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MERCADO ABERTO
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
Conselhão defende ação mais firme do BC e trégua nos juros
O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o
Conselhão, preparou uma moção ao presidente Luiz Inácio
Lula da Silva recomendando
quatro iniciativas ao governo
para enfrentar a crise econômica internacional. A entrega do
documento a Lula, inicialmente prevista para hoje, foi adiada.
De acordo com o documento,
os conselheiros sugerem que o
Banco Central intensifique sua
atuação para a estabilização do
câmbio e uma intervenção
mais ativa nos bancos públicos
e privados para restabelecer o
crédito voltado às atividades
produtivas e ao comércio.
Também são recomendadas
na moção a suspensão do ciclo
de alta da taxa básica de juros já
na próxima reunião do Copom
(Comitê de Política Monetária)
e a manutenção do ritmo de
crescimento dos investimentos
públicos e do compromisso
com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
"Esses quatro pontos mostram formas de gerir a economia com os olhos no emprego,
para não permitir que o desemprego aumente e que a economia brasileira entre em recessão", afirma o empresário Antoninho Trevisan, membro do
Conselhão e um dos responsáveis pela proposta.
Segundo ele, a moção foi elaborada pelos seis integrantes
do comitê gestor do órgão na
semana passada -Trevisan,
Clemente Ganz Lúcio (Dieese),
Germano Rigotto (ex-governador do Rio Grande do Sul), Paulo Godoy (Abdib), José Lopes
Feijó (Sindicato dos Metalúrgicos do ABC) e Zilda Arns (Pastoral da Criança).
A idéia surgiu na semana anterior em uma reunião com o
economista Luiz Gonzaga Bel-
luzzo. "Queríamos indicar ao
presidente qual a visão dos conselheiros sobre a atuação do
Brasil na crise", diz Trevisan.
O Banco Central já tomou algumas atitudes ante a turbulência financeira, como a redução dos depósitos compulsórios e a realização de leilões de
dólar. Para Trevisan, essas iniciativas foram corretas, mas
pode ser que novas ações sejam
necessárias. "Se preciso, o governo também deve atuar adquirindo participações em bancos e empresas que tiverem
problemas financeiros."
Ação dos BCs faz LCA manter projeções
Apesar de admitir que
os indicadores econômicos apontam para um desempenho pior do que
suas projeções para importantes economias, como a norte-americana e a
inglesa, a consultoria LCA
mantém suas estimativas
para o cenário básico. A
consultoria justificou a decisão pela "postura proativa das autoridades, que
vêm reconhecendo os riscos de um desaquecimento global mais pronunciado e prolongado".
A LCA espera que, até a
metade do ano que vem, os
países ricos fiquem estagnados ou sofram uma leve
recessão, uma desaceleração moderada dos emergentes e uma recuperação
da atividade econômica a
partir do segundo semestre de 2009.
"Nesse contexto, avaliamos que os preços do petróleo e das demais commodities, industriais e
agrícolas, deverão continuar a oscilar em torno, ou
um pouco acima, dos patamares atuais", projetou a
consultoria em relatório
divulgado ontem.
A consultoria está atenta a novas ações do governo norte-americano para
reforçar estímulos fiscais.
Segundo ela, iniciativas
nessa direção podem
manter os mercados internacionais operando no
azul, embora sujeitos à alta volatilidade. A LCA
também espera que a
moeda dos Estados Unidos volte a se desvalorizar
se a crise se diluir.
GUITARRA:
TIM FESTIVAL SENTE EFEITOS DA CRISE E GASTA MAIS COM CACHÊS
A crise também atingiu o TIM Festival. O evento, que começou ontem, também sofreu os efeitos da valorização do
dólar. A organização gastou mais com cachês, passagens e
frete das bandas internacionais, negociados em moeda estrangeira. "Com a valorização do dólar, tivemos um impacto
significativo nos nossos custos", disse Angela Matos, diretora financeira da Dueto Produções, que organiza o evento. Segundo ela, não foi possível renegociar os cachês, pois os contratos já estavam firmados quando o dólar disparou.
NOTINHA
Mauro Muratorio,
ex-Microsoft e presidente do grupo TBA,
holding de tecnologia,
acaba de lançar a NFe
do Brasil, empresa focada em desenvolvimento e implementação de sistema de nota
fiscal eletrônica. Com
investimento de R$ 28
milhões, a NFe espera
atingir um faturamento
anual de R$ 150 milhões em cinco anos. O
foco da NFe é a prestação de serviço a empresas de pequeno porte,
que serão obrigadas
por lei a emitir a nota
fiscal eletrônica. "As
grandes vão desenvolver seu próprio sistema. Mas para as pequenas compensa comprar
um serviço pronto", diz
Muratorio, que não teme a crise, pois foca o
negócio no longo prazo.
"A crise vai passar."
TALHERES
A crise está provocando o fechamento de restaurantes tradicionais
na França, enquanto o
McDonald's vai na contramão com a abertura
de 29 novas lojas no
país neste ano. Segundo
a Bloomberg, muitos donos de cafés franceses
temem que as pessoas
troquem os restaurantes por lanchonetes,
mais baratas. O McDonald's passa atualmente
por seu melhor momento na França, com expectativa de crescimento de vendas neste ano,
atingindo o recorde de
3,35 bilhões. Jean-Pierre
Petit, principal executivo
da rede na França, diz
que espera que o McDonald's se beneficie com a
crise no país, mas que a
empresa está trabalhando com cautela no cenário nebuloso.
NO FUTURO
O Citigroup só deverá voltar a registrar lucro no final
do ano que vem. Segundo
analista do Goldman Sachs,
o Citi deverá passar os próximos 12 meses sem perspectiva de gerar lucro. O banco,
que ocupa o segundo lugar
entre os maiores dos EUA,
parece ser o mais fragilizado
nesta crise. No final da última semana, o Citigroup divulgou uma perda de US$
2,8 bilhões no terceiro trimestre deste ano e acumula
prejuízo de US$ 20,2 bilhões
desde o mês de julho do ano
passado, no início da crise.
PIONEIRO
A mostra fotográfica "A
trajetória de Octavio Frias
de Oliveira" está em exposição na praça acadêmica da
FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas) até o fim
do mês, na avenida Liberdade, 899. Com entrada gratuita, a exposição mostra a
atuação do publisher da Folha na história do país e da
imprensa. "A aposta na modernidade que Frias realizou na imprensa brasileira
nos cabe agora como um
exemplo de pioneirismo",
afirma Arthur de Macedo,
vice-reitor da FMU.
AQUECIMENTO
Nicholas Stern, ex-economista-chefe do Banco Mundial, vai à Fiesp no dia 4. Ele
liderou a equipe do Relatório Stern, sobre impactos
das mudanças climáticas na
economia. Segundo o estudo, o aquecimento global pode levar à perda anual de, no
mínimo, 5% do PIB global.
LUZ ACESA
Segundo a AES Eletropaulo, houve um recorde histórico de demanda no último
dia 15 de outubro, às 20h,
quando foram registrados
7.495,63 megawatts. A empresa, com 16,5 milhões de
clientes, afirma que não teve
problema para atender o volume de energia.
TERRITÓRIO
Neste mês, o programa
"Mais" do Pão de Açúcar
chega reformulado a 61 lojas
da rede em SP. Em 2009 o
programa se estenderá aos
demais Estados e cidades
em que a rede atua. Na nova
fase, em vez de cartão de
identificação, o cliente apresentará o número do CPF.
com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI
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