São Paulo, quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Dificuldade em negociar preço gera falta de produtos nas lojas

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Redes varejistas começam a registrar falta de algumas mercadorias por conta da dificuldade de negociar preços com as indústrias. Fornos de microondas, videogames e produtos de informática estão entre os produtos com ofertas limitadas de marcas e modelos nas lojas.
Dependentes de componentes importados, esses produtos sofreram impacto com o dólar mais caro. "Quem paga pelo repasse da alta do dólar no preço tem mercadoria. Quem não paga não tem, como é o caso da Lojas Cem", diz Valdemir Col- leone, diretor da Lojas Cem.
Colleone diz que falta forno de microondas em praticamente todas as redes e também nas suas 169 lojas. "Os fornecedores querem reajustar em 30% os preços dos microondas. Não dá para pagar isso, então não temos esse produto", afirma. A situação é a mesma, segundo ele, nas linhas de videogames.
A Lojas Colombo, rede com 371 lojas, enfrenta o mesmo problema, principalmente na linha de informática, já que as negociações com os fornecedores estão suspensas. "A Colombo tem estoque e espera que as vendas da indústria de informática retomem para que possa se reabastecer para o Natal", informa a rede, por meio de sua assessoria de imprensa.
Duas associações que representam a indústria eletroeletrônica, a Abinee e a Eletros, confirmam que as negociações entre indústria e comércio continuam tensas e, por esse motivo, há falta de alguns produtos, marcas e modelos nas lojas.
"As indústrias estão segurando as entregas até que o dólar se estabilize num patamar mais baixo. A expectativa do setor é que o dólar fique abaixo de R$ 2. Agora, alguma coisa sempre vende", afirma Lourival Kiçula, presidente da Eletros.
A oferta de produtos da chamada linha branca, como geladeiras, fogões e lavadoras, segundo ele, está normal porque as lojas pagaram aumentos de até 10% nos preços neste mês. Esse reajuste, segundo ele, é reflexo das altas de preços do aço e das resinas, e não tem a ver com a alta do dólar.
Humberto Barbato, presidente da Abinee, diz que a tensão nas negociações entre a indústria e o comércio está nos novos contratos. "As empresas estão evitando fazer negociações e por conta disso pode faltar um ou outro modelo de produto devido ao atraso nas negociações, mas essa situação já está melhorando. As empresas estão tendo muito cuidado na hora de reajustar preços até porque a concorrência no setor é grande", diz Barbato.
Para a Lojas Cem, os produtos da linha branca, como fogões e geladeiras, tiveram aumentos de preços de até 4% neste mês. Segundo Colleone, diretor da rede, o consumidor está mais retraído para as compras. "Esperávamos um crescimento de 11% no faturamento da empresa para este mês. Até agora, esse aumento é de 8% sobre igual período de 2007."
Os consumidores, segundo ele, estão preferindo as compras em prazos mais curtos, já que os juros subiram. A Lojas Cem, que banca com recursos próprios o financiamento feito pelos clientes, informa que as taxas de juros cobradas pela rede variam de 1,9% ao mês para 4,7% ao mês.


Texto Anterior: Rio Madeira: Crise leva a adiamento de leilão de linhas de transmissão
Próximo Texto: Confiança de empresários despenca
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.