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Confiança de empresários despenca
Índice da CNI atinge pior nível desde 2005, com grandes empresas registrando as maiores quedas
Setores de álcool, couros, borracha, calçados, papel e celulose e madeira já estão pessimistas; consultor do Iedi teme recessão em 2009
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A crise fez a confiança dos industriais brasileiros cair ao pior
nível desde julho de 2005 no
terceiro trimestre do ano e já
indica pessimismo em relação
ao desempenho da economia
nos próximos seis meses.
O indicador geral divulgado
ontem pela CNI (Confederação
Nacional da Indústria) ficou
em 52,5 pontos, uma queda de
5,6 pontos em relação à pesquisa de julho e de 7,9 pontos na
comparação com outubro do
ano passado, quando a economia dos Estados Unidos já dava
sinais de enfraquecimento.
"Apesar da queda, o índice de
confiança ainda está relativamente elevado. É claro que o
período de forte expansão que
vivíamos vai se alterar. Certamente teremos uma desaceleração, mas nada que resulte
num quadro recessivo agudo",
disse o presidente da CNI, Armando Monteiro Neto, que
também considera necessária
uma redução nas taxas de juros.
Grande parte da piora na
confiança da indústria se deve a
uma deterioração das expectativas de médio prazo. Quando
indagado sobre as condições
atuais da economia, os empresários não mudaram de opinião. A variação desse item foi
de apenas 0,1 ponto percentual.
Mas a percepção sobre as
condições nos próximos seis
meses caiu de 55,4 para 46,7
pontos. Segundo a metodologia
da CNI, valores abaixo de 50
pontos indicam pessimismo.
O número de setores que mudou do otimismo ao pessimismo também aumentou. Em julho eram só dois. Agora, produtores de álcool, couros, borracha, calçados, papel e celulose e
madeira registraram índices
abaixo de 50 pontos. No caso de
calçados, a queda na confiança
foi de 54,7 pontos a 47 pontos.
A confiança entre os executivos das grandes empresas foi a
que mais caiu. Em julho, o índice da CNI atingiu 59,9 pontos.
Na pesquisa de outubro, caiu
para 51,5 pontos, beirando o
pessimismo. Foi a primeira vez
desde que a pesquisa começou,
em 1999, que as maiores avaliaram o cenário econômico pior
que as pequenas empresas.
A explicação está no perfil
das grandes companhias: 80%
delas, segundo a CNI, são exportadoras e vêm sendo mais
diretamente afetadas pela crise
internacional por causa de dificuldades de financiamento.
"Esse resultado já era esperado. Em outros momentos de
instabilidade, a decisão de suspender investimentos acontecia depois de três ou quatro meses depois da piora nas expectativas. Mas, dada a magnitude
dessa crise, a mudança na expectativa já reduz investimentos. ", diz o ex-secretário de Política Econômica e consultor do
Iedi (Instituto de Estudos para
o Desenvolvimento Industrial), Júlio Gomes de Almeida.
Para o economista, o quadro
ainda pode se reverter caso os
bancos voltem a emprestar.
Nesse cenário, as medidas tomadas pelo governo funcionarão para evitar uma deterioração ainda maior. "Mas se o crédito não voltar, vamos ver uma
recessão no primeiro trimestre
do ano que vem", diz Almeida.
Monteiro, da CNI, considera
mais provável um cenário em
que investimentos serão reprogramados e não no cancelamento dos projetos industriais.
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