São Paulo, terça-feira, 22 de outubro de 2002

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VIZINHO EM CRISE

Bancos têm captação líquida de 1,8 bilhão de pesos no trimestre

Argentina contém fuga de depósitos

JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES

Apesar de o setor produtivo ainda trabalhar muito abaixo de sua capacidade, o governo argentino tenta ao menos comemorar a recuperação financeira e o fim da fuga de recursos dos bancos, iniciados no final do ano passado.
De acordo com relatório elaborado pelo Banco Central, as instituições financeiras argentinas tiveram no terceiro trimestre deste ano uma captação líquida positiva de 1,82 bilhão de pesos.
Nos três trimestres anteriores, os bancos argentinos sofreram com uma fuga de depósitos de mais de 40 bilhões de pesos que não pôde ser contida nem pela decretação do "corralito" (nome dado às restrições para saques vigentes desde dezembro).
Há quatro meses, no entanto, o BC começou a oferecer taxas de juros de até 115% em leilões de títulos públicos. Com isso, boa parte dos investidores preferiu apostar nos papéis do BC em vez de comprar dólares, e a cotação da moeda se estabilizou.
Gradualmente, os pequenos correntistas também perceberam a atratividade dos títulos do BC e começaram a investir em depósitos bancários indexados a esses papéis.
No entanto, o BC estima, no mesmo relatório, que a atividade produtiva no país tenha permanecido em níveis muito baixos durante o terceiro trimestre. Após cair 14,9% no primeiro semestre, o PIB teria crescido 0,5% entre julho e setembro na comparação com os três meses anteriores.
Esse relatório foi enviado ao FMI (Fundo Monetário Internacional) para tentar convencer o organismo que os problemas do sistema financeiro já estão praticamente resolvidos e que não justificam as dificuldades enfrentadas pelo país para chegar a um acordo com o FMI.
Nesta semana, as negociações poderão continuar por telefone ou com o envio de uma nova missão técnica do organismo a Buenos Aires.
Uma pesquisa divulgada ontem mostra que 64% dos argentinos acreditam que o país não deveria usar as reservas internacionais para honrar a dívida externa, cujo pagamento está suspensos desde dezembro.
O estudo, elaborado pela consultoria Catterberg & Associados, mostra também que 44% da população acha importante honrar os compromissos, mas defende que os pagamentos sejam retomados apenas após a negociação de juros e prazos mais favoráveis.


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