São Paulo, sexta-feira, 22 de outubro de 2004

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AGRICULTURA

Com restrições ao uso de Paranaguá, exportação do país vizinho caiu de 120 mil toneladas, em 2002, para 5.000 neste ano

Paraguai reclama de veto a transgênico no PR

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

A decisão do governo do Paraná de proibir a exportação de soja transgênica pelo porto de Paranaguá levou os exportadores paraguaios a diminuir seu movimento no porto paranaense de 120 mil toneladas em 2002 para 30 mil toneladas em 2003 e apenas 5.000 toneladas neste ano.
Esses números estão causando uma situação desconfortável para o governo paraguaio, que tem evitado reclamar ao governo brasileiro por uma questão de diplomacia. Mas existe descontentamento, apurou a Agência Folha.
"Não me sinto à vontade para opinar sobre a decisão de um governo autônomo [o governo do Estado do Paraná]. O governador está no seu direito. Agora, que prejudica o Paraguai, prejudica, e prejudica o próprio Brasil também", afirmou ontem o ministro da Agricultura do Paraguai, Antonio Ibañez.
O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), é um crítico da medida provisória assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula de Silva que libera o cultivo de soja transgênica no país.
Requião já anunciou que o produto não será exportado por meio do porto de Paranaguá, pois, segundo ele, o porto "não tem condição para fazer a segregação entre soja convencional e transgênica e continua fechado para os transgênicos".
"Cada vez estamos utilizando menos esses corredor de exportação, o que encarece nossas exportações", disse o ministro paraguaio.
"Temos, por convênio, um porto livre em Paranaguá. Mas há tantos entraves impostos pelo governo que estamos limitados para exportar por ali. Paranaguá está, na verdade, praticamente vedado para nós. Com cautela, queremos destravar isso."

Alternativa
Os portos utilizados pelos paraguaios como alternativa são uruguaios e argentinos, de acordo com as informações do presidente da Capeco (Câmara Paraguaia de Exportadores de Cereais e Oleaginosas), César Jure.
Existem regiões do Paraguai -como o Alto Paraná e Kandiyu- que, devido à sua localização, têm um custo de US$ 27 por tonelada exportada por Paranaguá e US$ 37 por tonelada exportada pelo Rio de la Plata (Argentina e Uruguai).
Havia, no ano passado, uma estimativa feita pela Capeco segundo a qual os exportadores teriam prejuízo da ordem de US$ 30 milhões a US$ 35 milhões, em razão de custos logísticos, como os gastos com frete e a própria demora do produto para chegar ao destino final. Jure, porém, não soube precisar se esses números se confirmaram.

Outro lado
A Agência Folha não obteve retorno da Superintendência do porto de Paranaguá a respeito das preocupações paraguaias.


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