São Paulo, quinta-feira, 22 de setembro de 2005

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Argentina cancela emissão de títulos

MAELI PRADO
DE BUENOS AIRES

O governo argentino cancelou a emissão de US$ 800 milhões em títulos da dívida argentina, como estava programado para ocorrer ontem, porque não aceitou pagar as taxas pedidas pelos investidores para aceitar os bônus.
De acordo com informações do Ministério da Economia do país vizinho, os investidores, em média, demandaram uma taxa de 8,8% para comprar os títulos.
A razão do pedido por uma taxa mais elevada é que os títulos seriam emitidos sob a legislação argentina em vez da americana, o que elevaria o risco dos papéis.
No início da semana, falou-se de uma emissão que poderia alcançar até US$ 2 bilhões em títulos da dívida argentina com vencimento em 2015. O governo pode ter optado por tentar uma colocação menor no mercado ontem por causa da elevação da taxa básica de juros nos Estados Unidos nesta semana, que torna os bônus emergentes menos atrativos.
Outra possibilidade é que tenha avaliado que ofertando menos no mercado conseguiria taxas mais atrativas, o que não aconteceu.
Para efeito de comparação, em sua última emissão de títulos em dólares, realizada em setembro, o Brasil pagou taxas de 8,52% para papéis com vencimento em 20 anos -em 2025, portanto.

Em alta
Depois da reestruturação da dívida argentina, que ocorreu no início de 2005, o país tem que fazer frente a vencimentos que totalizam US$ 3,8 bilhões no quarto trimestre deste ano.
Os títulos da Argentina estão em alta no mercado internacional. A recomendação de muitos bancos de investimento para os bônus emitidos pelo país vizinho vem sendo melhor até do que a para os títulos brasileiros.
Com a forte demanda por bônus do país, o risco-país da Argentina atingiu no início desta semana 388 pontos, o menor patamar desde março de 1998. No final da tarde de ontem, o indicador estava em 392 pontos.

Fundo
Ontem, o Fundo Monetário Internacional, no seu "World Economic Outlook - 2005", recomendou que a Argentina eleve as taxas básicas de juros como forma de controlar a inflação. A previsão do Fundo é que a inflação ao consumidor alcance 6,5% neste ano, depois de ter sido de 4,4% no ano passado.
Hoje, uma das principais formas de controle da inflação no país vizinho é a realização de acordos setoriais para congelar preços, como foi feito na semana passada para carnes.
O organismo internacional de crédito também recomendou que o país incentive investimentos privados em concessionárias de serviços públicos -recentemente, o grupo francês Suez anunciou sua saída da Aguas Argentinas, que realiza o abastecimento de água de Buenos Aires.
O FMI ainda prevê no relatório um crescimento de 4,2% para o país vizinho no próximo ano, menor do que o esperado para o PIB (Produto Interno Bruto) em 2005, de 7,5%. No ano passado, a expansão alcançou 9%, conforme consta no relatório do FMI.
Em julho, a atividade econômica na Argentina cresceu 7,8% na comparação com mesmo mês do ano passado, divulgou ontem o Indec (órgão de estatísticas do governo argentino).
Nos primeiros sete meses do ano, a expansão acumula 8,9% de crescimento ante mesmo período de 2005.


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