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Argentina cancela emissão de títulos
MAELI PRADO
DE BUENOS AIRES
O governo argentino cancelou a
emissão de US$ 800 milhões em
títulos da dívida argentina, como
estava programado para ocorrer
ontem, porque não aceitou pagar
as taxas pedidas pelos investidores para aceitar os bônus.
De acordo com informações do
Ministério da Economia do país
vizinho, os investidores, em média, demandaram uma taxa de
8,8% para comprar os títulos.
A razão do pedido por uma taxa
mais elevada é que os títulos seriam emitidos sob a legislação argentina em vez da americana, o
que elevaria o risco dos papéis.
No início da semana, falou-se de
uma emissão que poderia alcançar até US$ 2 bilhões em títulos da
dívida argentina com vencimento
em 2015. O governo pode ter optado por tentar uma colocação
menor no mercado ontem por
causa da elevação da taxa básica
de juros nos Estados Unidos nesta
semana, que torna os bônus
emergentes menos atrativos.
Outra possibilidade é que tenha
avaliado que ofertando menos no
mercado conseguiria taxas mais
atrativas, o que não aconteceu.
Para efeito de comparação, em
sua última emissão de títulos em
dólares, realizada em setembro, o
Brasil pagou taxas de 8,52% para
papéis com vencimento em 20
anos -em 2025, portanto.
Em alta
Depois da reestruturação da dívida argentina, que ocorreu no
início de 2005, o país tem que fazer frente a vencimentos que totalizam US$ 3,8 bilhões no quarto
trimestre deste ano.
Os títulos da Argentina estão
em alta no mercado internacional. A recomendação de muitos
bancos de investimento para os
bônus emitidos pelo país vizinho
vem sendo melhor até do que a
para os títulos brasileiros.
Com a forte demanda por bônus do país, o risco-país da Argentina atingiu no início desta semana 388 pontos, o menor patamar desde março de 1998. No final da tarde de ontem, o indicador estava em 392 pontos.
Fundo
Ontem, o Fundo Monetário Internacional, no seu "World Economic Outlook - 2005", recomendou que a Argentina eleve as taxas
básicas de juros como forma de
controlar a inflação. A previsão
do Fundo é que a inflação ao consumidor alcance 6,5% neste ano,
depois de ter sido de 4,4% no ano
passado.
Hoje, uma das principais formas de controle da inflação no
país vizinho é a realização de
acordos setoriais para congelar
preços, como foi feito na semana
passada para carnes.
O organismo internacional de
crédito também recomendou que
o país incentive investimentos
privados em concessionárias de
serviços públicos -recentemente, o grupo francês Suez anunciou
sua saída da Aguas Argentinas,
que realiza o abastecimento de
água de Buenos Aires.
O FMI ainda prevê no relatório
um crescimento de 4,2% para o
país vizinho no próximo ano, menor do que o esperado para o PIB
(Produto Interno Bruto) em 2005,
de 7,5%. No ano passado, a expansão alcançou 9%, conforme
consta no relatório do FMI.
Em julho, a atividade econômica na Argentina cresceu 7,8% na
comparação com mesmo mês do
ano passado, divulgou ontem o
Indec (órgão de estatísticas do governo argentino).
Nos primeiros sete meses do
ano, a expansão acumula 8,9% de
crescimento ante mesmo período
de 2005.
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