São Paulo, sábado, 22 de novembro de 2008

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Ação da Nossa Caixa dispara 23%

Preço atingiu R$ 63 na Bolsa, mas ainda está abaixo dos R$ 70 que o Estado receberá pela venda do banco

Papéis do BB, por sua vez, recuaram 14% no pregão, porque mercado considerou alto o valor acertado para a compra do banco estadual

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

A oferta do Banco do Brasil pelo controle da Nossa Caixa surpreendeu o mercado, que procurou ontem elevar o valor das ações do banco paulista para um patamar mais próximo dos R$ 70,63, preço para cada papel que o governo do Estado deverá receber.
Como os acionistas minoritários terão direito a 100% do prêmio dado ao controlador, o resultado foi uma disparada de 22,81% no preço das ações da Nossa Caixa, que atingiram R$ 63 ontem, primeiro dia de negócios após o anúncio da venda por R$ 5,4 bilhões. Na quarta, as ações fecharam em R$ 51,30.
"Foi um Papai Noel adiantado para quem tinha ações da Nossa Caixa e já ganhou quase 200% só neste ano", disse Aloísio Lemos, analista da corretora Ágora.
No ano, as ações da Nossa Caixa já subiram 177,36%, sendo 99% somente neste mês.
Segundo analistas de bancos, o valor foi considerado "salgado" para o Banco do Brasil. As ações do BB tiveram queda de 14,34% ontem com a perspectiva de desembolso alto a partir de março, quando o negócio terá sido aprovado. No mercado, a expectativa era que o BB pagasse cerca de R$ 60 pelas ações da Nossa Caixa.
Kelly Trentin, analista da corretora SLW, tem uma visão crítica do negócio para o BB e afirma que ainda há dúvidas sobre a data da oferta pública aos minoritários, prevista para acontecer a partir de abril. Após a oferta aos minoritários, o capital da Nossa Caixa deverá ser fechado na Bolsa.
"O preço saiu um pouco salgado para o Banco do Brasil. Não dá para ter o preço [máximo das ações hoje] enquanto não se sabe quando será a oferta. Entrando com o pedido, o trâmite é de mais ou menos 120 dias. Para ser bem otimista, considero o mínimo de quatro meses para a oferta aos minoritários", disse Trentin.

Desconto
Com base na expectativa de que a oferta se realize em abril, os analistas deram ontem um desconto equivalente ao CDI no período, para trazer a valor presente o preço de R$ 70,63 que será pago pelas ações.
No caso, o valor máximo que o mercado pagaria hoje pelos papéis seria de R$ 67,90.
Apesar do preço alto, os analistas viram também uma "oportunidade única" para o BB crescer em São Paulo. Também contou a favor do BB o benefício fiscal de R$ 1,8 bilhão com a operação e importantes ganhos de sinergia.
"Foi um negócio importante para o Banco do Brasil. Há um prêmio de controle que é um pouco imponderável. Em relação ao que se cogitava no mercado, veio um pouco acima do que se falava", disse Lemos.
O analista lembra o que chama de "case" histórico: o preço que o Santander pagou pelo Banespa em 2000. O Santander fez lance de R$ 7,05 bilhões pelo Banespa, enquanto o Unibanco, segundo colocado, deu R$ 2,1 bilhões. "Na época foi até motivo de chacota, mas depois todo mundo achou que foi um negócio acertado. O que define se o preço foi adequado ou não é o retorno que terá depois. O preço foi calculado por vários consultores", afirmou.
Os negócios com ações da Nossa Caixa giraram ontem R$ 206 milhões -só perderam em volume para Vale e Petrobras. O primeiro negócio saiu quase 20 minutos depois da abertura, já com alta de 20%. O atraso se deu devido a leilão das ações.


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