São Paulo, sexta-feira, 22 de outubro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Investimento estrangeiro registra queda para US$ 646 mi em setembro

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O fluxo de capital externo para o Brasil registrou forte queda em setembro, mas apresenta sinais de melhora neste mês, segundo dados do Banco Central.
O ingresso de investimento estrangeiro direto ficou em US$ 646 milhões no mês passado, enquanto as empresas instaladas no país renovaram somente 26% das parcelas da dívida externa que venceram no período.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, disse ontem que os dados de setembro representam um resultado isolado, pois números parciais deste mês já mostram uma ligeira recuperação.
Até ontem, segundo Lopes, o país havia recebido US$ 1,1 bilhão em investimentos e 51% das parcelas da dívida haviam sido renovadas.
"Nós já sabíamos que o resultado de setembro não seria tão forte. Mas as sondagens que fazemos com as empresas já apontavam intenções muito fortes de investimentos no Brasil", afirmou.
Segundo Lopes, o BC tem mantido contato com várias empresas multinacionais que já manifestaram planos de investir no país.
Neste ano, o BC estima em US$ 17 bilhões o ingresso de investimentos estrangeiros para o Brasil. Nesse número, estão incluídos US$ 6,089 bilhões de uma transação referente à fusão da brasileira AmBev com a belga Interbrew. Nessa negociação, houve uma troca de ações entre as empresas -a parte da Interbrew foi contabilizada como investimento estrangeiro, mas não resultou em ingresso efetivo de dinheiro, já que a AmBev enviou o mesmo valor para o exterior.
Lopes disse que, neste mês, o país deve receber US$ 1,6 bilhão em investimentos. Isso elevaria para US$ 14,4 bilhões o ingresso de capital estrangeiro no país neste ano -US$ 8,3 bilhões, se descontada a operação da AmBev. Em 2003, a entrada foi de US$ 10,144 bilhões.
Para o economista Fernando Ribeiro, da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica), o baixo volume de investimentos recebidos pelo Brasil é reflexo de problemas enfrentados pela economia brasileira. "Não dá para ser diferente, com esse crescimento medíocre e com uma política monetária sem a menor razão de ser", disse, referindo-se à taxa de juros praticada no país, que foi elevada pelo BC anteontem.
Além disso, segundo Ribeiro, a falta de infra-estrutura -portos perto de seu limite de capacidade, estradas em más condições e fornecimento de energia- afastam as empresas, que acabam preferindo direcionar seus investimentos em outros países emergentes, como a China e a Rússia.


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Trabalho: Bancários de BB e Caixa obtêm vitória no TST
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.