São Paulo, quarta-feira, 22 de novembro de 2006

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SALDO BANCÁRIO

Acordo Unibanco-Nacional depende de acerto com o BC

SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Para que o acordo entre as famílias controladoras do Nacional (Magalhães Pinto) e do Unibanco (Moreira Salles) seja bem-sucedido e ponha um ponto final na liquidação do antigo banco Nacional, será preciso que o Banco Central assuma que parte do empréstimo feito pelo governo na época da intervenção para a instituição já foi quitada.
Pelo acerto assinado no final de julho, as famílias criarão uma sociedade que será capitalizada com cerca de R$ 160 milhões do Unibanco. Além disso, os Moreira Salles assumirão uma dívida de R$ 16 milhões dos Magalhães Pinto com os advogados que cuidaram do caso até agora, já que a família está com seus bens bloqueados.
Em contrapartida, os controladores do Nacional entregarão à nova empresa os cerca de 55% em ações que detêm da massa falida do banco. Hoje, isso vale zero porque o banco está em liquidação extrajudicial.

Dinheiro suficiente
No entanto, com o encerramento desse processo, depois que pagar a sua maior dívida -o empréstimo feito pelo BC no âmbito do Proer (o programa de socorro a bancos em dificuldade de caixa)-, o Nacional ainda poderia ficar com parte do crédito do FCVS (fundo criado para cobrir saldos remanescentes de financiamentos habitacionais antigos) e os créditos tributários.
Isso, nos cálculos dos dois envolvidos no processo, renderia dinheiro suficiente para quitar os cerca de R$ 3 bilhões em dívidas que sobrariam para ser administrados no processo de liquidação ordinária.

Garantias liberadas
O problema é que essa equação só fecha se o BC admitir que os R$ 5 bilhões que foram pagos pelo liquidante do Nacional nos últimos anos quitaram parte do empréstimo do Proer.
Nesse caso, a autoridade monetária teria que liberar para a massa falida as garantias equivalentes a esses pagamentos, ou seja, parte do crédito junto ao FCVS. E o governo não quer nem ouvir falar nisso.
Por isso, a nova proposta de encerramento da liquidação, que as duas famílias preparam para apresentar ao BC, deverá demorar alguns meses. Até lá, espera-se uma decisão da Justiça a respeito.


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