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Investimento pré-IOF pode ser taxado
Ajustes de contratos futuros de investidores estrangeiros na BM&F feitos antes da taxação podem ter de pagar os 2%
Mantega afirma que novas medidas "complementares" na área cambial podem ser adotadas dependendo da reação do mercado ao IOF
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A decisão do governo de cobrar 2% de IOF do capital externo que entra no país para investir em ações ou títulos irá
atingir também alguns investidores que já estavam no país
antes da medida.
É o caso de empresas e pessoas físicas que compraram
contratos na BM&F (Bolsa de
Mercadorias & Futuros) e que
podem precisar aumentar a
margem de garantia depositada
e não têm dinheiro no país.
Apesar de o chamado ajuste
de margem ser prática comum
e obrigatória na BM&F e de o
contrato ter sido fechado antes
do IOF, se o aplicador precisar
recorrer a recursos lá fora para
cumprir as exigências legais,
ele também será tributado.
Normalmente, essas garantias são títulos públicos que os
investidores adquirem no mercado e entregam para a Bolsa.
Para fazer isso, precisam ter
reais no país. Parte desses aplicadores tem recursos no Brasil.
O problema é que, com a indefinição do mercado internacional e a proximidade da disputa
eleitoral, a expectativa é que
haja maior oscilação no preço
dos ativos negociados, como
dólar futuro, taxa de juros e índices de ações.
Dependendo do grau de volatilidade, mesmo quem já tem
algum dinheiro internalizado
poderá precisar de socorro adicional da matriz ou de depósitos extra que estão no exterior.
Esse foi um dos motivos de a
reação à medida anunciada pelo governo na terça-feira ter sido tão negativa. A participação
dos estrangeiros no mercado
futuro do país vem crescendo,
chegando a 20,3% do total dos
contratos fechados em setembro. Em janeiro de 2004, eles
representavam apenas 7,7%.
Novas medidas
O ministro Guido Mantega
(Fazenda) afirmou ontem que
outras medidas para conter a
queda do dólar poderão ser
adotadas. "Agora, temos que
esperar a repercussão [do IOF].
Podemos pensar em medidas
complementares. Agora que a
medida já é conhecida, podemos discutir", disse.
Para o ministro Miguel Jorge
(Desenvolvimento), a cobrança
de IOF não resolverá os problemas do exportador. "Não vejo
que essa taxação possa ter muito efeito para melhorar a condição do exportador", disse.
O BC comprou quase US$ 6
bilhões no mercado de câmbio
nas primeiras semanas do mês,
o que levou as reservas em dólar do país ao patamar recorde
de US$ 232 bilhões.
Colaboraram EDUARDO CUCOLO
e HUMBERTO MEDINA , da Sucursal de Brasília
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