São Paulo, terça-feira, 22 de setembro de 2009

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Saldo do comércio com a Argentina encolhe 92%

DANILO VILELA BANDEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

SILVANA ARANTES
DE BUENOS AIRES

O saldo comercial brasileiro em relação à Argentina caiu 92% em um ano, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O superavit, que atingira US$ 3,57 bilhões entre janeiro e agosto de 2008, reduziu-se a US$ 283 milhões no mesmo período deste ano.
Os números foram apresentados ontem em São Paulo, durante encontro entre o ministro Miguel Jorge (Desenvolvimento) e a ministra da Produção argentina, Débora Giorgi.
O ministro brasileiro atribuiu à crise internacional a queda de 41% nas exportações para o vizinho: "Apesar da crise, prevemos fluxo comercial de até US$ 21 bilhões em 2009, longe dos US$ 30 bilhões do ano passado, mas numa situação bastante diferente".
Essa previsão de fluxo difere em US$ 6 bilhões da aventada pelo ministro da Economia argentino, Amado Boudou, que declarou ontem em Buenos Aires que a manutenção dos volumes de comércio com o Brasil foi uma das ferramentas que suavizaram o impacto da crise mundial nos dois maiores sócios do Mercosul.
O ministro argentino estimou em US$ 27 bilhões o fluxo de comércio entre os dois países em 2009.
De acordo com Roberto Segato, economista da Abracex (Associação Brasileira de Comércio Exterior), no entanto, a crise não é a única responsável pela queda nas exportações brasileiras: "A Argentina está comprando tudo da China. Eles vêm substituindo o Brasil, e isso só vai mudar quando formos duros, talvez até deixarmos o Mercosul e passarmos a negociar individualmente".

Questão pontual
Em São Paulo, os ministros minimizaram os desentendimentos que vêm opondo brasileiros e argentinos em torno de licenças de importação não automáticas, mecanismos que, de acordo com os empresários brasileiros, atrasam e dificultam a exportação. "Há problemas com as licenças não automáticas, mas elas são muito pontuais, como a questão das autopeças", disse Miguel Jorge.
Antônio Carlos Meduna, conselheiro do Sindipeças (entidade representativa do setor), critica a posição argentina. "O setor privado cuidava da exportação de baterias, sem problemas. Agora, o governo interveio, e isso pode impactar no futuro do processo produtivo."
Desde o último dia 14, restrição do governo argentino faz com que autopeças brasileiras demorem pelo menos 30 dias para serem liberadas.
Em Buenos Aires, o ministro da Economia argentino também relativizou o problema: "As questões setoriais não necessariamente coincidem 100% com as questões estruturais nacionais", disse Boudou.
Durante o encontro, os ministros anunciaram a introdução de uma espécie de "fast track" (alusão ao mecanismo utilizado pelo governo americano para agilizar a implementação de acordos comerciais) para solucionar questões "pontuais". Miguel Jorge disse que funcionários dos dois países se reunirão para discutir "sempre que for necessário". As reuniões ministeriais regulares são bimestrais.


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