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Bovespa acumula perda de 7,25% no mês
Queda de 2,81% ontem leva Bolsa paulista a seu mais baixo patamar desde 4 de outubro; dólar sobe 1% e vai a R$ 1,77
Incertezas quanto à economia americana e petróleo em alta compõem cenário externo negativo, e mercados caem pelo mundo
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
As incertezas quanto à profundidade da crise financeira
dos EUA e o barril de petróleo
chegando perto de US$ 100 voltaram a derrubar as principais
Bolsas do mundo. Nos EUA, o
índice Dow Jones fechou em
seu nível mais baixo desde
abril, enquanto o S&P 500, índice mais amplo da Bolsa de
Nova York, ficou no vermelho
no acumulado do ano (-0,11%).
No Brasil, a Bovespa acumula
queda de 6,2% nesta semana
depois da desvalorização de
2,81% no pregão de ontem. Em
novembro, a Bovespa acumula
perda de 7,25%. Já no ano, os
ganhos se mantêm em patamar
elevado, de 36,22%.
O dólar também tem sido
pressionado. Ontem a moeda
americana se apreciou em
1,08%, para terminar negociada a R$ 1,779. No mês, o dólar
registra alta de 2,42%.
O petróleo alto, uma forte diminuição no lucro do maior
grupo bancário japonês e nova
queda na confiança do consumidor americano foram os
principais fatores a desanimar
os investidores. Para piorar o
cenário, o secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson,
disse que pode haver um agravamento da crise hipotecária
americana em 2008.
A queda de ontem levou a Bovespa a seu mais baixo nível
desde 4 de outubro, ao fechar
aos 60.581 pontos. A pontuação
da Bolsa oscila com a valorização ou a queda das ações.
O risco-país brasileiro subiu
5,9% e foi a 234 pontos.
Na Ásia, as Bolsas de Hong
Kong e Tóquio perderam 4,15%
e 2,46%, respectivamente. As
Bolsas européias tiveram recuos importantes: queda de
2,5% em Londres, de 2,28% em
Paris e de 1,47% em Frankfurt.
A Bolsa do México caiu 2,1%, e a
da Turquia, 1,80%.
Em Nova York, as quedas ficaram em 1,62% no índice Dow
Jones e em 1,33% na Nasdaq.
Roberto Padovani, economista-chefe do banco WestLB,
diz que houve uma piora na
percepção de risco, principalmente em relação ao setor bancário internacional. Nas últimas semanas, grandes instituições financeiras dos EUA e da
Europa apresentaram bilionárias previsões de perdas decorrentes da contaminação da crise do setor de crédito habitacional de alto risco americano
(chamado de "subprime").
"Sentimos um aumento da
aversão ao risco nos últimos
dias, com os temores em relação aos impactos da crise do
"subprime" na atividade econômica. Mas, apesar dessas últimas baixas, os fundamentos
para a Bolsa brasileira seguem
positivos. Há fatores que favorecem a Bovespa, como o país
poder alcançar o "grau de investimento" ainda no primeiro semestre de 2008", afirmou Padovani. O "grau de investimento" é concedido por agências de
avaliação de risco dos EUA e
serve como um atestado de
bom pagador, elevando a atratividade do país como destino de
investimentos.
A divulgação anteontem de
previsão do Fed (banco central
dos EUA) reduzindo a projeção
de crescimento da maior economia do mundo em 2008 também afetou os mercados.
A maior aversão ao risco pôde ser notada ontem pelo aumento da procura por títulos
do Tesouro dos EUA, considerados refúgios seguros em momentos de crise. Essa maior demanda levou a taxa de retorno
desses papéis para baixo dos
4%, o que não ocorria havia
dois anos.
O dia ruim levou o dólar a bater em R$ 1,80 durante o pregão. No ano, a moeda americana registra recuo de 16,75%.
Para Mário Battistel, diretor
de câmbio da Fair Corretora, o
cenário externo ruim tem forçado a cotação da moeda americana para cima, mas o movimento tem sido pontual. "Salvo
se houver algo excepcional, o
dólar tende a encerrar o ano em
torno dos R$ 1,75", diz.
As ações mais negociadas caíram ontem na Bovespa. O papel
PN da Petrobras teve baixa de
1,87%, e o PNA da Vale do Rio
Doce se desvalorizou em
3,09%. A maior queda do dia ficou com Cosan ON (-13,9%).
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