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TENSÃO PÓS-COPOM
Redes dizem que tentarão adiar repasse da alta da Selic para evitar efeito negativo nas vendas de final de ano
Varejo estuda segurar juros para "salvar" Natal
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
As redes varejistas colocaram
em banho-maria a decisão de alterar os juros do crediário, após a
alta na taxa Selic definida anteontem. A Folha apurou que a estratégia é tentar adiar a alta para o
início de 2005, pelo menos, para
evitar um efeito psicológico negativo nas vendas natalinas.
As redes Extra e Carrefour informam que não irão alterar os juros agora. A Casas Bahia está analisando a questão. A Panashop irá
"esperar um pouco mais" antes
de optar por uma eventual subida. O Ponto Frio não se manifestou a respeito.
Essa discussão precisa, em alguns casos, envolver as financeiras e tem de ser decidida com base
num possível aumento dos custos
financeiros das empresas, com a
alteração na Selic. Explica-se: lojas
sem capital próprio para financiar
as compras a prazo formam parcerias com as financeiras, que
pertencem aos bancos e oferecem
o parcelamento.
Alguns analistas acreditam que
o país entra numa faixa de risco
para o bom desempenho das vendas natalinas neste ano, com a segunda alta consecutiva na Selic.
"O momento agora é delicado.
Se as lojas perceberem um arrefecimento nas vendas nas próximas
semanas e o Copom vier com nova alta nos juros em novembro,
então a data ficará comprometida
e as estimativas de Natal gordo
vão ao chão", explica Miguel Oliveira, presidente da Anefac, a associação nacional dos executivos
de finanças.
"O varejo não tem "colchão" para absorver subidas consecutivas
nas taxas. Além disso, provavelmente essa medida vai ter efeito
psicológico nas vendas natalinas,
pois o consumidor reage a essas
notícias", diz Guilherme Afif Domingos, presidente da Associação
Comercial de São Paulo.
Isso não é um consenso entre os
economistas. Fabio Silveira, sócio
da MS Consulting, acredita que a
indústria não vá alterar os planos
de compra por conta de um aumento nas taxas. "O que vai ocorrer é uma inibição no ritmo de expansão para 2005", diz.
A estimativa das associações e
das lojas, até o momento, é de um
Natal com vendas superiores às
dos últimos quatro anos.
Pressão da concorrência
Na prática, alterações na taxa
básica de juros acabam respingando no mercado, mas não imediatamente.
Isso acontece por uma questão
de concorrência. As lojas aguardam a posição da loja vizinha e a
forma como o mercado agirá, para dar o passo. Ninguém quer ser
o primeiro a subir a taxa.
"Há uma questão de competição aí que é levada em conta. Você
não irá subir as taxas se o mercado segura. Além disso, já há uma
comunicação montada com base
nas taxas atuais. Então, pode haver um impacto, mas não acontece agora", diz Edson Pinto, diretor financeiro da Panashop.
Na reunião anterior do Copom,
em setembro, que determinou
uma elevação de 0,25 ponto percentual na Selic, a Casas Bahia fez
uma alteração, por exemplo.
Retirou, dias após o anúncio do
governo, a promoção da taxa de
1% ao mês e começou a veicular
uma ação que determinava extensão no prazo para pagamento da
primeira parcela da compra. Em
outubro, a taxa mensal de 1% voltou só para alguns produtos.
A rede nega que tenha feito mudanças por conta de alteração na
Selic. Informa ainda que já planejava acabar com a promoção da
taxa de 1% ao mês neste ano e que
a decisão apenas foi acelerada.
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