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TRABALHO
Tribunal determina por unanimidade que bancos estatais concedam reajuste de 8,5% a 12,77% mais abono de R$ 1.000
Bancários de BB e Caixa obtêm vitória no TST
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os bancários da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil
conseguiram ontem uma vitória
no julgamento do dissídio coletivo no TST (Tribunal Superior do
Trabalho). Por unanimidade, o
tribunal determinou que os bancos concedam à categoria um reajuste de 8,5% a 12,77%, além de
um abono salarial de R$ 1.000.
O TST, por maioria, ainda decidiu que os dias parados não podem ser descontados dos salários.
Metade do período deverá ser remunerada normalmente pelos
bancos. A outra metade, compensada com horas trabalhadas.
A Caixa e o BB já haviam descontado cinco dias dos grevistas.
O dinheiro terá de ser devolvido.
O TST não quis se pronunciar
sobre o pedido dos bancários de
PLR (participação nos lucros e resultados). Os ministros disseram
que crêem na negociação.
Os bancos privados esperavam
o julgamento para retomar as negociações com seus funcionários.
Reunião hoje da Executiva Nacional dos Bancários deve debater a
decisão do TST e a estratégia para
negociar com a banca privada.
"Mas já adiantamos que os trabalhadores não aceitarão PLR inferior àquela que tinham conquistado no processo negocial [de
80% do salário mais R$ 705]."
No julgamento, embora o tribunal tenha avaliado que a greve
"formalmente" foi abusiva, a paralisação foi considerada legítima.
"Materialmente, a greve foi dentro dos padrões. Não houve excesso de nenhuma das partes. Se
tivesse havido por parte dos trabalhadores, teria desconto dos
dias parados", argumentou o relator do dissídio, ministro Antônio Levenhagen. O movimento
foi considerado "formalmente"
abusivo porque não respeitou a
legislação que determina a comunicação de paralisações com 72
horas de antecedência. A greve foi
decidida na noite de 14 de setembro e começou no dia seguinte.
O BB informou que a devolução
do desconto é algo simples que
poderia ser feito ainda ontem. O
salário dos grevistas foi pago integralmente, mas o desconto foi feito na conta corrente dos trabalhadores. Os bancários vão entrar na
Justiça contra o procedimento.
A decisão do TST sobre o reajuste salarial é a mesma negociada
entre os bancos e os bancários.
Haverá reajuste de 8,5% sobre o
salário de agosto. Para quem ganha até R$ 1.500, há um adicional
de R$ 30 (aumento de até 12,8%).
Demais benefícios dos bancários também deverão ser reajustados em 8,5%. O abono definido
pelo tribunal valerá apenas para
funcionários ativos. Os aposentados não serão beneficiados.
Para o presidente da CNB-CUT
(Confederação Nacional dos Bancários da Central Única dos Trabalhadores), Vagner Freitas, o
dissídio teve um resultado positivo. "Mas muitas cláusulas ainda
precisam ser negociadas, inclusive o PLR. Sem entendimento, a
categoria pode ter nova greve."
Embora tenha comemorado o
julgamento, a CNB-CUT era contra o dissídio coletivo, expondo o
racha na categoria. "Independemente do resultado, o dissídio
não é desejado. Não podemos discutir composição dentro de um
tribunal", declarou Freitas.
O dissídio foi ajuizado pela
Contec (Confederação Nacional
dos Trabalhadores nas Empresas
de Crédito). Ela tem o direito de
representar nacionalmente os
bancários. Mas não contava com
representatividade. A maioria dos
sindicatos é filiada à CUT.
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