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ENTENDA
Apesar de positivo, código não deve provocar impacto
DA REPORTAGEM LOCAL
A adoção do código de conduta para reestruturação de dívidas foi comemorada pelo governo brasileiro. É, sem dúvida,
uma medida positiva, mas não
deve mudar muito a forma
caótica com que países e credores lidam com calote de dívidas
soberanas, já que tempos de calote são geralmente aqueles em
que os governos não estão exatamente propensos a respeitar
códigos voluntários.
Mudanças na atual estrutura
financeira internacional têm sido discutidas há muito tempo.
Após a crise asiática, em 1997,
surgiu -ou foram ressuscitadas- uma série de propostas
mais ambiciosas que o código
de conduta anunciado ontem.
O projeto mais ambicioso é o
da vice-diretora-gerente do
FMI (Fundo Monetário Internacional), Anne Krueger. Ela
propôs um mecanismo que
permitisse que o FMI suspendesse todos os pagamentos da
dívida de um país. Durante a
suspensão, o país estaria protegido de ações legais dos credores. O fôlego serviria para discutir o processo de reestruturação e instalar um processo ou
tribunal para intermediar as
negociações.
Há quem recomende uma limitação nos pacotes do FMI, já
que, caso os países soubessem
que não poderiam contar com
grandes pacotes, tenderiam a
ser mais cautelosos. Outra proposta prevê a inclusão de cláusulas de dívida que seriam usadas para que os países pudessem suspender por tempo determinado, por exemplo, o pagamento de juros.
O Brasil se opunha à maioria
das propostas. O argumento
principal é que elas aumentam
o custo do financiamento. Daí
a comemoração, que ocorre
mais pela falta de mudança do
que pela adoção do código.
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