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Dificuldade em negociar preço gera falta de produtos nas lojas
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
Redes varejistas começam a
registrar falta de algumas mercadorias por conta da dificuldade de negociar preços com as
indústrias. Fornos de microondas, videogames e produtos de
informática estão entre os produtos com ofertas limitadas de
marcas e modelos nas lojas.
Dependentes de componentes importados, esses produtos
sofreram impacto com o dólar
mais caro. "Quem paga pelo repasse da alta do dólar no preço
tem mercadoria. Quem não paga não tem, como é o caso da
Lojas Cem", diz Valdemir Col-
leone, diretor da Lojas Cem.
Colleone diz que falta forno
de microondas em praticamente todas as redes e também nas
suas 169 lojas. "Os fornecedores querem reajustar em 30%
os preços dos microondas. Não
dá para pagar isso, então não
temos esse produto", afirma. A
situação é a mesma, segundo
ele, nas linhas de videogames.
A Lojas Colombo, rede com
371 lojas, enfrenta o mesmo
problema, principalmente na
linha de informática, já que as
negociações com os fornecedores estão suspensas. "A Colombo tem estoque e espera que as
vendas da indústria de informática retomem para que possa se reabastecer para o Natal",
informa a rede, por meio de sua
assessoria de imprensa.
Duas associações que representam a indústria eletroeletrônica, a Abinee e a Eletros,
confirmam que as negociações
entre indústria e comércio continuam tensas e, por esse motivo, há falta de alguns produtos,
marcas e modelos nas lojas.
"As indústrias estão segurando as entregas até que o dólar se
estabilize num patamar mais
baixo. A expectativa do setor é
que o dólar fique abaixo de R$
2. Agora, alguma coisa sempre
vende", afirma Lourival Kiçula,
presidente da Eletros.
A oferta de produtos da chamada linha branca, como geladeiras, fogões e lavadoras, segundo ele, está normal porque
as lojas pagaram aumentos de
até 10% nos preços neste mês.
Esse reajuste, segundo ele, é reflexo das altas de preços do aço
e das resinas, e não tem a ver
com a alta do dólar.
Humberto Barbato, presidente da Abinee, diz que a tensão nas negociações entre a indústria e o comércio está nos
novos contratos. "As empresas
estão evitando fazer negociações e por conta disso pode faltar um ou outro modelo de produto devido ao atraso nas negociações, mas essa situação já está melhorando. As empresas
estão tendo muito cuidado na
hora de reajustar preços até
porque a concorrência no setor
é grande", diz Barbato.
Para a Lojas Cem, os produtos da linha branca, como fogões e geladeiras, tiveram aumentos de preços de até 4%
neste mês. Segundo Colleone,
diretor da rede, o consumidor
está mais retraído para as compras. "Esperávamos um crescimento de 11% no faturamento
da empresa para este mês. Até
agora, esse aumento é de 8% sobre igual período de 2007."
Os consumidores, segundo
ele, estão preferindo as compras em prazos mais curtos, já
que os juros subiram. A Lojas
Cem, que banca com recursos
próprios o financiamento feito
pelos clientes, informa que as
taxas de juros cobradas pela rede variam de 1,9% ao mês para
4,7% ao mês.
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