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ECONOMIA GLOBAL
Equipe econômica mostrará avanços para tentar convencer agências de risco, mas crise política atrapalha
País fará lobby nos EUA por "rating" melhor
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
De olho numa possível reavaliação do "rating" (nota) atribuída
ao Brasil pelas agências internacionais de classificação de risco, o
secretário do Tesouro, Joaquim
Levy, embarcou ontem para Washington com uma gravata "verde-esperança" na mala. Segundo
o próprio Levy, o traje foi escolhido especialmente para a ocasião e
acompanha uma série de números sobre a economia brasileira.
Nos EUA, Levy e os principais
representantes da área econômica
participarão da reunião anual
conjunta do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco
Mundial. Paralelamente, acontecerá uma série de encontros com
investidores estrangeiros e agências de classificação de risco.
Nessas ocasiões, com os novos
dados mostrando a melhora no
crescimento da economia, o recuo da inflação e a consistência do
saldo comercial, Levy, o ministro
da Fazenda, Antonio Palocci Filho, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, pretendem convencer o público externo
de que o Brasil está melhor do que
aparece na foto.
Quanto melhor o "rating" dado
pela agência, menor o custo de
empréstimos. O Brasil ainda está
classificado como "grau especulativo", em média três notas abaixo
do "grau de investimento".
Otimismo na equipe brasileira
não falta. A gravata "pode ser entendida assim", brincou Levy.
Ontem, boatos de uma possível
melhora na nota brasileira animaram o mercado financeiro. Isso é
o que falta para consolidar as teses
de que a economia do país conseguirá seguir alheia à crise que corrói politicamente o governo.
"Tivemos avanços importantes.
Os indicadores apontam para
consolidação de um cenário positivo. Quando isso vai se refletir no
"rating", não sei dizer", disse. Para
ele, o mercado já percebe as melhoras e isso se refletiu na primeira emissão, nesta semana, de títulos da dívida externa em real.
Ainda assim, Levy defendeu
uma maior atuação do setor empresarial para ajudar na melhora
da classificação de risco. "Para algumas agências, um fator essencial é entender a transformação
do setor industrial brasileiro, que
saiu de uma economia fechada,
com distorções inflacionárias, e
hoje é outro país. O setor produtivo pode projetar essa robustez."
Alguns analistas, porém, acreditam que as agências ainda devem
esperar o desfecho da crise política. "É o custo da crise para a economia", diz Nuno Câmara, economista para a América Latina do
DresdnerBank, em Nova York.
"Os fundamentos da economia,
sem dúvida, justificariam uma revisão da nota. Mas ainda persistem nuvens de incertezas em relação à situação política", afirma.
Para o economista, embora o
mercado financeiro não trabalhe
com a possibilidade de mudanças
na política econômica por causa
da crise e isso não esteja refletido
no preço dos ativos negociados
diariamente, há a avaliação de
que o Brasil está perdendo um
tempo importante para aprovar
reformas e medidas para assegurar o crescimento sustentável.
(SHEILA D'AMORIM)
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