|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Em decisão unânime, Copom mantém juros
Selic segue em 8,75% ao ano; reunião pode ser a última com a atual diretoria, após críticas e filiação de Meirelles
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Naquela que pode ter sido a
última reunião da atual diretoria do Banco Central, o Copom
(Comitê de Política Monetária
do BC) decidiu, por unanimidade, manter inalterada a taxa básica de juros (Selic) em 8,75%
ao ano.
O resultado já era esperado
pela maioria absoluta dos economistas e foi confirmado após
uma reunião de menos de duas
horas. Até mesmo o comunicado divulgado para justificar a
decisão foi o mesmo utilizado
na reunião anterior do Copom,
em setembro, o que indica que
os juros devem permanecer
inalterados, pelo menos, até o
fim do ano.
De acordo com o BC, o nível
atual da taxa Selic "é consistente com um cenário inflacionário benigno" e contribui para
assegurar a manutenção da inflação na trajetória de metas e
para a recuperação não inflacionária da economia.
A última vez em que os juros
subiram foi em setembro de
2008, antes da quebra do banco
Lehman Brothers. A piora na
crise que se seguiu levou o BC a
reduzir a Selic em cinco pontos
percentuais entre janeiro e julho, de 13,75% ao ano para o patamar atual. Desde então, não
houve mudanças na taxa, que
está no menor nível desde a
criação do Copom, em 1996.
A decisão unânime não reflete, no entanto, as conversas sobre a possível saída de alguns
diretores, que podem deixar a
instituição ainda neste ano, antes da reunião do Copom de dezembro. Além da filiação do
presidente do BC, Henrique
Meirelles, ao PMDB, a instituição enfrenta críticas de outras
áreas do governo, devido à possibilidade de aumento dos juros em 2010, ano eleitoral.
A expectativa do mercado é
que os juros voltem a subir apenas em julho de 2010. De acordo com a pesquisa semanal Focus, realizada pelo BC com cerca de cem analistas, a taxa Selic
chegaria a 10,50% ao ano no final do governo Lula.
A previsão representa a média das opiniões do mercado financeiro. Há quem preveja, no
entanto, um aumento ainda no
primeiro semestre do ano. Outros acham que o BC pode adotar medidas alternativas à alta
de juros e adiar o aperto monetário para 2011.
Ainda há, por exemplo, um
estoque de R$ 100 bilhões que
foram injetados na economia
com a liberação dos depósitos
compulsórios -parcela do dinheiro dos clientes que os bancos são obrigados a manter depositada no BC.
No fim de 2008, o governo
reduziu o compulsório para pôr
dinheiro na economia. Agora,
pode aumentar o recolhimento
para tirar dinheiro de circulação sem mexer nos juros.
As previsões de aumento dos
juros no próximo ano se devem
à recuperação da economia
brasileira, que está mais forte
do que o estimado pelo mercado financeiro.
Texto Anterior: Vinicius Torres Freire: Até governo se queixa do novo IOF Próximo Texto: Para analistas, foco de debate agora é o "spread", não a Selic Índice
|