São Paulo, sexta-feira, 22 de outubro de 2004

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MERCOSUL

"Situação não é razoável", diz

Furlan eleva tom sobre disputa com Argentina

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) endureceu ontem o tom do discurso na disputa comercial do Brasil com a Argentina. "O Brasil não vai abrir mão do mercado argentino em favor de terceiros, porque todo o argumento que foi construído é que a indústria argentina precisava ter um espaço. Se é para abrir mão para terceiros, não tem jogo."
De acordo com o ministro, o Brasil poderá adotar medidas semelhantes às da Argentina. Haverá uma reunião para tratar do assunto no início de dezembro. "Nós podemos usar ferramentas equivalentes", disse Furlan. Ele, no entanto, ressaltou que prefere conversar. "O nosso caminho é sempre o diálogo", disse.
Furlan disse que a situação atual entre os dois países não é sustentável. "Não podemos imaginar que essa situação possa continuar para sempre. Não é razoável."
Na quarta-feira, a Folha informou que os fabricantes de lavadoras de roupa brasileiros haviam decidido cortar suas linhas de produção em razão da medidas protecionistas da Argentina.
Pelo acordo entre Brasil e Argentina, o Brasil ficava com uma cota de 50% do mercado de geladeiras, lavadoras de roupa e fogões, e os outros 50% seriam ocupados por fabricantes locais. A Argentina, no entanto, autorizou a entrada de geladeiras vindas de Chile, México, Tailândia, Coréia do Sul e Estados Unidos.

União Européia
Furlan lamentou o fracasso das negociações entre Mercosul e União Européia. "As conversas iam bem no nível ministerial, mas empacavam no nível técnico. Foi perdido um tempo precioso que não foi possível recuperar."
Segundo ele, no entanto, o Brasil tinha "um plano A e um plano B" em Lisboa. O "plano A" era fechar o acordo. O plano B era "deixar o tema engatilhado" para a continuação das negociações. "O setor privado europeu está engajado, e há um interesse político nos dois lados, então nós precisamos suar um pouco mais a camisa e chegar a bom termo."


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