São Paulo, quinta-feira, 22 de outubro de 2009

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Em decisão unânime, Copom mantém juros

Selic segue em 8,75% ao ano; reunião pode ser a última com a atual diretoria, após críticas e filiação de Meirelles

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Naquela que pode ter sido a última reunião da atual diretoria do Banco Central, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) decidiu, por unanimidade, manter inalterada a taxa básica de juros (Selic) em 8,75% ao ano.
O resultado já era esperado pela maioria absoluta dos economistas e foi confirmado após uma reunião de menos de duas horas. Até mesmo o comunicado divulgado para justificar a decisão foi o mesmo utilizado na reunião anterior do Copom, em setembro, o que indica que os juros devem permanecer inalterados, pelo menos, até o fim do ano.
De acordo com o BC, o nível atual da taxa Selic "é consistente com um cenário inflacionário benigno" e contribui para assegurar a manutenção da inflação na trajetória de metas e para a recuperação não inflacionária da economia.
A última vez em que os juros subiram foi em setembro de 2008, antes da quebra do banco Lehman Brothers. A piora na crise que se seguiu levou o BC a reduzir a Selic em cinco pontos percentuais entre janeiro e julho, de 13,75% ao ano para o patamar atual. Desde então, não houve mudanças na taxa, que está no menor nível desde a criação do Copom, em 1996.
A decisão unânime não reflete, no entanto, as conversas sobre a possível saída de alguns diretores, que podem deixar a instituição ainda neste ano, antes da reunião do Copom de dezembro. Além da filiação do presidente do BC, Henrique Meirelles, ao PMDB, a instituição enfrenta críticas de outras áreas do governo, devido à possibilidade de aumento dos juros em 2010, ano eleitoral.
A expectativa do mercado é que os juros voltem a subir apenas em julho de 2010. De acordo com a pesquisa semanal Focus, realizada pelo BC com cerca de cem analistas, a taxa Selic chegaria a 10,50% ao ano no final do governo Lula.
A previsão representa a média das opiniões do mercado financeiro. Há quem preveja, no entanto, um aumento ainda no primeiro semestre do ano. Outros acham que o BC pode adotar medidas alternativas à alta de juros e adiar o aperto monetário para 2011.
Ainda há, por exemplo, um estoque de R$ 100 bilhões que foram injetados na economia com a liberação dos depósitos compulsórios -parcela do dinheiro dos clientes que os bancos são obrigados a manter depositada no BC.
No fim de 2008, o governo reduziu o compulsório para pôr dinheiro na economia. Agora, pode aumentar o recolhimento para tirar dinheiro de circulação sem mexer nos juros.
As previsões de aumento dos juros no próximo ano se devem à recuperação da economia brasileira, que está mais forte do que o estimado pelo mercado financeiro.


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