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País deve importar mais para ter crescimento contínuo, diz Fishlow
GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DO RIO
O brazilianista Albert Fishlow,
diretor do Centro de Estudos Brasileiros da Universidade Columbia, de Nova York, afirmou ontem que o Brasil não deve ficar tão
dependente das exportações e defendeu que, para ter crescimento
sustentável, o país deve aumentar
as importações.
Na visão de Fishlow, em vez de
correr atrás de superávit na conta
corrente (transações de bens e
serviços com o exterior), o país
poderia se dar ao luxo de ter déficit da ordem de 1,5% a 2% do PIB
(Produto Interno Bruto). Nos últimos 12 meses, o saldo em transações correntes é de US$ 9 bilhões, representando 1,7% do PIB.
"O Brasil agora não tem de acreditar só nas exportações, não vejo
motivo para criar uma dependência excessiva das exportações",
disse. "Exportações são a maneira
de pagar as importações, que são
necessárias para o crescimento
sustentável."
Fishlow participou ontem no
Rio de Janeiro do seminário "Comércio Internacional e Desenvolvimento", em comemoração dos
40 anos do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
Também estava presente o ex-ministro João Paulo dos Reis Velloso, fundador do Ipea e agraciado
com uma homenagem especial.
Para o brazilianista, melhor do
que o país crescer 15% reais nas
exportações, como ocorre hoje,
seria obter taxa contínua de 10%,
sem grandes oscilações.
"A importância das exportações
para o Brasil é exatamente a possibilidade de importar os bens de
capital necessários para as empresas ampliarem e modernizarem a
capacidade instalada e, assim, o
país ter crescimento contínuo e
sustentável. Se o Brasil está pensando que as exportações vão
criar os empregos necessários,
que as exportações vão criar a taxa de crescimento adequada,
acho que não é verdade."
Segundo ele, os países asiáticos,
como o Coréia do Sul, conseguiram embasar seu crescimento nas
exportações porque o mundo estava em expansão. "No mundo
duvidoso que vejo hoje, acho que
a concentração sobre as exportações, deixando de lado o mercado
interno, não faz sentido."
Fishlow defende o aumento da
poupança doméstica e da taxa de
investimento. Segundo o Ipea, a
taxa deve ficar entre 19% e 20% do
PIB em 2004. "Para satisfazer os
problemas sociais, temos de ter
uma taxa contínua de investimento de 24% a 25% do PIB."
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