São Paulo, segunda-feira, 22 de setembro de 2008

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Brasil espera a normalização do crédito

Avaliação da equipe econômica é que aprovação rápida do pacote dos EUA faça voltar financiamento externo a empresas

Suspensão do crédito a companhias brasileiras foi até agora o principal efeito da crise financeira dos Estados Unidos sobre o país

VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A equipe econômica do presidente Lula espera que o pacote de US$ 700 bilhões do governo dos Estados de Unidos normalize a concessão de linhas de créditos externas a empresas brasileiras, que ficou paralisada na semana passada.
Esse bloqueio de crédito externo foi, até agora, o principal efeito sobre a economia brasileira da crise que atinge o sistema financeiro norte-americano, com quebra de instituições e seguradoras.
A normalização vai depender, na avaliação da equipe econômica, de uma rápida aprovação do pacote de socorro de US$ 700 bilhões do Tesouro americano para salvar as instituições financeiras atingidas pela crise do crédito.
A expectativa é que o Congresso dos Estados Unidos aprove as medidas nessa semana, apesar das críticas de membros do Partido Democrata, maioria no parlamento.
Até a normalização, o Banco Central deve manter leilões de dólares, como o realizado na última sexta-feira, de US$ 500 milhões, sempre que o mercado cambial se mostrar pressionado diante da falta de moeda para atender exportadores e importadores.
Além disso, os ministérios da Fazenda e do Planejamento querem fechar o mais rápido possível um plano de aumento de capital do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que passaria a suprir as necessidades de financiamento das empresas brasileiras durante a crise financeira mundial.
No Planejamento, técnicos estão estudando cortes em despesas de custeio para direcionar essa economia extra ao BNDES. Na Fazenda, eles estão mapeando a situação das linhas de crédito externas e checando de quanto as empresas brasileiras necessitariam nesse momento até a normalização do mercado.
Esse plano seria colocado em prática caso o mercado de crédito externo se mantenha bloqueado nas próximas semanas. Isso, porém, é visto como improvável, depois do pacote anunciado pelo presidente dos EUA, George Bush.
A situação das linhas de crédito externas preocupa o presidente Lula, que na semana passada discutiu o tema com seus principais assessores em reunião no Palácio do Planalto. Ele determinou a sua equipe a montagem de um plano de emergência para solucionar o problema, que pode afetar o comércio externo brasileiro.
Em conversas com seus conselheiros econômicos, Lula foi alertado de que a tendência da crise era se agravar e que o governo deveria tomar medidas, entre elas cortes de gastos de custeio para liberar recursos para investimentos.
A principal preocupação do presidente, hoje, é que a crise venha a abortar o ciclo de crescimento econômico do país. Daí sua orientação para a elaboração de medidas destinadas a fortalecer o caixa do BNDES nessa crise.
Além disso, Lula tem pressionado o Banco Central a reduzir o ritmo do processo de alta das taxas de juros. Em sua avaliação, diante da desaceleração econômica mundial e da queda da inflação, não faz sentido manter elevações de 0,75 ponto percentual.


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