São Paulo, quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.

Confiança de empresários despenca

Índice da CNI atinge pior nível desde 2005, com grandes empresas registrando as maiores quedas

Setores de álcool, couros, borracha, calçados, papel e celulose e madeira já estão pessimistas; consultor do Iedi teme recessão em 2009

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A crise fez a confiança dos industriais brasileiros cair ao pior nível desde julho de 2005 no terceiro trimestre do ano e já indica pessimismo em relação ao desempenho da economia nos próximos seis meses.
O indicador geral divulgado ontem pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) ficou em 52,5 pontos, uma queda de 5,6 pontos em relação à pesquisa de julho e de 7,9 pontos na comparação com outubro do ano passado, quando a economia dos Estados Unidos já dava sinais de enfraquecimento.
"Apesar da queda, o índice de confiança ainda está relativamente elevado. É claro que o período de forte expansão que vivíamos vai se alterar. Certamente teremos uma desaceleração, mas nada que resulte num quadro recessivo agudo", disse o presidente da CNI, Armando Monteiro Neto, que também considera necessária uma redução nas taxas de juros.
Grande parte da piora na confiança da indústria se deve a uma deterioração das expectativas de médio prazo. Quando indagado sobre as condições atuais da economia, os empresários não mudaram de opinião. A variação desse item foi de apenas 0,1 ponto percentual.
Mas a percepção sobre as condições nos próximos seis meses caiu de 55,4 para 46,7 pontos. Segundo a metodologia da CNI, valores abaixo de 50 pontos indicam pessimismo.
O número de setores que mudou do otimismo ao pessimismo também aumentou. Em julho eram só dois. Agora, produtores de álcool, couros, borracha, calçados, papel e celulose e madeira registraram índices abaixo de 50 pontos. No caso de calçados, a queda na confiança foi de 54,7 pontos a 47 pontos.
A confiança entre os executivos das grandes empresas foi a que mais caiu. Em julho, o índice da CNI atingiu 59,9 pontos. Na pesquisa de outubro, caiu para 51,5 pontos, beirando o pessimismo. Foi a primeira vez desde que a pesquisa começou, em 1999, que as maiores avaliaram o cenário econômico pior que as pequenas empresas.
A explicação está no perfil das grandes companhias: 80% delas, segundo a CNI, são exportadoras e vêm sendo mais diretamente afetadas pela crise internacional por causa de dificuldades de financiamento.
"Esse resultado já era esperado. Em outros momentos de instabilidade, a decisão de suspender investimentos acontecia depois de três ou quatro meses depois da piora nas expectativas. Mas, dada a magnitude dessa crise, a mudança na expectativa já reduz investimentos. ", diz o ex-secretário de Política Econômica e consultor do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), Júlio Gomes de Almeida.
Para o economista, o quadro ainda pode se reverter caso os bancos voltem a emprestar. Nesse cenário, as medidas tomadas pelo governo funcionarão para evitar uma deterioração ainda maior. "Mas se o crédito não voltar, vamos ver uma recessão no primeiro trimestre do ano que vem", diz Almeida.
Monteiro, da CNI, considera mais provável um cenário em que investimentos serão reprogramados e não no cancelamento dos projetos industriais.


Texto Anterior: Dificuldade em negociar preço gera falta de produtos nas lojas
Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.