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Tesouro segura emissões, e dívida cai
Dívida do governo federal vai a R$ 1,3 trilhão em outubro, recuo de 0,67%, puxado por queda de 6% na dívida externa
Governo reduz emissões,
e a turbulência financeira global faz mercado externo cobrar juros maiores
para títulos públicos
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A dívida do governo federal
somou R$ 1,307 trilhão em outubro, 0,67% menor que no
mês anterior. O elevado volume de vencimentos da dívida
foi o responsável pela redução
de R$ 8,8 bilhões do endividamento total no mês passado.
O Tesouro Nacional resgatou
R$ 61 bilhões e emitiu R$ 45 bilhões. A queda só não foi maior
porque o governo somou R$ 7,3
bilhões de juros à dívida principal.
A dívida interna ficou em R$
1,19 trilhão, apenas 0,15% menor que no mês anterior. A
maior queda foi registrada na
dívida externa, de 6,06%, para
R$ 108 bilhões. Desde 19 de junho o governo não vende títulos públicos no exterior. Faz
parte da estratégia de não pagar
juros altos demais durante uma
crise financeira internacional.
A projeção do Tesouro é de
que a dívida volte a crescer nos
dois últimos meses do ano. Por
isso, a meta prevista no PAF
(Programa Anual de Financiamento), de R$ 1,370 trilhão, deve ser atingida. O governo programa emitir mais títulos do
que resgatar entre novembro e
dezembro. Os resgates de títulos nos dois últimos meses do
ano devem ficar em R$ 33,4 bilhões. O Tesouro não revela o
quanto pretende emitir.
O coordenador-adjunto de
Operações da Dívida Pública do
Tesouro, Fernando Garrido,
avaliou que a crise financeira
internacional já não afeta tanto
o mercado de títulos públicos
do Brasil, como ocorreu no auge da turbulência, em agosto.
Segundo ele, o governo não
teve problemas para vender títulos públicos no mercado financeiro no mês passado. Foi
apenas uma opção do Tesouro
de não emitir em outubro o
mesmo volume dos vencimentos. "A emissão de R$ 45 bilhões já é um valor considerável", afirmou.
Estratégia arriscada
O economista-sênior da Unibanco Asset Management, José
Luciano Costa, pondera que os
juros cobrados pelo mercado financeiro por títulos públicos
ainda estão mais altos que
aqueles pagos pelo Tesouro antes da crise financeira global
começar.
Por isso, avalia o economista,
o governo opta por não rolar toda a dívida, ou seja, não emitir
papéis no mesmo valor dos
vencimentos.
"Enquanto o Tesouro tiver
reserva de caixa, pode evitar fazer rolagens e esperar os juros
cobrados pelo mercado ficarem
mais baixos. Faz parte da estratégia de gerenciamento de custos."
O gerente de Política Monetária do Itaú, Joel Bodanski,
lembra que essa estratégia é arriscada no longo prazo. "Um
país com déficit nominal de 2%
precisa emitir títulos mesmo
quando não há vencimentos no
mês. É importante manter as
emissões líquidas e não os resgates líquidos, como em outubro".
Os títulos prefixados respondem por 35,2% da dívida interna. Os títulos remunerados pela taxa básica de juros (Selic)
são 38,6%, e os indexados à variação dos índices de preços são
26% do total. Esta composição
já considera a troca de títulos
remunerados pelo câmbio pelos indexados à Selic, em poder
do Banco Central.
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