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RECEITA ORTODOXA
Taxa média cai de 48,2% ao ano para 47,1%; na contramão, custo do cheque especial sobe e atinge 149,2%
Com atraso, bancos iniciam corte de juro
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os juros cobrados pelos bancos
caíram pela primeira vez em quatro meses, segundo pesquisa do
Banco Central. Entre outubro e
novembro, a taxa média praticada pelas instituições financeiras
caiu de 48,2% ao ano para 47,1%.
Os números indicam que, com
algum atraso, os bancos começam a repassar a seus clientes os
cortes na taxa Selic promovidos
pelo BC desde setembro. De lá para cá, os juros básicos da economia passaram de 19,75% ao ano
para os atuais 18%.
O custo dos empréstimos bancários diminuiu tanto para as pessoas físicas quanto para as empresas. No primeiro caso, os juros recuaram de 61,7% ao ano para
60,4%, nível mais baixo desde que
o BC começou a calcular essa estatística, em julho de 1994.
No caso das empresas, a taxa
caiu de 33,4% ao ano para 32,4%.
Na contramão dessa tendência de
queda, ficaram os juros do cheque
especial, que, entre outubro e novembro, subiram de 148,6% ao
ano para 149,2%.
Ao divulgar os números da pesquisa, o chefe do Departamento
Econômico do BC, Altamir Lopes,
disse que o aumento nos juros do
cheque especial é um "movimento atípico", que reflete, segundo
ele, as elevadas taxas praticadas
por um único banco, o que acaba
distorcendo um pouco a média
apurada para todo o sistema financeiro.
Lopes afirmou que a expectativa
para o ano que vem é que os juros
continuem em queda, o que deve
colaborar para uma maior oferta
de financiamentos no país. "Deveremos ter um crescimento mais
forte do crédito, com a queda nas
taxas de juros e o comportamento
do nível de atividade."
Em novembro, o total de empréstimos disponibilizados pelos
bancos a seus clientes -pessoas
físicas e jurídicas- chegou a R$
589,758 bilhões, o equivalente a
30,5% do PIB (Produto Interno
Bruto) acumulado nos últimos 12
meses. No final de 2004, essa proporção estava em 27,0%.
Entre outubro e novembro, o
total de empréstimos concedidos
pelos bancos cresceu 2,4% -ou
R$ 13,8 bilhões. Esse aumento foi
influenciado pela proximidade
das festas de fim de ano, época em
que a economia costuma estar
mais aquecida.
Para Lopes, porém, o movimento maior ainda deve ocorrer em
dezembro. "Aparentemente, as
compras ficaram um pouco mais
para o finalzinho do ano. Não
houve muita antecipação por parte das famílias", disse.
A expansão do crédito é um fator que pode estimular o crescimento econômico, pois serve para incentivar o consumo da população e os investimentos das empresas. Na comparação com outros países, o peso dos financiamentos na economia brasileira
ainda é pequeno.
"Não é ainda um patamar que
se iguale a economias similares à
nossa, mas está crescendo", afirmou Lopes. Em outros países
emergentes, o volume de crédito
chega a equivaler a 70% do PIB.
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