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Varig perde parte das rotas internacionais
Agência de aviação decide repassar linhas para concorrentes e retoma projeto de distribuição de espaços em Congonhas
Empresa diz que edital do leilão precisa ser respeitado e que vai recorrer "até onde for preciso" para garantir
a manutenção das linhas
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
A diretoria da Anac (Agência
Nacional de Aviação Civil) decidiu ontem redistribuir parte
das linhas internacionais que
pertenciam à Varig. A decisão
ainda deve ser questionada na
Justiça. O presidente do conselho de administração da VarigLog, nova dona da Varig, Marco Antônio Audi, informou que
vai recorrer "até onde for preciso" para assegurar a manutenção das linhas.
Na prática, o consumidor
ainda vai demorar a sentir os
efeitos da reorganização do
mercado. As empresas que receberam linhas para México,
Estados Unidos, Itália, França
e Angola terão seis meses para
iniciar as operações. Segundo a
OceanAir, que recebeu sete freqüências semanais para o México, sete para os Estados Unidos e duas para Angola, a companhia tentará antecipar o início das operações.
A TAM ficou com sete freqüências para a Itália e sete para a França. A Gol ficou com
freqüências para o Uruguai e
para o México. A BRA ganhou
sete freqüências para a Itália,
cinco partindo do Nordeste.
A decisão da agência é mais
um capítulo de uma disputa
que se estende há dois meses,
desde que as operações da Varig foram vendidas em leilão. O
início da divergência entre a
Anac e a nova Varig começou
quando a companhia entregou
um plano básico de linhas dividido em três etapas. As linhas
seriam retomadas conforme a
empresa conseguisse recompor a frota. A primeira incluía
apenas três destinos internacionais: Frankfurt, Buenos Aires e Caracas. Atualmente, a
Varig voa com 15 aeronaves.
Na avaliação da agência, conceder à Varig mais tempo para
se reorganizar seria o equivalente a praticar uma "reserva
de mercado" para a companhia.
A Varig alega que só está exigindo o cumprimento da legislação da agência. A portaria 569
prevê que as companhias aéreas têm um prazo de 30 dias
para cumprir as rotas nacionais
e de 180 dias para as internacionais, a partir da assinatura do
contrato de concessão.
Congonhas
Depois de uma guerra de decisões judiciais, a agência decidiu retomar também a distribuição de "slots" (espaços de
pouso e decolagem) em Congonhas. Em razão das obras no aeroporto, a agência decidiu realizar o processo em duas etapas.
Na primeira serão licitados 28
espaços de pouso e decolagem.
O edital será publicado no Diário Oficial até a próxima segunda-feira e a reunião para que as
empresas se candidatem ocorrerá no dia 16 de outubro.
Depois que as obras forem
concluídas, a agência licitará
mais 28 slots. São 56 espaços de
pouso e decolagem em um dos
principais aeroportos do país.
Do total, 50 pertenciam à Varig.
O processo de divisão de espaços deve gerar ainda mais polêmica. As companhias com fatias menores do mercado questionam o critério definido pela
Anac: quatro quintos dos espaços vão para companhias que já
operam no aeroporto e um
quinto para "novas entrantes".
Segundo Lúcia Helena Salgado, economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada), o critério beneficia
empresas mais consolidadas.
"As novas empresas muitas vezes não conseguem cumprir os
requisitos burocráticos, como a
apresentação de um balanço
consolidado", disse.
Para ela, a decisão de redistribuir as linhas da Varig foi
correta. "A Varig praticamente
desapareceu do mercado como
grande empresa, mas outras
apareceram. A regulação precisa ser dinâmica para garantir
que o mercado funcione e para
que haja benefício ao clientes."
Na avaliação de Audi, o que
importa é a decisão judicial. O
STJ (Superior Tribunal de Justiça) ainda precisa analisar o
mérito de uma ação pedindo o
reconhecimento de conflito de
competência. Na prática, trata-se de definir o juiz responsável
pela análise do caso: a Vara Empresarial ou a Justiça Federal.
A companhia disse que vai recorrer até a última instância.
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