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Bovespa torna-se mais instável e arriscada
Índice que marca intensidade e freqüência das oscilações dos preços das ações chega a 34% no período de um ano
Segundo especialistas, deve levar semanas até que Bolsa se torne menos instável; até lá, recomendam calma a investidores
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A semana passada foi especialmente tensa para os investidores que aplicam no mercado
acionário. Intensos movimentos de sobe-e-desce elevaram
os riscos da Bolsa de Valores,
tornando as ações ainda mais
instáveis e imprevisíveis. Isso é
o que aponta o índice de volatilidade, medido pela própria
BM&FBovespa.
Esse índice tem mostrado
um crescimento expressivo da
volatilidade, que se agudizou
nos últimos tempos. A volatilidade indica a intensidade e a
freqüência das oscilações dos
preços das ações. Quanto maior
o percentual do índice, mais volátil está o mercado. E em um
mercado muito volátil se torna
mais arriscado aplicar, pois é
mais difícil de se prever as movimentações dos papéis.
Considerando-se o período
de um ano, o índice de volatilidade do Ibovespa ficou em
33,76%. Se o período for encurtado para três meses, a taxa sobe para 37,95%. Já se for levado
em consideração um período
mais curto, que se concentre
nesse momento de agravamento da crise, o salto do índice é
impressionante. Para o espaço
de um mês, o índice de volatilidade alcançou na sexta 59,5%.
"Se alguém não sabia ao certo
o que era um mercado muito
volátil, agora sabe", afirma a
consultora de investimentos
Márcia Dessen, da Bankrisk,
em referência à tumultuada semana passada.
Quem apenas ver o resultado
final do Ibovespa na semana,
que foi de alta de 1,27%, não terá uma idéia clara de como foram os últimos pregões.
A Bovespa começou a semana com uma queda de 7,59% no
pregão de segunda -a mais expressiva perda desde setembro
de 2001. E encerrou o período
com uma alta de 9,57% na sexta-feira -maior valorização
desde janeiro de 99.
"O mercado vai seguir bem
volátil ainda por um algum
tempo. Assim, cautela continua
sendo fundamental. Para quem
está de fora da Bolsa, talvez seja
melhor esperar que a volatilidade diminua para decidir entrar no mercado acionário",
avalia Dessen.
Na semana passada, entre a
pontuação mínima e a máxima
computada durante os pregões,
o Ibovespa (que reúne as 66
ações de maior liquidez) registrou oscilação de 17,4%.
Previsão difícil
Se o Ibovespa como um todo
enfrenta um período de volatilidade elevada, algumas ações
de grandes companhias atravessam um momento de oscilação ainda mais intensa.
Para a ação preferencial da
Petrobras, a mais negociada e
popular da Bolsa, o índice de
volatilidade aponta oscilação
de 74,25% para o período de
um mês. Considerando-se um
ano, o índice de volatilidade da
ação fica em 49%.
No caso da Vale, sua ação
PNA registra índice de volatilidade de 67,63% em um mês
-taxa menor que a da Petrobras, mas bem acima da registrada pelo Ibovespa.
Um papel que foi contra a
tendência de intensificação da
volatilidade do mercado foi o
da Nossa Caixa. De um índice
de 63% nos últimos seis meses,
a ação ON da instituição financeira registrou no último mês
oscilação de 51%. Em maio, as
informações em torno da possibilidade de aquisição da Nossa
Caixa pelo Banco do Brasil fizeram com que o papel da instituição tivesse fortes oscilações
naquele momento.
"O processo de estabilização
dos mercados ainda é difícil e
vão levar ao menos semanas
para que possamos ter uma
Bolsa de Valores menos instável. Até isso ocorrer, o investidor vai ter de ter muita calma e
paciência. É melhor esperar reduzir a volatilidade do mercado
para poder ter um pouco mais
de clareza sobre a aplicação que
irá fazer", diz Luiz Antonio Vaz
das Neves, analista da KNA
Consultores.
A forte valorização do pregão
de sexta-feira não foi suficiente
para tirar a Bovespa do vermelho no mês. Em setembro, ainda registra queda de 4,7%. No
acumulado do ano, as perdas da
Bolsa paulista são ainda maiores, totalizando 16,95%.
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