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Santander pode obter R$ 15 bi na maior oferta de ações do ano
Para analistas, banco pode fazer expansão agressiva no crédito no Brasil, especialmente nos financiamentos imobiliários, de infraestrutura e de empresas
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Santander Brasil planeja
concluir no início de outubro a
maior captação de recursos em
Bolsa do mundo em 2009, superando a abertura de capital
da construtora chinesa CSCEC,
que levantou US$ 7,34 bilhões
(R$ 13,21 bilhões). A expectativa é que o banco consiga obter
entre R$ 11,55 bilhões e
R$ 15,625 bilhões no mercado.
Com a capitalização, o Santander deve estrear na BM&F-
-Bovespa com um valor de mercado mínimo de R$ 96,5 bilhões, acima dos R$ 75,728 bilhões do Banco do Brasil e dos
R$ 95,468 bilhões do Bradesco.
As novas ações chegam à Bolsa
no dia 8 de outubro. A reserva
no varejo começa no dia 28.
Os recursos deverão ficar integralmente no país, sendo que
a maior parte irá para tecnologia e ampliação da rede de
agências. O banco terá condições de aumentar significativamente a capacidade de crédito,
especialmente nos setores
imobiliário, de infraestrutura e
de atendimento a empresas.
Para João Augusto Salles,
analista da consultoria Lopes
Filho, mesmo sem a captação o
Santander já teria condições de
ampliar em 54% o atual volume
de crédito, de R$ 140 bilhões.
"Pela magnitude da captação,
o Santander tem uma avenida
muito grande para crescer no
crédito. Se essa trajetória vier
acompanhada de uma agressividade para ganhar mercado,
será muito bom para o país. Há
espaço para o crescimento, mas
precisamos ver se existe tanta
necessidade de crédito no curto
prazo. Ele pode ficar com um
caixa subutilizado agora porque não há tanta demanda num
período recém-saído de uma
crise econômica", disse Luis
Miguel Santacreu, analista de
bancos da Austin Rating.
"Eles já são agressivos no crédito. O Santander tem a maior
taxa de inadimplência entre os
grandes bancos", disse Salles.
O banco comunicou ontem
que lançará como despesa no
terceiro trimestre uma provisão de R$ 2,3 bilhões para devedores duvidosos. Como parte
de sua reestruturação societária no Brasil, o banco decidiu
vender por R$ 2,1 bilhões as
participações em empresas de
infraestrutura bancária como
VisaNet, Serasa e Tecban para
uma holding ligada diretamente à matriz espanhola.
No prospecto, o Santander
afirma que "pretende recomendar" aos controladores a
distribuição de 50% dos lucros
aos acionistas, o que, se confirmado, será a política mais
agressiva do setor bancário de
remuneração ao mercado. O
Bradesco e o Itaú Unibanco
distribuem 35% cada, e o Banco
do Brasil, 40%. "Mas isso é uma
recomendação. O mínimo acertado é de 25%. Se for para valer
[essa recomendação], por que
não colocar no estatuto?", diz
Salles, da Lopes Filho.
Segundo analistas, as novas
ações do Santander também
deverão fazer algum estrago no
valor dos papéis dos demais
bancos. Os investidores institucionais que não quiserem elevar sua exposição no setor deverão diversificar vendendo
papéis de outras instituições
para comprar os do Santander.
Para Santacreu, a geração de
caixa em reais também fortalece a posição do Santander espanhol. Isso porque o real é uma
moeda com tendência de alta, o
que valoriza os ativos no país.
"Eles querem ter uma ação
negociada lá fora, mas com geração de resultado em reais e
em um banco no Brasil, que é
um país com crescimento pujante", disse Santacreu.
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