São Paulo, quarta-feira, 22 de setembro de 2004

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Projeto não é vantajoso, afirmam especialistas

DA REPORTAGEM LOCAL

O projeto de US$ 2,5 bilhões do governo do Espírito Santo e da Arabian Golf Oil (Agol) para construção de uma refinaria de petróleo em Anchieta (ES) não traz vantagem para o país, segundo análise preliminar de dois especialistas do setor.
"Se for para a companhia utilizar petróleo para exportar, para ganhar dinheiro, sem pagar impostos, qual será o benefício para o Brasil? Nenhum", diz David Zylbersztajn, ex-diretor geral da ANP (Agência Nacional de Petróleo) e sócio da consultoria DZ.
Antes de o país aprovar a instalação da Agol no país, os governos federal e estadual devem fazer contas, na opinião da Zylbersztajn. A empresa pediu que o governo brasileiro a isente do pagamento de alguns impostos, como Imposto de Renda, IPI, PIS, Cofins e ICMS, como incentivo aos investimentos que fará no país.
"Qual o impacto que isso vai ter sobre a arrecadação do governo? Não conheço empresa que tenha isenção de Imposto de Renda. É tão urgente assim ter uma refinaria no país a ponto de isentá-la do pagamento de impostos? Uma refinaria, por exemplo, não cria tanto emprego", afirma. A companhia informa que o investimento no Espírito Santo vai criar cerca de 400 empregos diretos.
Para Adriano Pires, professor da Coppe (Coordenação dos Programas de Pós-graduação em Engenharia) da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), a Agol quer construir uma refinaria no Brasil para exportar para os EUA.
"Como o Brasil não tem política de preços definida para o setor de petróleo, ninguém quer investir no país para vender no mercado interno. No ano passado, a Petrobras vendeu gasolina mais cara do que no mercado internacional. Neste ano, por causa das eleições, os preços estão mais baixos no mercado interno", afirma.
Na sua análise, é preciso verificar, portanto, se a companhia vai ter isenção de impostos só para exportar. "Se a refinaria vender no país, vai haver concorrência desleal com a Petrobras. É preciso analisar com cuidado para ver se a empresa vai trazer mesmo vantagem para o país", diz. (FF)


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