São Paulo, quinta-feira, 22 de novembro de 2007

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"Correção" na Bolsa pode garantir expansão em 2008

Para analistas, desvalorização levará preço das ações a patamares mais razoáveis

No mês, a Bovespa já perde 7,25%, mas no ano mantém valorização de 36,22%, enquanto a Bolsa de Nova York teve alta de 2,7%

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

A recente turbulência nos mercados internacionais, que faz de novembro um mês de perdas na Bolsa, poderá ter como efeito colateral positivo garantir a continuidade da expansão no preço das ações em 2008, de acordo com analistas.
No mês, a Bovespa já perde 7,25%.
Isso porque o excesso de liquidez internacional levou o preço dos papéis de países emergentes, como o Brasil, a patamares altos demais em relação à capacidade de as empresas negociadas gerarem lucro para seus acionistas, conforme advertiu duas vezes neste ano o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
No ano, a Bovespa mantém valorização de 36,22%, enquanto a Bolsa de Nova York teve alta de apenas 2,7% no índice Dow Jones e a Bolsa de Londres já perde 2,41%.
Para Alfredo Coutiño, economista-sênior da agência de risco Moody's, a "correção" atual no preço das ações brasileiras não é só saudável como desejável para garantir a boa performance do mercado e da economia brasileira em 2008, ano em que o país poderá obter o chamado "grau de investimento" -chancela de bom pagador da dívida. Em tese, o selo abriria as portas do Brasil para investidores mais conservadores, como fundos de pensão americanos.
"A "correção" é sempre necessária para evitar crashes maiores. A turbulência hoje tem mais a ver com os receios provocados pela fraqueza da economia americana, que, de certa forma, reacende a aversão ao risco e afeta os emergentes."
Segundo Coutiño, a Bovespa passa por um ajuste que ajuda a colocar em patamares "mais razoáveis" o preço das ações. "A "correção" dos mercados trouxe os preços a um patamar mais consistente, o que é necessário para mercados e economia terem uma melhor performance.
A exuberância precisa ser corrigida, e é o que está acontecendo no momento", disse. "É natural que haja essas paradas na Bolsa. O melhor do cenário externo já ficou para trás.
Estamos em meio a um período de forte volatilidade, com altas e baixas mais pesadas", afirma Alexandre Maia, economista da Gap Asset Management.
Para Jason Vieira, a correção atual ainda não foi suficiente para garantir uma expansão saudável do mercado em 2008.
Ele afirma que os períodos de "correção" vividos em julho e agosto foram depois zerados por um otimismo que acredita ser injustificável.
"O mercado perdeu os parâmetros. Não se sabe o tamanho das perdas com o "subprime" [títulos de segunda linha no setor imobiliário]. A Bolsa tem uma "correção" e depois volta para o mesmo patamar. Então, a "correção" nunca acontece de fato. E isso é preocupante porque só adia o problema. Achava-se que passaria após os balanços dos bancos no terceiro trimestre, o que não aconteceu.
Agora, todos querem ver os resultados do último trimestre. Se os balanços não vierem ruins até fevereiro, a crise terá sido superdimensionada."
Para o pequeno investidor, Vieira afirma que o momento é mais arriscado do que nunca para entrar na Bolsa. "O momento é perigoso até para profissional, mas ainda dá para ganhar dinheiro na Bolsa. Quem operar focado em um preço-alvo para determinadas ações pode ganhar dinheiro. Mas tem de manter o sangue frio quando o mercado cair."
Coutiño diz que os mercados mais afetados na crise foram aqueles com maior desequilíbrio. "Felizmente, o Brasil é uma economia com forte capacidade de recuperação, o que desqualifica o país como um dos mercados mais afetados."


Colaborou FABRICIO VIEIRA, da Reportagem Local


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