São Paulo, quarta-feira, 22 de setembro de 2004

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TRABALHO

Negociações entre sindicalistas e bancos chegam a impasse; adesão passa dos 200 mil trabalhadores, segundo o movimento

Bancários estendem greve para 24 capitais

Jefferson Coppola/Folha Imagem
Funcionária retira adesivos colados por grevistas em fachada de agência localizada na rua XV de Novembro, no centro de São Paulo


CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Sem acordo na negociação ontem com os bancos, os bancários decidiram manter a greve por tempo indeterminado e ampliar a paralisação, que completa hoje oito dias e já atinge 24 capitais.
A CNB-CUT (Confederação Nacional dos Bancários) informou que a greve da categoria se estendeu ontem para mais seis capitais -Boa Vista, Porto Velho, Maceió, Vitória, Teresina e Aracaju- e mais de cem cidades do interior de várias regiões do país.
A adesão, segundo a entidade, já passa dos 200 mil trabalhadores. A greve foi iniciada na última quarta-feira, com a paralisação em agências de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Florianópolis.
"O impasse continua porque os bancos não querem negociar. Depois de uma greve forte, que já dura uma semana, os bancos apresentaram a mesma proposta que já foi rejeitada pela categoria. Isso é apostar no conflito", disse Vagner Freitas, presidente da CNB, que representa 400 mil bancários.
A Fenaban informou aos bancários que não tem condições de mexer na proposta e que chegou ao seu limite. "Não temos condições de alterar o custo dessa proposta, que tem impacto de 10% na folha de pagamento, enquanto a inflação foi de 6,6%", disse o coordenador de negociações trabalhistas da Fenaban, Magnus Apostólico. A instituição não divulgou números da paralisação, mas informou que o movimento não tem crescido, além dos 5% já divulgados anteriormente.
Os bancários pedem reajuste de 25% e PLR (Participação nos Lucros e Resultados) no valor de um salário mais R$ 1.200. Os bancos ofereceram reajuste de 8,5% mais R$ 30 para quem ganha salário de até R$ 1.500. Acima desse valor, o reajuste seria de 8,5%. A proposta de PLR previa pagamento de 80% do salário mais R$ 705, além de vale-alimentação de R$ 217.
"O setor mais lucrativo do Brasil, que só no primeiro semestre deste ano faturou R$ 11,6 bilhões, ou 78,2% a mais que no mesmo período de 2002, alegou que não tem margem para elevar os custos da folha de pagamento", disse o presidente da CNB.
Em São Paulo, assembléia com cerca de 2.000 bancários decidiu pela manutenção da paralisação, que se restringiu ontem a 354 locais de trabalho. Na segunda-feira, eram 376. Segundo o Sindicato dos Bancários de São Paulo, alguns locais voltaram ao trabalho porque os bancos estão recorrendo à ação policial para garantir a abertura das agências.
A Fenaban informou que os bancos estão conseguindo liminares na Justiça para evitar bloqueios nas portas das agências.
A paralisação dos bancários atingiu ontem 95% das agências do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal no Distrito Federal, segundo o sindicato local. Entre os bancos privados, a adesão foi de cerca de 50%.
A Caixa informou que 52% de suas agências instaladas no país funcionaram parcialmente devido à greve e 8% ficaram fechadas. O Banco do Brasil não divulgou nenhum balanço.

Colaborou a Sucursal de Brasília


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