São Paulo, quarta-feira, 22 de setembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Indústria fala em recompor lucro

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os aumentos dos custos dos insumos (matérias primas) e das tarifas e a pressão por reajuste de salários estão forçando a indústria a reajustar os seus preços. De acordo com avaliação do presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE), há também um processo de recomposição das margens de lucro das empresas.
"Há pressões represadas, essa é uma questão concreta, as pressões de custo existem. E há um movimento para você recompor minimamente certas margens [de lucro]", explicou. "Você vem absorvendo as pressões de custo, e chega um momento em que você não tem mais condições de absorver", disse.
Além disso, existe a pressão por reajustes salariais dos funcionários, segundo ele. "Há na área de salário uma pressão para recompor salários reais. Isso tudo pressiona o custo", afirmou.
Alegando pressões inflacionárias, o Banco Central elevou na semana passada a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual. Com isso, iniciou o que qualificou de processo moderado de ajuste, indicando que novas altas serão adotadas. Com o aumento, a taxa passou para 16,25% ao ano.
Monteiro Neto falou sobre as pressões inflacionárias em entrevista coletiva, após almoço em homenagem a Carlos Lessa, presidente do BNDES. Lessa foi homenageado pela CNI pelo fato de o BNDES ter criado uma linha de crédito específica para financiar o capital de giro das empresas.

Cobrança
Lessa cobrou das grandes empresas projetos para desenvolver o país e dar sustentabilidade ao crescimento econômico. "Onde está a nossa angústia? Está nos grandes projetos das grandes empresas, porque até agora recebemos relativamente poucos", disse, durante almoço. "As empresas grandes da economia ainda estão espiando para apresentar os seus projetos", afirmou.
Apesar do aumento da quantidade de empréstimos feitos pelo banco para pequenas e médias empresas, Lessa disse que são os projetos das grandes empresas que importam. "Não há sustentabilidade do crescimento da economia a longo prazo se as grandes não se moverem", disse.
Ele defendeu que o banco possa ampliar o volume de empréstimos. "Se a questão for desenvolver [o país], deixem o BNDES alavancar um pouco, que nós capturaremos os recursos que forem necessários para impulsionar o desenvolvimento", disse.


Texto Anterior: Juro ao consumidor é o maior desde abril
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.