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Ação da Nossa Caixa dispara 23%
Preço atingiu R$ 63 na Bolsa, mas ainda está abaixo dos R$ 70 que o Estado receberá pela venda do banco
Papéis do BB, por sua vez, recuaram 14% no pregão, porque mercado considerou alto o valor acertado para a compra do banco estadual
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
A oferta do Banco do Brasil
pelo controle da Nossa Caixa
surpreendeu o mercado, que
procurou ontem elevar o valor
das ações do banco paulista para um patamar mais próximo
dos R$ 70,63, preço para cada
papel que o governo do Estado
deverá receber.
Como os acionistas minoritários terão direito a 100% do
prêmio dado ao controlador, o
resultado foi uma disparada de
22,81% no preço das ações da
Nossa Caixa, que atingiram R$
63 ontem, primeiro dia de negócios após o anúncio da venda
por R$ 5,4 bilhões. Na quarta,
as ações fecharam em R$ 51,30.
"Foi um Papai Noel adiantado para quem tinha ações da
Nossa Caixa e já ganhou quase
200% só neste ano", disse Aloísio Lemos, analista da corretora Ágora.
No ano, as ações da Nossa
Caixa já subiram 177,36%, sendo 99% somente neste mês.
Segundo analistas de bancos,
o valor foi considerado "salgado" para o Banco do Brasil. As
ações do BB tiveram queda de
14,34% ontem com a perspectiva de desembolso alto a partir
de março, quando o negócio terá sido aprovado. No mercado,
a expectativa era que o BB pagasse cerca de R$ 60 pelas
ações da Nossa Caixa.
Kelly Trentin, analista da
corretora SLW, tem uma visão
crítica do negócio para o BB e
afirma que ainda há dúvidas sobre a data da oferta pública aos
minoritários, prevista para
acontecer a partir de abril.
Após a oferta aos minoritários,
o capital da Nossa Caixa deverá
ser fechado na Bolsa.
"O preço saiu um pouco salgado para o Banco do Brasil.
Não dá para ter o preço [máximo das ações hoje] enquanto
não se sabe quando será a oferta. Entrando com o pedido, o
trâmite é de mais ou menos 120
dias. Para ser bem otimista,
considero o mínimo de quatro
meses para a oferta aos minoritários", disse Trentin.
Desconto
Com base na expectativa de
que a oferta se realize em abril,
os analistas deram ontem um
desconto equivalente ao CDI
no período, para trazer a valor
presente o preço de R$ 70,63
que será pago pelas ações.
No caso, o valor máximo que
o mercado pagaria hoje pelos
papéis seria de R$ 67,90.
Apesar do preço alto, os analistas viram também uma
"oportunidade única" para o
BB crescer em São Paulo. Também contou a favor do BB o benefício fiscal de R$ 1,8 bilhão
com a operação e importantes
ganhos de sinergia.
"Foi um negócio importante
para o Banco do Brasil. Há um
prêmio de controle que é um
pouco imponderável. Em relação ao que se cogitava no mercado, veio um pouco acima do
que se falava", disse Lemos.
O analista lembra o que chama de "case" histórico: o preço
que o Santander pagou pelo Banespa em 2000. O Santander
fez lance de R$ 7,05 bilhões pelo Banespa, enquanto o Unibanco, segundo colocado, deu
R$ 2,1 bilhões. "Na época foi até
motivo de chacota, mas depois
todo mundo achou que foi um
negócio acertado. O que define
se o preço foi adequado ou não
é o retorno que terá depois. O
preço foi calculado por vários
consultores", afirmou.
Os negócios com ações da
Nossa Caixa giraram ontem R$
206 milhões -só perderam em
volume para Vale e Petrobras.
O primeiro negócio saiu quase
20 minutos depois da abertura,
já com alta de 20%. O atraso se
deu devido a leilão das ações.
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