São Paulo, quinta-feira, 22 de novembro de 2007

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Tesouro segura emissões, e dívida cai

Dívida do governo federal vai a R$ 1,3 trilhão em outubro, recuo de 0,67%, puxado por queda de 6% na dívida externa

Governo reduz emissões, e a turbulência financeira global faz mercado externo cobrar juros maiores para títulos públicos

JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A dívida do governo federal somou R$ 1,307 trilhão em outubro, 0,67% menor que no mês anterior. O elevado volume de vencimentos da dívida foi o responsável pela redução de R$ 8,8 bilhões do endividamento total no mês passado.
O Tesouro Nacional resgatou R$ 61 bilhões e emitiu R$ 45 bilhões. A queda só não foi maior porque o governo somou R$ 7,3 bilhões de juros à dívida principal.
A dívida interna ficou em R$ 1,19 trilhão, apenas 0,15% menor que no mês anterior. A maior queda foi registrada na dívida externa, de 6,06%, para R$ 108 bilhões. Desde 19 de junho o governo não vende títulos públicos no exterior. Faz parte da estratégia de não pagar juros altos demais durante uma crise financeira internacional.
A projeção do Tesouro é de que a dívida volte a crescer nos dois últimos meses do ano. Por isso, a meta prevista no PAF (Programa Anual de Financiamento), de R$ 1,370 trilhão, deve ser atingida. O governo programa emitir mais títulos do que resgatar entre novembro e dezembro. Os resgates de títulos nos dois últimos meses do ano devem ficar em R$ 33,4 bilhões. O Tesouro não revela o quanto pretende emitir.
O coordenador-adjunto de Operações da Dívida Pública do Tesouro, Fernando Garrido, avaliou que a crise financeira internacional já não afeta tanto o mercado de títulos públicos do Brasil, como ocorreu no auge da turbulência, em agosto.
Segundo ele, o governo não teve problemas para vender títulos públicos no mercado financeiro no mês passado. Foi apenas uma opção do Tesouro de não emitir em outubro o mesmo volume dos vencimentos. "A emissão de R$ 45 bilhões já é um valor considerável", afirmou.

Estratégia arriscada
O economista-sênior da Unibanco Asset Management, José Luciano Costa, pondera que os juros cobrados pelo mercado financeiro por títulos públicos ainda estão mais altos que aqueles pagos pelo Tesouro antes da crise financeira global começar.
Por isso, avalia o economista, o governo opta por não rolar toda a dívida, ou seja, não emitir papéis no mesmo valor dos vencimentos.
"Enquanto o Tesouro tiver reserva de caixa, pode evitar fazer rolagens e esperar os juros cobrados pelo mercado ficarem mais baixos. Faz parte da estratégia de gerenciamento de custos."
O gerente de Política Monetária do Itaú, Joel Bodanski, lembra que essa estratégia é arriscada no longo prazo. "Um país com déficit nominal de 2% precisa emitir títulos mesmo quando não há vencimentos no mês. É importante manter as emissões líquidas e não os resgates líquidos, como em outubro".
Os títulos prefixados respondem por 35,2% da dívida interna. Os títulos remunerados pela taxa básica de juros (Selic) são 38,6%, e os indexados à variação dos índices de preços são 26% do total. Esta composição já considera a troca de títulos remunerados pelo câmbio pelos indexados à Selic, em poder do Banco Central.


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