|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FRAUDES DO CAPITAL
CVM confirma punição aplicada a Sergio Cragnotti; empresário continua em prisão domiciliar na Itália
Mantida multa de R$ 62 mi a dono da Bombril
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
O empresário italiano Sergio
Cragnotti não conseguiu se livrar
da multa de R$ 62,5 milhões que a
CVM (Comissão de Valores Mobiliários) lhe aplicou em 2002 por
abuso de poder na condição de
acionista controlador da Bombril.
Ontem, o Conselho de Recursos
do Sistema Financeiro Nacional,
conhecido como "conselhinho",
manteve a punição por unanimidade. Além da multa, ele está impedido de dirigir companhias
abertas no Brasil por cinco anos.
É a maior punição já aplicada
pela CVM a uma pessoa física. Segundo os advogados de Cragnotti, ele se encontra em prisão domiciliar em Roma e deverá ser notificado por carta precatória, após
a publicação do acórdão.
A CVM abriu a investigação
contra Cragnotti, em fevereiro de
1999, por suspeitar que ele estava
desviando recursos da Bombril
para suas empresas no exterior.
As investigações constataram que
a Bombril transferiu R$ 1,3 bilhão
para o acionista controlador, sob
a forma de empréstimos.
Por orientação de Cragnotti, a
Bombril comprou a Cirio Holding, do grupo Cragnotti & Partners, em agosto de 97. Os US$ 380
milhões foram pagos à vista, com
recursos que a Bombril captou no
mercado de ações brasileiro.
A partir de janeiro de 1998, a
Bombril adquiriu novas empresas, financiando-se com empréstimos de curto prazo em bancos.
A situação da empresa se deteriorou e, a propósito de evitar o colapso, ela revendeu a Cirio Holding a Cragnotti, para pagamento
a prazo, pela mesma cifra de US$
380 milhões. A venda ocorreu em
dezembro de 1998.
A operação despertou suspeita
porque, na seqüência, o conselho
de administração da Bombril
aprovou aplicar o dinheiro da
venda da Cirio Holding na capitalização de uma outra empresa no
exterior, a Bombril Overseas.
Administração judicial
O controle acionário da Bombril pertence oficialmente ao grupo Cirio Finanziaria, de Cragnotti, mas o Judiciário de São Paulo já
autorizou a venda das ações em
leilão. Desde julho de 2003 a Bombril é administrada judicialmente.
O herdeiro do fundador da
Bombril, Ronaldo Sampaio Ferreira, cobra de Cragnotti uma dívida de US$ 180 milhões e conseguiu penhorar as ações dos italianos. Cragnotti foi preso acusado
de gestão fraudulenta na Cirio.
Texto Anterior: Informática: Lucro da Microsoft cresce 11% no 3º tri Próximo Texto: O vaivém das commodities Índice
|