São Paulo, quinta-feira, 22 de dezembro de 2005

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RECEITA ORTODOXA

Taxa média cai de 48,2% ao ano para 47,1%; na contramão, custo do cheque especial sobe e atinge 149,2%

Com atraso, bancos iniciam corte de juro

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os juros cobrados pelos bancos caíram pela primeira vez em quatro meses, segundo pesquisa do Banco Central. Entre outubro e novembro, a taxa média praticada pelas instituições financeiras caiu de 48,2% ao ano para 47,1%.
Os números indicam que, com algum atraso, os bancos começam a repassar a seus clientes os cortes na taxa Selic promovidos pelo BC desde setembro. De lá para cá, os juros básicos da economia passaram de 19,75% ao ano para os atuais 18%.
O custo dos empréstimos bancários diminuiu tanto para as pessoas físicas quanto para as empresas. No primeiro caso, os juros recuaram de 61,7% ao ano para 60,4%, nível mais baixo desde que o BC começou a calcular essa estatística, em julho de 1994.
No caso das empresas, a taxa caiu de 33,4% ao ano para 32,4%. Na contramão dessa tendência de queda, ficaram os juros do cheque especial, que, entre outubro e novembro, subiram de 148,6% ao ano para 149,2%.
Ao divulgar os números da pesquisa, o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, disse que o aumento nos juros do cheque especial é um "movimento atípico", que reflete, segundo ele, as elevadas taxas praticadas por um único banco, o que acaba distorcendo um pouco a média apurada para todo o sistema financeiro.
Lopes afirmou que a expectativa para o ano que vem é que os juros continuem em queda, o que deve colaborar para uma maior oferta de financiamentos no país. "Deveremos ter um crescimento mais forte do crédito, com a queda nas taxas de juros e o comportamento do nível de atividade."
Em novembro, o total de empréstimos disponibilizados pelos bancos a seus clientes -pessoas físicas e jurídicas- chegou a R$ 589,758 bilhões, o equivalente a 30,5% do PIB (Produto Interno Bruto) acumulado nos últimos 12 meses. No final de 2004, essa proporção estava em 27,0%.
Entre outubro e novembro, o total de empréstimos concedidos pelos bancos cresceu 2,4% -ou R$ 13,8 bilhões. Esse aumento foi influenciado pela proximidade das festas de fim de ano, época em que a economia costuma estar mais aquecida.
Para Lopes, porém, o movimento maior ainda deve ocorrer em dezembro. "Aparentemente, as compras ficaram um pouco mais para o finalzinho do ano. Não houve muita antecipação por parte das famílias", disse.
A expansão do crédito é um fator que pode estimular o crescimento econômico, pois serve para incentivar o consumo da população e os investimentos das empresas. Na comparação com outros países, o peso dos financiamentos na economia brasileira ainda é pequeno.
"Não é ainda um patamar que se iguale a economias similares à nossa, mas está crescendo", afirmou Lopes. Em outros países emergentes, o volume de crédito chega a equivaler a 70% do PIB.


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