São Paulo, quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Brinquedos e têxteis terão mais ajuda fiscal na China

Restituição tarifária na exportação sobe para 14%

RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM

A China anunciou ontem um pacote de medidas contra a desaceleração econômica, como o aumento da restituição tarifária para exportadores de brinquedos e têxteis, investimentos pesados em infra-estrutura e aumento dos preços dos grãos.
O país quer aumentar o poder aquisitivo dos agricultores -55% da população- para que a demanda interna compense a queda nas exportações.
O pacote chega um dia depois da divulgação do crescimento de 9% do PIB chinês no último trimestre em comparação com o ano passado. É o pior número desde 2003.
A restituição do equivalente chinês ao ICMS a produtos de exportação subiu para 14% (era 13%). Em 2007, o governo tinha reduzido a restituição para 11%, o que diminuiu o lucro dos exportadores. A reversão da tendência de reduzir o benefício fiscal, com a oferta de maior restituição, mostra a preocupação do governo com um setor que perdeu competitividade nos últimos anos, com aumento de salários, dos preços de matérias-primas e a valorização da moeda chinesa, o yuan.

Protestos e demissões
Até a semana passada, o discurso oficial era o "tudo sob controle". A China seria pouco afetada pela crise global e o fechamento de fábricas de produtos baratos seria bem-vindo, pois são poluidores, pagam salários baixos e agregam pouco valor.
Mas a perspectiva de que talvez 2,5 milhões de funcionários das linhas de montagem percam seus empregos até janeiro, como prevê a Federação de Indústrias de Hong Kong, mudou a atitude governamental.
Protestos envolvendo milhares de funcionários demitidos em fábricas de brinquedos cercaram a sede do governo da Província de Guangdong, em Guangzhou.
"Se não tomarmos medidas apropriadas, as exportações podem cair mais ainda e os exportadores poderão enfrentar mais dificuldades, o que terá um impacto maior na economia chinesa", diz nota do Ministério das Finanças.
O setor exportador representa 12% do PIB chinês. Apenas em 2008, cerca de 10 mil fábricas fecharam por conta dos problemas domésticos e da queda na demanda dos principais mercados chineses, a União Européia e os Estados Unidos.


Texto Anterior: Vaivém das commodities
Próximo Texto: No Brasil, setor quer medidas de proteção
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.