São Paulo, quinta-feira, 22 de novembro de 2007

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BC eleva compra de dólares em novembro

Até a última sexta-feira, autoridade monetária havia adquirido US$ 4 bi, ante US$ 3,6 bilhões em todo o mês passado

No ano, fluxo de dólares para o país atinge US$ 79,9 bi, o dobro do mesmo período de 2006; Mantega nega medidas para conter queda da moeda

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Aproveitando a maior entrada de capital externo no país, o Banco Central acelerou a compra de dólares no mercado neste mês. Até a última sexta-feira, as aquisições do BC já somavam cerca de US$ 4 bilhões, mais que os US$ 3,6 bilhões das operações feitas ao longo de todo o mês de outubro.
A ação do BC, porém, não impediu que o real continuasse a se valorizar ante o dólar. Apesar das críticas ao governo que esse movimento gera -principalmente por parte de exportadores, prejudicados pelo câmbio forte-, o ministro Guido Mantega (Fazenda) negou que medidas para reverter a situação estejam sendo analisadas.
"Não estou preparando nenhum pacote de câmbio. O câmbio está se comportando até que razoavelmente bem, tem flutuado. Não há pressão de valorização do real", afirmou ontem o ministro, que há dez dias havia admitido intervenção no câmbio.
"As políticas cambial e monetária têm de ser acompanhadas a todo momento. O governo pode resolver que agora não tem o que fazer e amanhã resolver que tem de fazer alguma coisa. É um monitoramento permanente, mas eu não tenho nada preparado que vá ser feito no momento", disse, no dia 12.
A atuação mais forte do BC tem sido possível devido ao ingresso de divisas que tem sido registrado neste ano. Neste mês, também até a última sexta, US$ 3,148 bilhões haviam entrado no Brasil, resultado que foi puxado pelo saldo positivo da balança comercial. Neste ano, o fluxo de dólares para o Brasil está acumulado em US$ 79,924 bilhões, o dobro do mesmo período de 2006.
Já o volume de divisas adquirido pelo BC já chegou a US$ 74 bilhões, o que fez as reservas internacionais atingirem US$ 175 bilhões. No início do ano, o saldo estava em US$ 86 bilhões.
Mantega disse que a medida a ser tomada pelo governo na área cambial é dar continuidade às compras de dólares do BC, com o objetivo de reforçar as reservas. Em tese, a maior procura por dólares pelo banco ajuda a pressionar a cotação da moeda. O dólar fechou ontem cotado a R$ 1,779. No mês, a moeda acumula alta de 2,42%.
Para o ministro, as incertezas do cenário externo ajudam a frear a queda do dólar. "O câmbio está estabilizado em razão das expectativas adversas do mercado internacional e da economia americana."
Em relação ao cenário doméstico, Mantega também citou o aumento das importações e das remessas de lucros para o exterior como outros dois fatores a conter a valorização do real. Os números divulgados ontem pelo BC mostram, porém, que o aumento ocorrido nesses dois itens tem sido compensado pelas exportações.
Neste ano, os importadores enviaram US$ 91,505 bilhões para fora do país para pagar seus fornecedores -alta de 22% em relação a 2006. No mesmo período, o volume de recursos trazidos ao Brasil pelos exportadores cresceu 32% e chegou a US$ 162,104 bilhões.
Ou seja, computadas todas as operações de comércio exterior fechadas no Brasil neste ano, o resultado é positivo em US$ 70,600 bilhões, enquanto em igual período de 2006 esse saldo era de US$ 47,437 bilhões.


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