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VIZINHO EM CRISE
Bancos têm captação líquida de 1,8 bilhão de pesos no trimestre
Argentina contém fuga de depósitos
JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES
Apesar de o setor produtivo ainda trabalhar muito abaixo de sua
capacidade, o governo argentino
tenta ao menos comemorar a recuperação financeira e o fim da
fuga de recursos dos bancos, iniciados no final do ano passado.
De acordo com relatório elaborado pelo Banco Central, as instituições financeiras argentinas tiveram no terceiro trimestre deste
ano uma captação líquida positiva de 1,82 bilhão de pesos.
Nos três trimestres anteriores,
os bancos argentinos sofreram
com uma fuga de depósitos de
mais de 40 bilhões de pesos que
não pôde ser contida nem pela decretação do "corralito" (nome dado às restrições para saques vigentes desde dezembro).
Há quatro meses, no entanto, o
BC começou a oferecer taxas de
juros de até 115% em leilões de títulos públicos. Com isso, boa parte dos investidores preferiu apostar nos papéis do BC em vez de
comprar dólares, e a cotação da
moeda se estabilizou.
Gradualmente, os pequenos
correntistas também perceberam
a atratividade dos títulos do BC e
começaram a investir em depósitos bancários indexados a esses
papéis.
No entanto, o BC estima, no
mesmo relatório, que a atividade
produtiva no país tenha permanecido em níveis muito baixos
durante o terceiro trimestre. Após
cair 14,9% no primeiro semestre,
o PIB teria crescido 0,5% entre julho e setembro na comparação
com os três meses anteriores.
Esse relatório foi enviado ao
FMI (Fundo Monetário Internacional) para tentar convencer o
organismo que os problemas do
sistema financeiro já estão praticamente resolvidos e que não justificam as dificuldades enfrentadas pelo país para chegar a um
acordo com o FMI.
Nesta semana, as negociações
poderão continuar por telefone
ou com o envio de uma nova missão técnica do organismo a Buenos Aires.
Uma pesquisa divulgada ontem
mostra que 64% dos argentinos
acreditam que o país não deveria
usar as reservas internacionais
para honrar a dívida externa, cujo
pagamento está suspensos desde
dezembro.
O estudo, elaborado pela consultoria Catterberg & Associados,
mostra também que 44% da população acha importante honrar
os compromissos, mas defende
que os pagamentos sejam retomados apenas após a negociação
de juros e prazos mais favoráveis.
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