|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Para felicidade geral, imposto não pode subir", diz Delfim
DA REPORTAGEM LOCAL
O economista Antonio Delfim Netto é um dos maiores defensores de um ajuste no gasto
público. Leia entrevista:
(FCZ)
FOLHA - A maior parte do gasto
não pode sofrer corte. O custeio é só
uma pequena parcela, e o investimento já está no osso. O que fazer?
ANTÔNIO DELFIM NETTO - Para felicidade geral, não pode mais haver aumento de imposto, pois a
sociedade não tolera mais isso.
Por outro lado, não pode mais
aumentar a dívida, pois existe a
percepção de que, se ela passar
muito de 50% do PIB, o mercado financeiro tem "taquicardia" e exige aumento de juros,
arruinando tudo. O momento
atual é muito propício, pois o
governo não tem mais saída.
Trata-se agora de fazer um
programa em que as despesas
não sejam fixadas em relação
ao PIB ou à receita, pois isso
não adianta. É preciso entregar
às várias áreas do governo os
mesmos recursos todos os anos
por um período de vários anos.
A correção dos valores acompanharia só o IPCA (inflação). Assim, será exigido aumento da
eficiência, cujo codinome é
"choque de gestão", que faça a
produtividade do governo crescer algo como 1,5% ao ano.
FOLHA - E qual seria a estratégia
para os demais gastos obrigatórios,
como salários e Previdência? Corrigir
apenas pela inflação?
DELFIM NETTO - Dar só a inflação.
É isso. Na verdade, esses aumentos dados ao salário mínimo são o mecanismo menos
eficiente para reduzir a pobreza. Agora isso já está dado. Acabou. Não vai poder continuar
fazendo. Se quiser fazer isso, o
governo terá de se conformar
com um país que continuará
tendo um crescimento lento.
FOLHA - O sr. teme que o espaço
aberto pela redução da taxa de juro
na despesa financeira acabe sendo
coberto por novos aumentos nos
gastos correntes?
DELFIM NETTO - Na minha opinião, todos esses recursos devem ser utilizados para aumentar o investimento público. Isso
é o fundamental para incentivar o crescimento. Creio que o
governo tenha hoje plena consciência do problema dos gastos.
Texto Anterior: Despesa do governo cresce quase 3 vezes o PIB Próximo Texto: Economia com juro pode financiar despesas Índice
|