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Saldo do comércio com a Argentina encolhe 92%
DANILO VILELA BANDEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
SILVANA ARANTES
DE BUENOS AIRES
O saldo comercial brasileiro
em relação à Argentina caiu
92% em um ano, de acordo com
o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior. O superavit, que atingira US$ 3,57 bilhões entre janeiro e agosto de 2008, reduziu-se a US$ 283 milhões no
mesmo período deste ano.
Os números foram apresentados ontem em São Paulo, durante encontro entre o ministro Miguel Jorge (Desenvolvimento) e a ministra da Produção argentina, Débora Giorgi.
O ministro brasileiro atribuiu à crise internacional a
queda de 41% nas exportações
para o vizinho: "Apesar da crise, prevemos fluxo comercial
de até US$ 21 bilhões em 2009,
longe dos US$ 30 bilhões do
ano passado, mas numa situação bastante diferente".
Essa previsão de fluxo difere
em US$ 6 bilhões da aventada
pelo ministro da Economia argentino, Amado Boudou, que
declarou ontem em Buenos Aires que a manutenção dos volumes de comércio com o Brasil
foi uma das ferramentas que
suavizaram o impacto da crise
mundial nos dois maiores sócios do Mercosul.
O ministro argentino estimou em US$ 27 bilhões o fluxo
de comércio entre os dois países em 2009.
De acordo com Roberto Segato, economista da Abracex
(Associação Brasileira de Comércio Exterior), no entanto, a
crise não é a única responsável
pela queda nas exportações
brasileiras: "A Argentina está
comprando tudo da China. Eles
vêm substituindo o Brasil, e isso só vai mudar quando formos
duros, talvez até deixarmos o
Mercosul e passarmos a negociar individualmente".
Questão pontual
Em São Paulo, os ministros
minimizaram os desentendimentos que vêm opondo brasileiros e argentinos em torno de
licenças de importação não automáticas, mecanismos que, de
acordo com os empresários
brasileiros, atrasam e dificultam a exportação. "Há problemas com as licenças não automáticas, mas elas são muito
pontuais, como a questão das
autopeças", disse Miguel Jorge.
Antônio Carlos Meduna,
conselheiro do Sindipeças (entidade representativa do setor),
critica a posição argentina. "O
setor privado cuidava da exportação de baterias, sem problemas. Agora, o governo interveio, e isso pode impactar no
futuro do processo produtivo."
Desde o último dia 14, restrição do governo argentino faz
com que autopeças brasileiras
demorem pelo menos 30 dias
para serem liberadas.
Em Buenos Aires, o ministro
da Economia argentino também relativizou o problema:
"As questões setoriais não necessariamente coincidem
100% com as questões estruturais nacionais", disse Boudou.
Durante o encontro, os ministros anunciaram a introdução de uma espécie de "fast
track" (alusão ao mecanismo
utilizado pelo governo americano para agilizar a implementação de acordos comerciais)
para solucionar questões "pontuais". Miguel Jorge disse que
funcionários dos dois países se
reunirão para discutir "sempre
que for necessário". As reuniões ministeriais regulares
são bimestrais.
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