Socorro ao Brasil teve ressalvas de países europeus

DE WASHINGTON

Na reunião da diretoria executiva do FMI que aprovou, no dia 6, um programa de crédito de US$ 30,4 bilhões para o Brasil, países europeus fizeram alertas, ressalvas e sugestões com relação ao envolvimento do setor privado na crise brasileira, ao tamanho da dívida e à falta de transparência na política brasileira de divulgação de relatórios do FMI.
A Folha apurou que países como a Alemanha julgaram insuficiente o compromisso informal dos bancos internacionais, anunciado em 26 de agosto, de manter os níveis de seus negócios no país naquele momento. Outros europeus juntaram-se aos alemães, alegando que a dinâmica da dívida brasileira talvez exigisse envolvimento mais formal e estrutural dos credores do país.
Esses governos sugeriram ao Brasil mudar sua política costumeira e, em nome da transparência, autorizar a divulgação do relatório apresentado pelos técnicos da instituição à diretoria executiva do FMI.
O representante do Brasil no FMI, Murilo Portugal, rechaçou a sugestão, dizendo ser desnecessário repetir os motivos do governo, que já seriam conhecidos. Além disso, Portugal disse que não faria sentido mudar uma orientação às vésperas da eleição presidencial.
À Folha, Portugal explicou assim sua decisão: "O Brasil não só é favorável à transparência como também já a implementa integralmente por meio dos sites do Ministério da Fazenda e do BC (Banco Central). No entanto, fazemos uma distinção entre números, de um lado, e projeções e análises, de outro. O importante é tornar os números disponíveis, mas não análises e projeções".
Portugal diz que seria equivocado autorizar a divulgação de análises e projeções do Fundo porque a instituição tem acesso privilegiado aos dados do governo. "Seria como deixar um médico divulgar suas opiniões sobre a saúde de seus pacientes."
O brasileiro disse que não é a primeira vez que diretores do FMI sugerem a publicação desses documentos e que, da mesma forma que o Brasil, outros países também negam ao Fundo tal autorização. (MA)




















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