São Paulo, sexta-feira, 22 de outubro de 2004

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FRAUDES DO CAPITAL

CVM confirma punição aplicada a Sergio Cragnotti; empresário continua em prisão domiciliar na Itália

Mantida multa de R$ 62 mi a dono da Bombril

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

O empresário italiano Sergio Cragnotti não conseguiu se livrar da multa de R$ 62,5 milhões que a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) lhe aplicou em 2002 por abuso de poder na condição de acionista controlador da Bombril.
Ontem, o Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional, conhecido como "conselhinho", manteve a punição por unanimidade. Além da multa, ele está impedido de dirigir companhias abertas no Brasil por cinco anos.
É a maior punição já aplicada pela CVM a uma pessoa física. Segundo os advogados de Cragnotti, ele se encontra em prisão domiciliar em Roma e deverá ser notificado por carta precatória, após a publicação do acórdão.
A CVM abriu a investigação contra Cragnotti, em fevereiro de 1999, por suspeitar que ele estava desviando recursos da Bombril para suas empresas no exterior. As investigações constataram que a Bombril transferiu R$ 1,3 bilhão para o acionista controlador, sob a forma de empréstimos.
Por orientação de Cragnotti, a Bombril comprou a Cirio Holding, do grupo Cragnotti & Partners, em agosto de 97. Os US$ 380 milhões foram pagos à vista, com recursos que a Bombril captou no mercado de ações brasileiro.
A partir de janeiro de 1998, a Bombril adquiriu novas empresas, financiando-se com empréstimos de curto prazo em bancos. A situação da empresa se deteriorou e, a propósito de evitar o colapso, ela revendeu a Cirio Holding a Cragnotti, para pagamento a prazo, pela mesma cifra de US$ 380 milhões. A venda ocorreu em dezembro de 1998.
A operação despertou suspeita porque, na seqüência, o conselho de administração da Bombril aprovou aplicar o dinheiro da venda da Cirio Holding na capitalização de uma outra empresa no exterior, a Bombril Overseas.

Administração judicial
O controle acionário da Bombril pertence oficialmente ao grupo Cirio Finanziaria, de Cragnotti, mas o Judiciário de São Paulo já autorizou a venda das ações em leilão. Desde julho de 2003 a Bombril é administrada judicialmente.
O herdeiro do fundador da Bombril, Ronaldo Sampaio Ferreira, cobra de Cragnotti uma dívida de US$ 180 milhões e conseguiu penhorar as ações dos italianos. Cragnotti foi preso acusado de gestão fraudulenta na Cirio.


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