São Paulo, quarta-feira, 22 de setembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PRESSÃO NO BOLSO

Bancos se antecipam à decisão do Copom, e taxa média para pessoa física sobe para 63,1% em agosto

Juro ao consumidor é o maior desde abril

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Seguindo a trajetória de alta indicada pelo Banco Central para os juros básicos da economia, as taxas cobradas pelos bancos nos empréstimos concedidos a pessoas físicas atingiram o nível mais elevado desde abril.
Segundo levantamento feito pelo BC, os juros médios praticados nessas modalidades de crédito chegaram a 63,1% ao ano em agosto. Em julho, a taxa média estava em 62% ao ano.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, diz que o aumento é reflexo da elevação dos chamados juros futuros -projeções feitas pelo mercado financeiro para o comportamento das taxas nos próximos meses. A alta dos juros futuros, por sua vez, se acentuou devido aos sinais de aumento da taxa Selic.
Desde o final de julho, o BC vinha indicando que pretendia elevar a Selic para fazer com que a inflação ficasse dentro dos limites fixados pela meta do governo -a elevação só se concretizou na semana passada, quando a taxa passou de 16% ao ano para 16,25%.
Bastaram as sinalizações do BC, porém, para que muitos investidores se antecipassem e passassem a projetar juros mais elevados no mercado. Isso, segundo Lopes, fez com que os bancos também aumentassem suas taxas.
Os juros cobrados no crédito pessoal registraram sua primeira alta desde março do ano passado. Entre julho e agosto, a taxa passou de 71,7% ao ano para 73,8%.
A queda nos juros praticados nessa modalidade de financiamento era influenciada pela expansão do chamado crédito em consignação, em que as parcelas a serem pagas pelo devedor são descontadas diretamente no seu salário. Nesse caso, os juros cobrados pelos bancos são de 38,5% ao ano, segundo o BC.
No caso dos empréstimos a empresas, por outro lado, registrou-se uma queda nos juros. Entre julho e agosto, a taxa cobrada nesses financiamentos passou de 29,7% ao ano para 28,8%. O movimento foi causado pelo recuo de 3,07% na cotação do dólar no período -23,6% dos créditos obtidos por pessoas jurídicas são corrigidos pela moeda norte-americana.
Além disso, afirma Lopes, os juros médios caíram por um efeito estatístico, já que muitas empresas passaram a buscar modalidades de crédito que cobram taxas mais baixas, o que puxa a taxa média geral para baixo.
Quando considerados os créditos controlados pelo governo, o total de crédito disponível no país chega a R$ 452,8 bilhões -26,4% do PIB (Produto Interno Bruto). Em países como o Chile, ela gira em torno de 60%.


Texto Anterior: Painel S.A.
Próximo Texto: Indústria fala em recompor lucro
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.