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AGRICULTURA
Com restrições ao uso de Paranaguá, exportação do país vizinho caiu de 120 mil toneladas, em 2002, para 5.000 neste ano
Paraguai reclama de veto a transgênico no PR
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
A decisão do governo do Paraná
de proibir a exportação de soja
transgênica pelo porto de Paranaguá levou os exportadores paraguaios a diminuir seu movimento
no porto paranaense de 120 mil
toneladas em 2002 para 30 mil toneladas em 2003 e apenas 5.000
toneladas neste ano.
Esses números estão causando
uma situação desconfortável para
o governo paraguaio, que tem evitado reclamar ao governo brasileiro por uma questão de diplomacia. Mas existe descontentamento, apurou a Agência Folha.
"Não me sinto à vontade para
opinar sobre a decisão de um governo autônomo [o governo do
Estado do Paraná]. O governador
está no seu direito. Agora, que
prejudica o Paraguai, prejudica, e
prejudica o próprio Brasil também", afirmou ontem o ministro
da Agricultura do Paraguai, Antonio Ibañez.
O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), é um crítico da medida provisória assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula de Silva que libera o cultivo de
soja transgênica no país.
Requião já anunciou que o produto não será exportado por meio
do porto de Paranaguá, pois, segundo ele, o porto "não tem condição para fazer a segregação entre soja convencional e transgênica e continua fechado para os
transgênicos".
"Cada vez estamos utilizando
menos esses corredor de exportação, o que encarece nossas exportações", disse o ministro paraguaio.
"Temos, por convênio, um porto livre em Paranaguá. Mas há
tantos entraves impostos pelo governo que estamos limitados para
exportar por ali. Paranaguá está,
na verdade, praticamente vedado
para nós. Com cautela, queremos
destravar isso."
Alternativa
Os portos utilizados pelos paraguaios como alternativa são uruguaios e argentinos, de acordo
com as informações do presidente da Capeco (Câmara Paraguaia
de Exportadores de Cereais e
Oleaginosas), César Jure.
Existem regiões do Paraguai
-como o Alto Paraná e Kandiyu- que, devido à sua localização, têm um custo de US$ 27 por
tonelada exportada por Paranaguá e US$ 37 por tonelada exportada pelo Rio de la Plata (Argentina e Uruguai).
Havia, no ano passado, uma estimativa feita pela Capeco segundo a qual os exportadores teriam
prejuízo da ordem de US$ 30 milhões a US$ 35 milhões, em razão
de custos logísticos, como os gastos com frete e a própria demora
do produto para chegar ao destino final. Jure, porém, não soube
precisar se esses números se confirmaram.
Outro lado
A Agência Folha não obteve retorno da Superintendência do
porto de Paranaguá a respeito das
preocupações paraguaias.
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