São Paulo, quarta-feira, 22 de outubro de 2008

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MERCADO ABERTO

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Conselhão defende ação mais firme do BC e trégua nos juros

O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, preparou uma moção ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva recomendando quatro iniciativas ao governo para enfrentar a crise econômica internacional. A entrega do documento a Lula, inicialmente prevista para hoje, foi adiada.
De acordo com o documento, os conselheiros sugerem que o Banco Central intensifique sua atuação para a estabilização do câmbio e uma intervenção mais ativa nos bancos públicos e privados para restabelecer o crédito voltado às atividades produtivas e ao comércio.
Também são recomendadas na moção a suspensão do ciclo de alta da taxa básica de juros já na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) e a manutenção do ritmo de crescimento dos investimentos públicos e do compromisso com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
"Esses quatro pontos mostram formas de gerir a economia com os olhos no emprego, para não permitir que o desemprego aumente e que a economia brasileira entre em recessão", afirma o empresário Antoninho Trevisan, membro do Conselhão e um dos responsáveis pela proposta.
Segundo ele, a moção foi elaborada pelos seis integrantes do comitê gestor do órgão na semana passada -Trevisan, Clemente Ganz Lúcio (Dieese), Germano Rigotto (ex-governador do Rio Grande do Sul), Paulo Godoy (Abdib), José Lopes Feijó (Sindicato dos Metalúrgicos do ABC) e Zilda Arns (Pastoral da Criança).
A idéia surgiu na semana anterior em uma reunião com o economista Luiz Gonzaga Bel- luzzo. "Queríamos indicar ao presidente qual a visão dos conselheiros sobre a atuação do Brasil na crise", diz Trevisan.
O Banco Central já tomou algumas atitudes ante a turbulência financeira, como a redução dos depósitos compulsórios e a realização de leilões de dólar. Para Trevisan, essas iniciativas foram corretas, mas pode ser que novas ações sejam necessárias. "Se preciso, o governo também deve atuar adquirindo participações em bancos e empresas que tiverem problemas financeiros."

Ação dos BCs faz LCA manter projeções

Apesar de admitir que os indicadores econômicos apontam para um desempenho pior do que suas projeções para importantes economias, como a norte-americana e a inglesa, a consultoria LCA mantém suas estimativas para o cenário básico. A consultoria justificou a decisão pela "postura proativa das autoridades, que vêm reconhecendo os riscos de um desaquecimento global mais pronunciado e prolongado".
A LCA espera que, até a metade do ano que vem, os países ricos fiquem estagnados ou sofram uma leve recessão, uma desaceleração moderada dos emergentes e uma recuperação da atividade econômica a partir do segundo semestre de 2009.
"Nesse contexto, avaliamos que os preços do petróleo e das demais commodities, industriais e agrícolas, deverão continuar a oscilar em torno, ou um pouco acima, dos patamares atuais", projetou a consultoria em relatório divulgado ontem.
A consultoria está atenta a novas ações do governo norte-americano para reforçar estímulos fiscais. Segundo ela, iniciativas nessa direção podem manter os mercados internacionais operando no azul, embora sujeitos à alta volatilidade. A LCA também espera que a moeda dos Estados Unidos volte a se desvalorizar se a crise se diluir.

GUITARRA:
TIM FESTIVAL SENTE EFEITOS DA CRISE E GASTA MAIS COM CACHÊS

A crise também atingiu o TIM Festival. O evento, que começou ontem, também sofreu os efeitos da valorização do dólar. A organização gastou mais com cachês, passagens e frete das bandas internacionais, negociados em moeda estrangeira. "Com a valorização do dólar, tivemos um impacto significativo nos nossos custos", disse Angela Matos, diretora financeira da Dueto Produções, que organiza o evento. Segundo ela, não foi possível renegociar os cachês, pois os contratos já estavam firmados quando o dólar disparou.

NOTINHA

Mauro Muratorio, ex-Microsoft e presidente do grupo TBA, holding de tecnologia, acaba de lançar a NFe do Brasil, empresa focada em desenvolvimento e implementação de sistema de nota fiscal eletrônica. Com investimento de R$ 28 milhões, a NFe espera atingir um faturamento anual de R$ 150 milhões em cinco anos. O foco da NFe é a prestação de serviço a empresas de pequeno porte, que serão obrigadas por lei a emitir a nota fiscal eletrônica. "As grandes vão desenvolver seu próprio sistema. Mas para as pequenas compensa comprar um serviço pronto", diz Muratorio, que não teme a crise, pois foca o negócio no longo prazo. "A crise vai passar."

TALHERES

A crise está provocando o fechamento de restaurantes tradicionais na França, enquanto o McDonald's vai na contramão com a abertura de 29 novas lojas no país neste ano. Segundo a Bloomberg, muitos donos de cafés franceses temem que as pessoas troquem os restaurantes por lanchonetes, mais baratas. O McDonald's passa atualmente por seu melhor momento na França, com expectativa de crescimento de vendas neste ano, atingindo o recorde de 3,35 bilhões. Jean-Pierre Petit, principal executivo da rede na França, diz que espera que o McDonald's se beneficie com a crise no país, mas que a empresa está trabalhando com cautela no cenário nebuloso.

NO FUTURO
O Citigroup só deverá voltar a registrar lucro no final do ano que vem. Segundo analista do Goldman Sachs, o Citi deverá passar os próximos 12 meses sem perspectiva de gerar lucro. O banco, que ocupa o segundo lugar entre os maiores dos EUA, parece ser o mais fragilizado nesta crise. No final da última semana, o Citigroup divulgou uma perda de US$ 2,8 bilhões no terceiro trimestre deste ano e acumula prejuízo de US$ 20,2 bilhões desde o mês de julho do ano passado, no início da crise.

PIONEIRO
A mostra fotográfica "A trajetória de Octavio Frias de Oliveira" está em exposição na praça acadêmica da FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas) até o fim do mês, na avenida Liberdade, 899. Com entrada gratuita, a exposição mostra a atuação do publisher da Folha na história do país e da imprensa. "A aposta na modernidade que Frias realizou na imprensa brasileira nos cabe agora como um exemplo de pioneirismo", afirma Arthur de Macedo, vice-reitor da FMU.

AQUECIMENTO
Nicholas Stern, ex-economista-chefe do Banco Mundial, vai à Fiesp no dia 4. Ele liderou a equipe do Relatório Stern, sobre impactos das mudanças climáticas na economia. Segundo o estudo, o aquecimento global pode levar à perda anual de, no mínimo, 5% do PIB global.

LUZ ACESA
Segundo a AES Eletropaulo, houve um recorde histórico de demanda no último dia 15 de outubro, às 20h, quando foram registrados 7.495,63 megawatts. A empresa, com 16,5 milhões de clientes, afirma que não teve problema para atender o volume de energia.

TERRITÓRIO
Neste mês, o programa "Mais" do Pão de Açúcar chega reformulado a 61 lojas da rede em SP. Em 2009 o programa se estenderá aos demais Estados e cidades em que a rede atua. Na nova fase, em vez de cartão de identificação, o cliente apresentará o número do CPF.

com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI



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