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PETRÓLEO
Estado e multinacional anunciam em Londres projeto que ainda espera sinal verde de Brasília para isenções fiscais
ES anuncia plano de US$ 2,5 bi para refinaria
ÉRICA FRAGA
DE LONDRES
TIAGO ORNAGHI
DA AGÊNCIA FOLHA
Representantes do governo do
Espírito Santo e da empresa Agol
(Arabian Gulf Oil) anunciaram
ontem, em Londres, o projeto para a construção de uma refinaria
de petróleo no Estado, em troca
de um grande pacote de incentivos fiscais para a multinacional. A
refinaria teria capacidade para a
produção de 200 mil barris por
dia e investimentos de US$ 2,5 bilhões de capitais internacionais.
Se for para a frente, a refinaria
começaria a funcionar no fim de
2006 ou no início de 2007. Mas isso depende, ainda, da aprovação
da ANP (Agência Nacional de Petróleo) e da liberação, por parte
do Ministério da Fazenda, da cobrança de IPI, PIS, Cofins e Imposto de Renda. Além disso, o governo do Espírito Santo abrirá
mão da cobrança de ICMS e dará
à empresa o leasing do terreno.
Segundo Julio Bueno, secretário
estadual de Desenvolvimento
Econômico e Turismo, a questão
da isenção fiscal "é a parte mais
sensível da negociação". Além
dos incentivos fiscais estaduais, a
Agol quer isenção de Imposto de
Renda por um prazo de cinco
anos. Isso está sendo negociado
com o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid.
Tanto Bueno como Peter Buckley, consultor da empresa, afirmaram que a ANP já deu sinais de
que é favorável ao projeto.
A expectativa de Bueno é que,
até outubro, o governo do Espírito Santo já tenha chegado a um
acordo com o governo federal e
com a Agol. Questionado sobre as
perdas com a isenção do ICMS,
Bueno respondeu que o Estado
"só ganhará".
O projeto foi apresentado em
reunião na Embaixada do Brasil
em Londres com representantes
da Agol e o embaixador brasileiro
no Reino Unido, José Maurício
Bustani, da qual também participou Haroldo Rocha, presidente
do Banco de Desenvolvimento do
Espírito Santo.
Bueno disse que, além dos 400
empregos diretos que a refinaria
-que estará localizada perto do
porto de Ubu, em Anchieta (89
km de Vitória)- criaria, há uma
possibilidade de geração de 20 mil
a 30 mil postos de trabalho indiretos. Mas a conta do consultor Peter Buckley é de que o número total de empregos, diretos e indiretos, gire em torno de 3.000.
Embora o objetivo da Agol seja
exportar a maior parcela do petróleo refinado produzido, existe
a possibilidade de venda também
no mercado doméstico. Já o petróleo bruto que será usado poderá ser importado ou comprado no
mercado doméstico.
Perguntado sobre os acionistas
da Agol, Buckley só disse que é
uma empresa multinacional privada, de capital majoritariamente
britânico. A empresa, que existe
há sete anos, tem sede no Bahrein
e está construindo a refinaria de
Fujairah, nos Emirados Árabes.
A engenharia financeira da Agol
para a realização de seus investimentos envolve o levantamento
de recursos em bancos e fundos
de investimento -que, no caso
do projeto do Brasil, segundo
Bueno, serão principalmente europeus. Detalhes também não foram fornecidos. "Estamos muito
calmos, mas muito precavidos.
Precisamos conhecer mais o grupo", disse o secretário. Questionado sobre as formas de financiamento da refinaria, que o grupo
Agol não quis tornar público,
Bueno disse: "A questão ainda
não está resolvida na nossa cabeça. Eles não nos deram os dados
todos. Deram indícios, mas não
tivemos acesso aos documentos
financeiros. Amanhã [hoje], terei
uma reunião com o diretor financeiro deles para ter detalhes."
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