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"Correção" na Bolsa pode garantir expansão em 2008
Para analistas, desvalorização levará preço das ações a patamares mais razoáveis
No mês, a Bovespa já perde 7,25%, mas no ano mantém valorização de 36,22%, enquanto a Bolsa de Nova York teve alta de 2,7%
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
A recente turbulência nos
mercados internacionais, que
faz de novembro um mês de
perdas na Bolsa, poderá ter como efeito colateral positivo garantir a continuidade da expansão no preço das ações em
2008, de acordo com analistas.
No mês, a Bovespa já perde
7,25%.
Isso porque o excesso de liquidez internacional levou o
preço dos papéis de países
emergentes, como o Brasil, a
patamares altos demais em relação à capacidade de as empresas negociadas gerarem lucro
para seus acionistas, conforme
advertiu duas vezes neste ano o
presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles.
No ano, a Bovespa mantém
valorização de 36,22%, enquanto a Bolsa de Nova York
teve alta de apenas 2,7% no índice Dow Jones e a Bolsa de
Londres já perde 2,41%.
Para Alfredo Coutiño, economista-sênior da agência de risco Moody's, a "correção" atual
no preço das ações brasileiras
não é só saudável como desejável para garantir a boa performance do mercado e da economia brasileira em 2008, ano em
que o país poderá obter o chamado "grau de investimento"
-chancela de bom pagador da
dívida. Em tese, o selo abriria as
portas do Brasil para investidores mais conservadores, como
fundos de pensão americanos.
"A "correção" é sempre necessária para evitar crashes maiores. A turbulência hoje tem
mais a ver com os receios provocados pela fraqueza da economia americana, que, de certa
forma, reacende a aversão ao
risco e afeta os emergentes."
Segundo Coutiño, a Bovespa
passa por um ajuste que ajuda a
colocar em patamares "mais razoáveis" o preço das ações. "A
"correção" dos mercados trouxe
os preços a um patamar mais
consistente, o que é necessário
para mercados e economia terem uma melhor performance.
A exuberância precisa ser corrigida, e é o que está acontecendo no momento", disse.
"É natural que haja essas paradas na Bolsa. O melhor do cenário externo já ficou para trás.
Estamos em meio a um período
de forte volatilidade, com altas
e baixas mais pesadas", afirma
Alexandre Maia, economista da
Gap Asset Management.
Para Jason Vieira, a correção
atual ainda não foi suficiente
para garantir uma expansão
saudável do mercado em 2008.
Ele afirma que os períodos de
"correção" vividos em julho e
agosto foram depois zerados
por um otimismo que acredita
ser injustificável.
"O mercado perdeu os parâmetros. Não se sabe o tamanho
das perdas com o "subprime"
[títulos de segunda linha no setor imobiliário]. A Bolsa tem
uma "correção" e depois volta
para o mesmo patamar. Então,
a "correção" nunca acontece de
fato. E isso é preocupante porque só adia o problema. Achava-se que passaria após os balanços dos bancos no terceiro
trimestre, o que não aconteceu.
Agora, todos querem ver os resultados do último trimestre.
Se os balanços não vierem
ruins até fevereiro, a crise terá
sido superdimensionada."
Para o pequeno investidor,
Vieira afirma que o momento é
mais arriscado do que nunca
para entrar na Bolsa. "O momento é perigoso até para profissional, mas ainda dá para ganhar dinheiro na Bolsa. Quem
operar focado em um preço-alvo para determinadas ações pode ganhar dinheiro. Mas tem de
manter o sangue frio quando o
mercado cair."
Coutiño diz que os mercados
mais afetados na crise foram
aqueles com maior desequilíbrio. "Felizmente, o Brasil é
uma economia com forte capacidade de recuperação, o que
desqualifica o país como um
dos mercados mais afetados."
Colaborou FABRICIO VIEIRA, da Reportagem Local
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