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Senador arquiva projeto que permitia a estrangeiro controlar TV a cabo no país
JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O senador Ney Suassuna
(PMDB-PB) pediu ontem o arquivamento do projeto, de sua
autoria, que permitia a grupos
estrangeiros controlar TVs a
cabo no Brasil. A legislação
atual determina que a participação de investidores internacionais seja restrita a 49%.
A decisão de Suassuna foi
tornada pública logo após o ministro das Comunicações, Hélio Costa, ter falado mal do texto. "É preciso ter cautela. Não
dá para escancarar 100%", disse o ministro, em Brasília. Costa e Suassuna são companheiros de partido.
Questionado se a decisão de
retirar o projeto de pauta decorreu das críticas do ministro
das Comunicações, o senador
paraibano negou. "Não falei
com o governo", disse ele.
O arquivamento da proposta
de Suassuna frusta, pelo menos
temporariamente, a ambição
de dois grandes grupos de comandar esse tipo de operação
no Brasil: o mexicano Telmex e
o espanhol Telefónica.
A Telmex é sócia da Globopar
(braço das Organizações Globo) na Net, maior operadora de
TV a cabo brasileira.
Já a Telefónica é dona da
TVA, vice-líder do setor, em
parceria com o grupo Abril.
Caso a proposta de Suassuna
tivesse seguido em frente e sido
aprovada, a Telmex poderia oficializar sua posição de controladora da Net, uma vez que o
contrato entre a Telmex e a
Globopar prevê compromisso
de venda das ações dos brasileiros ao mexicano. O valor dos
papéis foi até predeterminado
no documento e não aumentaria com a mudança.
A situação da Telefónica
também melhoraria, embora a
aprovação do projeto de Suassuna não significasse que os espanhóis poderiam controlar a
TVA. A Telefónica entrou no
Brasil por meio da privatização
das teles, em 1998. Segundo as
regras, empresas de telefonia
adquiridas naquele leilão não
podem controlar TVs a cabo
(com exceção da Embratel,
também da Telmex, que operava telefonia de longa distância).
Ou seja, para comandar oficialmente a TVA, seria preciso
alterações também na Lei Geral de Telecomunicações.
Especialistas em teles ouvidos pela Folha apontaram os
grupos Globo e Abril como os
principais beneficiários com as
mudanças vetadas ontem por
terem ativos que poderiam
vender a estrangeiros.
Segundo a Folha apurou
junto a fontes do Congresso,
Suassuna tinha apresentado
sua proposta depois de conversas com a ABTA (Associação
Brasileira de TVs por Assinatura). Teria voltado atrás ao receber pouco apoio da entidade.
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