São Paulo, segunda-feira, 22 de setembro de 2008

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Bovespa torna-se mais instável e arriscada

Índice que marca intensidade e freqüência das oscilações dos preços das ações chega a 34% no período de um ano

Segundo especialistas, deve levar semanas até que Bolsa se torne menos instável; até lá, recomendam calma a investidores

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A semana passada foi especialmente tensa para os investidores que aplicam no mercado acionário. Intensos movimentos de sobe-e-desce elevaram os riscos da Bolsa de Valores, tornando as ações ainda mais instáveis e imprevisíveis. Isso é o que aponta o índice de volatilidade, medido pela própria BM&FBovespa.
Esse índice tem mostrado um crescimento expressivo da volatilidade, que se agudizou nos últimos tempos. A volatilidade indica a intensidade e a freqüência das oscilações dos preços das ações. Quanto maior o percentual do índice, mais volátil está o mercado. E em um mercado muito volátil se torna mais arriscado aplicar, pois é mais difícil de se prever as movimentações dos papéis.
Considerando-se o período de um ano, o índice de volatilidade do Ibovespa ficou em 33,76%. Se o período for encurtado para três meses, a taxa sobe para 37,95%. Já se for levado em consideração um período mais curto, que se concentre nesse momento de agravamento da crise, o salto do índice é impressionante. Para o espaço de um mês, o índice de volatilidade alcançou na sexta 59,5%.
"Se alguém não sabia ao certo o que era um mercado muito volátil, agora sabe", afirma a consultora de investimentos Márcia Dessen, da Bankrisk, em referência à tumultuada semana passada.
Quem apenas ver o resultado final do Ibovespa na semana, que foi de alta de 1,27%, não terá uma idéia clara de como foram os últimos pregões.
A Bovespa começou a semana com uma queda de 7,59% no pregão de segunda -a mais expressiva perda desde setembro de 2001. E encerrou o período com uma alta de 9,57% na sexta-feira -maior valorização desde janeiro de 99.
"O mercado vai seguir bem volátil ainda por um algum tempo. Assim, cautela continua sendo fundamental. Para quem está de fora da Bolsa, talvez seja melhor esperar que a volatilidade diminua para decidir entrar no mercado acionário", avalia Dessen.
Na semana passada, entre a pontuação mínima e a máxima computada durante os pregões, o Ibovespa (que reúne as 66 ações de maior liquidez) registrou oscilação de 17,4%.

Previsão difícil
Se o Ibovespa como um todo enfrenta um período de volatilidade elevada, algumas ações de grandes companhias atravessam um momento de oscilação ainda mais intensa.
Para a ação preferencial da Petrobras, a mais negociada e popular da Bolsa, o índice de volatilidade aponta oscilação de 74,25% para o período de um mês. Considerando-se um ano, o índice de volatilidade da ação fica em 49%.
No caso da Vale, sua ação PNA registra índice de volatilidade de 67,63% em um mês -taxa menor que a da Petrobras, mas bem acima da registrada pelo Ibovespa.
Um papel que foi contra a tendência de intensificação da volatilidade do mercado foi o da Nossa Caixa. De um índice de 63% nos últimos seis meses, a ação ON da instituição financeira registrou no último mês oscilação de 51%. Em maio, as informações em torno da possibilidade de aquisição da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil fizeram com que o papel da instituição tivesse fortes oscilações naquele momento.
"O processo de estabilização dos mercados ainda é difícil e vão levar ao menos semanas para que possamos ter uma Bolsa de Valores menos instável. Até isso ocorrer, o investidor vai ter de ter muita calma e paciência. É melhor esperar reduzir a volatilidade do mercado para poder ter um pouco mais de clareza sobre a aplicação que irá fazer", diz Luiz Antonio Vaz das Neves, analista da KNA Consultores.
A forte valorização do pregão de sexta-feira não foi suficiente para tirar a Bovespa do vermelho no mês. Em setembro, ainda registra queda de 4,7%. No acumulado do ano, as perdas da Bolsa paulista são ainda maiores, totalizando 16,95%.


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