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GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
RS perderá R$ 1 bi com reforma tributária
A governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, calcula
que o Estado perderá R$ 1 bilhão em arrecadação por ano
com as mudanças propostas
pela reforma tributária, aprovada pela comissão especial da
Câmara nesta semana. Yeda
disse que está disposta a "lutar
até o fim" para tentar barrar o
projeto de lei. Ela afirmou estar
em contato constante com os
governos de SP e MG, também
insatisfeitos com a proposta.
"Essa mudança traz uma perda para o RS de R$ 1 bilhão na
arrecadação. Esse valor foi o
que eu economizei neste ano
para zerar o déficit público."
A governadora anunciou
neste mês que conseguirá zerar
o déficit público do Estado neste ano. O RS está há 37 anos
com as contas no vermelho, e a
previsão inicial do governo era
zerar o déficit no ano que vem.
No início da gestão de Yeda, o
déficit era de R$ 2,4 bilhões.
Segundo Yeda, a fórmula para acertar as contas incluiu um
corte de 30% nos gastos de custeio de cada secretaria e o controle da folha de pagamento.
A governadora também implementou a substituição tributária em vários setores. O
novo sistema, que recolhe o
ICMS total do produto na indústria ou no atacado, garantiu
um aumento nominal de 23,5%
na arrecadação entre janeiro e
outubro, para R$ 12,7 bilhões.
Segundo ela, o sistema permite
um controle fiscal mais rígido,
dificultando a sonegação.
Apesar de ter conseguido colocar as contas em dia, Yeda reconhece que o custo para o Estado foi alto. Na sua gestão, não
quis pegar empréstimos e precisou atrasar pagamentos de
servidores. Ela também não pagou precatórios judiciais neste
ano. "Eu optei por não pagar juro. O RS gasta R$ 300 milhões
com juros por ano."
O governo também não abriu
mão neste ano do ICMS dos
empresários gaúchos antigamente beneficiados pelo Simples Estadual. Com a aprovação
do Simples Nacional em 2007 e
a revogação das leis estaduais
equivalentes, alguns tiveram
aumento de impostos. E apenas em setembro Yeda sancionou uma lei para corrigir a diferença, com isenção de impostos
a empresas que faturam até
R$ 240 mil no ano em 2009.
Para ela, no entanto, o maior
sacrifício para acertar as contas
públicas foi o corte de investimentos. Com investimento zero em 2007 e de apenas R$ 400
milhões em 2008, ela reconhece que o Estado enfrenta problemas, como uma infra-estrutura rodoviária deficiente e falta de viaturas para a polícia. "O
RS está um ano atrasado."
Na proposta orçamentária de
2009, ela prevê investimentos
de R$ 1,25 bilhão. Se a crise derrubar a arrecadação, no entanto, admite que pode sacrificar
novamente os investimentos.
A reeleição em 2010, por enquanto, não está nos seus planos. "Se eu pensasse em reeleição não teria feito o que fiz. Isso
gerou muita impopularidade."
Frases
"Essa mudança [reforma tributária] traz uma perda
para o Rio Grande
do Sul de R$ 1 bilhão
na arrecadação. Esse
valor foi o que eu
economizei neste
ano para zerar o déficit público"
"O Rio Grande do Sul
está um ano atrasado"
YEDA CRUSIUS
governadora do Rio Grande do Sul
FACA:
ARCELORMITTAL CANCELA TRAINEE E PARALISA 35% DE PRODUÇÃO NO ES
A ArcelorMittal Brasil suspendeu seu programa de trainee
para 2009 por causa da crise. A siderúrgica tem feito ajustes
de produção para se adequar à queda na demanda. No começo deste mês, ela paralisou 35% da unidade de Serra (ES). A
parada estava prevista para 2011 para fazer a revisão de um
alto-forno. Com a crise, o projeto foi antecipado e parte dos
funcionários foi remanejada para a revisão do equipamento.
LATINO-AMERICANA
As principais obras latino-americanas ficaram sem vendas
no leilão da Christie's, em Nova York, nesta semana. A composição abstrata "Tres Figuras", do uruguaio Joaquín Torres García, considerada uma das maiores atrações, ficou sem
negócio porque os compradores não chegaram a oferecer os
US$ 2 milhões desejados pelos proprietários, segundo a
agência de notícias Efe. Uma obra com mensagem pacifista
do chileno Roberto Matta, avaliada entre US$ 1 milhão e
US$ 1,5 milhão, teve propostas só até US$ 700 mil. A obra da
britânica radicada no México Leonora Carrington, cujas propostas giraram em torno de US$ 80 mil, estava avaliada em
até US$ 900 mil.
DE PLÁSTICO
A capacidade ociosa da indústria de plásticos reciclados ainda é grande, segundo
Francisco Esmeraldo, presidente da Plastivida (Instituto Socioambiental dos Plásticos). A entidade vai divulgar, na segunda, pesquisa sobre reciclagem de plásticos
no Brasil. As 780 empresas
abordadas pela pesquisa faturaram juntas quase R$ 2
bilhões em 2007, com taxa
de crescimento anual de
12,1% nos últimos cinco
anos. Mas a capacidade ociosa ainda é grande. A falta de
ações por parte dos municípios é uma das principais razões da ociosidade, segundo
Esmeraldo. "Dos 5.564 municípios brasileiros, só 7%
têm coleta seletiva."
AÉREO
A Método iniciou nova
etapa das obras do Centro de
Manutenção de Aeronaves
da Gol, no Aeroporto Internacional Tancredo Neves,
em Confins, Minas Gerais.
FUNDO
A Caixa Econômica Federal lançou nesta semana um
fundo de investimentos para
a Mútua (Caixa de Assistência dos Profissionais dos
Conselhos Regionais de Engenharia, Arquitetura e
Agronomia). O FIC Mútua,
como será chamado, oferecerá aos conselhos regionais
independência na movimentação de seus investimentos, como resgate e aplicação, por meio de contas
correntes na Caixa, segundo
Alessandro Cruzoline, gerente nacional de ativos de
terceiros da Caixa. As condições são diferentes das de
um fundo de varejo: a taxa
de administração será cobrada progressivamente, segundo o patrimônio líquido
do FIC Mútua. Ou seja,
quanto maior o patrimônio,
menor a taxa de administração. Há também a cobrança
de taxa no momento do resgate, o que, para Cruzoline,
diminuirá o custo ao cotista
e permitirá incidência de taxa de administração menor.
MIGRAÇÃO
A OgilvyInteractive, divisão de internet da OgilvyOne, abre um escritório no
centro tecnológico do Porto
Digital de Recife.
SEMINÁRIO
O Ibmec São Paulo promove terça palestra "Análise
da Crise Financeira" com
Claudio Haddad, diretor-presidente da escola, e Marcos Lisboa, diretor do Itaú-Unibanco. Eles analisarão
como a crise mundial influencia a economia brasileira e quais são as ações necessárias para minimizar os
impactos causados. Esse
evento encerra o ciclo de palestras 2008 do Ibmec.
CONVERSA
Luciano Coutinho
(BNDES), Jackson Schneider (Anfavea), Marcelo
Kfoury (Citibank), Carlos
Arruda, professor da Fundação Dom Cabral, e outros se
reunirão na terça-feira, no
seminário "O Brasil e a Crise
Internacional: Prioridades
para a Ação", promovido pela Amcham (Câmara Americana de Comércio).
PECHINCHA
Na crise, a rede de lanchonetes Bob's vai lançar, na
próxima semana, um sanduíche por R$ 2,49. O produto faz parte do programa
de acessibilidade da empresa "Ofertas de Bandeja".
com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI
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