São Paulo, quinta-feira, 22 de novembro de 2007

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Bovespa acumula perda de 7,25% no mês

Queda de 2,81% ontem leva Bolsa paulista a seu mais baixo patamar desde 4 de outubro; dólar sobe 1% e vai a R$ 1,77

Incertezas quanto à economia americana e petróleo em alta compõem cenário externo negativo, e mercados caem pelo mundo

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

As incertezas quanto à profundidade da crise financeira dos EUA e o barril de petróleo chegando perto de US$ 100 voltaram a derrubar as principais Bolsas do mundo. Nos EUA, o índice Dow Jones fechou em seu nível mais baixo desde abril, enquanto o S&P 500, índice mais amplo da Bolsa de Nova York, ficou no vermelho no acumulado do ano (-0,11%).
No Brasil, a Bovespa acumula queda de 6,2% nesta semana depois da desvalorização de 2,81% no pregão de ontem. Em novembro, a Bovespa acumula perda de 7,25%. Já no ano, os ganhos se mantêm em patamar elevado, de 36,22%.
O dólar também tem sido pressionado. Ontem a moeda americana se apreciou em 1,08%, para terminar negociada a R$ 1,779. No mês, o dólar registra alta de 2,42%.
O petróleo alto, uma forte diminuição no lucro do maior grupo bancário japonês e nova queda na confiança do consumidor americano foram os principais fatores a desanimar os investidores. Para piorar o cenário, o secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson, disse que pode haver um agravamento da crise hipotecária americana em 2008.
A queda de ontem levou a Bovespa a seu mais baixo nível desde 4 de outubro, ao fechar aos 60.581 pontos. A pontuação da Bolsa oscila com a valorização ou a queda das ações.
O risco-país brasileiro subiu 5,9% e foi a 234 pontos.
Na Ásia, as Bolsas de Hong Kong e Tóquio perderam 4,15% e 2,46%, respectivamente. As Bolsas européias tiveram recuos importantes: queda de 2,5% em Londres, de 2,28% em Paris e de 1,47% em Frankfurt. A Bolsa do México caiu 2,1%, e a da Turquia, 1,80%.
Em Nova York, as quedas ficaram em 1,62% no índice Dow Jones e em 1,33% na Nasdaq.
Roberto Padovani, economista-chefe do banco WestLB, diz que houve uma piora na percepção de risco, principalmente em relação ao setor bancário internacional. Nas últimas semanas, grandes instituições financeiras dos EUA e da Europa apresentaram bilionárias previsões de perdas decorrentes da contaminação da crise do setor de crédito habitacional de alto risco americano (chamado de "subprime").
"Sentimos um aumento da aversão ao risco nos últimos dias, com os temores em relação aos impactos da crise do "subprime" na atividade econômica. Mas, apesar dessas últimas baixas, os fundamentos para a Bolsa brasileira seguem positivos. Há fatores que favorecem a Bovespa, como o país poder alcançar o "grau de investimento" ainda no primeiro semestre de 2008", afirmou Padovani. O "grau de investimento" é concedido por agências de avaliação de risco dos EUA e serve como um atestado de bom pagador, elevando a atratividade do país como destino de investimentos.
A divulgação anteontem de previsão do Fed (banco central dos EUA) reduzindo a projeção de crescimento da maior economia do mundo em 2008 também afetou os mercados.
A maior aversão ao risco pôde ser notada ontem pelo aumento da procura por títulos do Tesouro dos EUA, considerados refúgios seguros em momentos de crise. Essa maior demanda levou a taxa de retorno desses papéis para baixo dos 4%, o que não ocorria havia dois anos.
O dia ruim levou o dólar a bater em R$ 1,80 durante o pregão. No ano, a moeda americana registra recuo de 16,75%.
Para Mário Battistel, diretor de câmbio da Fair Corretora, o cenário externo ruim tem forçado a cotação da moeda americana para cima, mas o movimento tem sido pontual. "Salvo se houver algo excepcional, o dólar tende a encerrar o ano em torno dos R$ 1,75", diz.
As ações mais negociadas caíram ontem na Bovespa. O papel PN da Petrobras teve baixa de 1,87%, e o PNA da Vale do Rio Doce se desvalorizou em 3,09%. A maior queda do dia ficou com Cosan ON (-13,9%).


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