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Lula cobra do
BB e da Caixa corte de juros
LEANDRA PERES
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Preocupado em estimular
competição com bancos privados e reduzir o custo de
empréstimos na hora da crise, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva fez uma dura
cobrança aos bancos oficiais
pelo aumento nos "spreads"
dos financiamentos oferecidos pelo BB (Banco do Brasil) e pela CEF (Caixa Econômica Federal).
Segundo a Folha apurou,
Lula pediu ao Ministério da
Fazenda um estudo sobre o
assunto. A idéia do governo
é, mais uma vez, tentar manter a oferta de crédito, essencial para que o crescimento
de 2009 chegue a 4%.
"Spread" é o termo técnico
que se refere à diferença entre a taxa de juros que os
bancos pagam para captar
recursos e aquela que cobram dos clientes. Esse percentual inclui, além do lucro
do banco, os impostos, a inadimplência esperada e os
custos operacionais.
Na reunião que teve com a
equipe econômica e os presidentes dos bancos federais
na terça-feira, o presidente
quis saber a razão de as instituições oficiais também elevaram seus "spreads" num
momento em que o governo
quer usar o poder de mercado dos bancos públicos para
reduzir os impactos da crise
financeira sobre o país.
A resposta dada a Lula pelos presidentes do BB, Antônio Francisco de Lima Neto,
e da Caixa, Maria Fernanda
Ramos Coelho, segundo relatos de participantes da
reunião à Folha, foi a seguinte: a crise financeira aumentou o risco das operações de empréstimo e esse
efeito foi incorporado à taxa
de juros por todas as instituições financeiras.
A discussão sobre a elevação dos "spreads" bancários
foi levada para a reunião pelo ministro Guido Mantega
(Fazenda).
Segundo dados oficiais, em
dezembro do ano passado a
diferença entre a taxa de
captação e de empréstimos
para pessoas físicas era de
31,9 pontos percentuais, e
para pessoas jurídicas, de
11,9 pontos percentuais.
Os dados mais recentes do
BC, relativos a setembro,
mostram que esse custo subiu para 38,6 pontos percentuais no caso das pessoas físicas e para 14,7 pontos percentuais nos financiamentos
destinados a empresas.
Parte desse aumento é explicado por medidas tomadas pelo próprio governo.
O IOF (Imposto sobre
Operações Financeiras), por
exemplo, subiu de 1,5% para
3,38% no início do ano para
que o governo pudesse compensar parte da perda de receitas com a CPMF, extinta
pelo Congresso.
Neste ano, o BC também
elevou a taxa básica de juros
de 11,25% ao ano para
13,75% ao ano.
Apesar disso, o governo
avalia que nem todo o aumento no "spread" é explicado por esses movimentos.
Por isso, o presidente Lula
determinou que a Fazenda
faça mais estudos para entender o que acontece no
mercado de crédito.
Essa não é a primeira vez
que o governo tenta agir para
reduzir os "spreads" bancários. Em julho de 2006, o
presidente também se reuniu com os titulares dos bancos oficiais, e uma das decisões da reunião foi a de que o
governo usaria as instituições federais para forçar um
movimento de redução de
"spread" no setor privado.
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