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Brasil espera a normalização do crédito
Avaliação da equipe econômica é que aprovação rápida do pacote dos EUA faça voltar financiamento externo a empresas
Suspensão do crédito a companhias brasileiras foi até agora o principal efeito da crise financeira dos Estados Unidos sobre o país
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A equipe econômica do presidente Lula espera que o pacote de US$ 700 bilhões do governo dos Estados de Unidos normalize a concessão de linhas de
créditos externas a empresas
brasileiras, que ficou paralisada
na semana passada.
Esse bloqueio de crédito externo foi, até agora, o principal
efeito sobre a economia brasileira da crise que atinge o sistema financeiro norte-americano, com quebra de instituições
e seguradoras.
A normalização vai depender, na avaliação da equipe econômica, de uma rápida aprovação do pacote de socorro de
US$ 700 bilhões do Tesouro
americano para salvar as instituições financeiras atingidas
pela crise do crédito.
A expectativa é que o Congresso dos Estados Unidos
aprove as medidas nessa semana, apesar das críticas de membros do Partido Democrata,
maioria no parlamento.
Até a normalização, o Banco
Central deve manter leilões de
dólares, como o realizado na última sexta-feira, de US$ 500
milhões, sempre que o mercado cambial se mostrar pressionado diante da falta de moeda
para atender exportadores e
importadores.
Além disso, os ministérios da
Fazenda e do Planejamento
querem fechar o mais rápido
possível um plano de aumento
de capital do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), que passaria a suprir as necessidades
de financiamento das empresas brasileiras durante a crise
financeira mundial.
No Planejamento, técnicos
estão estudando cortes em despesas de custeio para direcionar essa economia extra ao
BNDES. Na Fazenda, eles estão
mapeando a situação das linhas
de crédito externas e checando
de quanto as empresas brasileiras necessitariam nesse momento até a normalização do
mercado.
Esse plano seria colocado em
prática caso o mercado de crédito externo se mantenha bloqueado nas próximas semanas.
Isso, porém, é visto como improvável, depois do pacote
anunciado pelo presidente dos
EUA, George Bush.
A situação das linhas de crédito externas preocupa o presidente Lula, que na semana passada discutiu o tema com seus
principais assessores em reunião no Palácio do Planalto. Ele
determinou a sua equipe a
montagem de um plano de
emergência para solucionar o
problema, que pode afetar o comércio externo brasileiro.
Em conversas com seus conselheiros econômicos, Lula foi
alertado de que a tendência da
crise era se agravar e que o governo deveria tomar medidas,
entre elas cortes de gastos de
custeio para liberar recursos
para investimentos.
A principal preocupação do
presidente, hoje, é que a crise
venha a abortar o ciclo de crescimento econômico do país.
Daí sua orientação para a elaboração de medidas destinadas
a fortalecer o caixa do BNDES
nessa crise.
Além disso, Lula tem pressionado o Banco Central a reduzir
o ritmo do processo de alta das
taxas de juros. Em sua avaliação, diante da desaceleração
econômica mundial e da queda
da inflação, não faz sentido
manter elevações de 0,75 ponto
percentual.
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