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São Paulo, quarta-feira, 22 de outubro de 2003

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NO SUFOCO

Queda em setembro foi de 7,72% em relação a agosto, após dois meses de expansão; consumidor está pessimista

Vendas em supermercados voltam a cair

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Foram divulgados ontem os dados sobre as vendas em supermercados no país em setembro. Os resultados chocaram os próprios pesquisadores. Houve queda de 7,72% nas vendas reais em relação a agosto -a terceira maior retração do ano.
Em comparação com setembro de 2002, a redução foi de 9,93%- o pior resultado para o período nessa base de comparação.
"Quando recebi a informação da área econômica, entramos em contato com as seis maiores lojas do país para tentar entender o que está acontecendo", diz João Carlos de Oliveira, presidente da Abras, entidade que representa o setor e que apresentou os dados.
A retração em setembro ocorre após dois meses de desempenhos positivos (julho e agosto).
Resultados do Carrefour e do Pão de Açúcar, as duas maiores redes de supermercados do país, mostram que as cadeias tiveram resultados tímidos, quando não números negativos nos balanços.
Segundo balancete do Carrefour publicado na França, as vendas no Brasil apresentaram alta de 9,2% no terceiro trimestre, mas, descontado o efeito da depreciação da moeda local, a expansão foi de 1,2% em relação ao ano passado. De janeiro a setembro, sem contar os efeitos da moeda, houve queda de 21% nas vendas.
No Pão de Açúcar, houve retração de 9,3% nas vendas líquidas (e descontada a inflação) em setembro em relação a 2002. Nesse caso, são contabilizados os resultados apenas das mesmas lojas que a rede tinha no ano passado.
Para analistas de varejo, a forte migração de consumidores de marcas líderes para marcas de preços mais baixos -movimento esse que ainda não terminou- assim como a queda na renda ainda são fatores que pesam nos resultados do setor. Para a Abras, a queda em setembro, após dois meses no azul, pode ser explicada pelo comportamento do consumidor. "Os gastos em setembro ficaram concentrados no pagamento de dívidas", diz Oliveira.

Reunião fechada
No início da tarde de ontem, executivos das principais redes de supermercados no país e representantes de pequenas lojas se reuniram em São Paulo. Foram debater soluções a serem apresentadas ao Procon. As lojas são alvo de uma forte fiscalização da entidade, que solicitou às redes mudanças na forma como operam.
O Procon quer que as redes apertem a fiscalização do prazo de validade dos produtos, por exemplo. Atualmente, as lojas têm equipes internas que verificam, durante o dia e por amostragem, o prazo de validade das mercadorias. Para o Procon, isso é pouco.
Ontem, a Fecomercio SP apresentou o IIC (Índice de Intenções do Consumidor) de outubro: 99,52 pontos -taxa semelhante à de setembro. Abaixo de cem pontos, indica pessimismo dos consumidores em relação à situação econômica. Segundo o levantamento, 48,4% de 900 entrevistados não pretendem comprar bens duráveis (DVDs, TVs) nos próximos dois meses.


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